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Luiz Cesta: A lição do pré-sal

08 nov 2019, 16:39 - atualizado em 08 nov 2019, 16:39
Se olharmos para a metade cheia do copo, podemos concluir que a Petrobras garantiu participação no maior campo do leilão, ao mesmo tempo em que restringiu ofertas a outros dois campos (Imagem: Pixabay)

Por Luiz Cesta, da Inversa

Olá, leitor Cesta & Fundos!

Na última quarta-feira, acompanhei com muita empolgação o evento mais importante da semana: o leilão do excedente de petróleo dos campos da cessão onerosa.

Não sabe do que estou falando? Sem entrar muito em detalhes, quatro campos de exploração petrolífera do pré-sal foram leiloados pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), o que poderia render mais de R$ 100 bilhões para os cofres públicos. Fiquei atento a dois movimentos para comentar aqui:

1 – Como a Petrobras se comportaria;
2 – Qual seria a participação do investidor gringo nas ofertas.

Em relação ao primeiro tópico, é preciso escolher se olhamos para o copo meio cheio ou meio vazio.

Se olharmos para a metade cheia do copo, podemos concluir que a Petrobras garantiu participação no maior campo do leilão, ao mesmo tempo em que restringiu ofertas a outros dois campos, mostrando disciplina de capital.

Do lado meio vazio, a participação no maior campo arrematado será de 90%, o que significa menor capacidade de desalavancagem no médio prazo.

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Já em relação ao segundo tópico, sobre a participação de estrangeiros no certame, a decepção foi total. Os gringos não vieram. Simples assim. Aquela enxurrada de dólares que amassou o câmbio no início da semana foi por água abaixo.

Cá entre nós, sugiro olhar para esse evento como um aprendizado. O mercado estava confiante demais no sucesso do leilão.

Petrobras
Por isso, sugiro que aproximadamente 5% do seu portfólio de fundos esteja em instrumentos que visem a proteger de eventos inesperados (Imagem: Reuters/Sergio Moraes)

No dia do leilão, as ações da Petrobras (PETR4) chegaram a subir 3,5%, mas zeraram a alta após o resultado da licitação do primeiro campo, onde a estatal entrou com a participação de 90% num consórcio com chineses.

Aquela parcela do seu portfólio, que sempre me perguntam se é mesmo necessária, em fundos cambiais e de proteção mostrou todo o seu valor, defendendo a carteira contra a alta repentina do dólar frente o real.

Isso não quer dizer que a tendência para o dólar mudou, pois esta vai depender do caminhar das reformas internas, além de decisões políticas e econômicas no âmbito internacional. Mas quero chamar a atenção que tais instrumentos funcionam nesses momentos.

É certo que se pode pagar um pedágio por carregar esses instrumentos em um momento de economia doméstica pujante. Mas o benefício desse carregamento é lembrado nos momentos em que o “não precificado” torna-se realidade.

Por isso, sugiro que aproximadamente 5% do seu portfólio de fundos esteja em instrumentos que visem a proteger de eventos inesperados. Anos atrás, quando a economia era colocada à prova a todo instante, sugeriria que esse valor fosse até maior, numa faixa entre 10% e 15%.

Se levada em consideração a desaceleração das economias desenvolvidas, além da potencial crise mundial, diria que já faz sentido pensar seriamente em aumentar essa posição para o intervalo acima (10-15%).

Posições em fundos de ouro, frente à recessão mundial, seriam os meus preferidos para funcionar como reserva de valor, muito mais indicado até do que uma posição em fundo cambial.

Diante dos fatos e dos últimos acontecimentos, sugiro que considere com carinho proteger ainda mais sua carteira pois o “não-precificado”, como nesse leilão da cessão onerosa, acontece repentinamente e não dá tempo para agir.

Espero que esse evento sirva de lição para que cada um monte seu portfólio de investimentos com disciplina e cuidado, de modo que desavisos não virem uma grande dor de cabeça.

Até mais!

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