Commodities

Mercado de petróleo dá sinais divergentes sobre estoque e demanda

28 set 2020, 14:22 - atualizado em 28 set 2020, 14:30
Opep
A Opep e aliados ainda deixam de produzir milhões de barris para não saturar o mercado global, mas há sinais de que alguns exportadores começam a hesitar em seu compromisso com o pacto (Imagem: Facebook/OPEC)

Os estoques de petróleo da China estão perto de nível recorde, apesar do retorno dos congestionamentos e do aumento da atividade industrial. Os estoques dos Estados Unidos continuam em queda, embora o volume de tráfego não pareça alto.

A Opep e aliados ainda deixam de produzir milhões de barris para não saturar o mercado global, mas há sinais de que alguns exportadores começam a hesitar em seu compromisso com o pacto.

O mercado de petróleo, que enfrentou volatilidade histórica no primeiro semestre, é uma desordem de contradições quando operadores avaliam as perspectivas para o resto de 2020.

Como os preços se mantêm em uma faixa estreita perto de US$ 40 o barril, algumas das maiores tradings de commodities, como Vitol, Trafigura e Mercuria Energy, têm visões divergentes sobre o que vem a seguir.

O fator mais importante será a própria Covid-19: os casos sobem novamente nos Estados Unidos e na Europa, dois centros de demanda vitais.

Embora a Ásia, em particular a China, mostre melhores números em termos de abordagem da doença, o impacto econômico será sentido por anos.

E a vacina? O Goldman Sachs diz que vale a pena apostar no aumento dos preços do combustível de aviação, porque uma vacina deve ser descoberta e as pessoas começarão a voar novamente. Se o combustível de aviação subir, então um dos maiores pontos fracos do atual mercado global de petróleo – o diesel – receberia um impulso repentino, o que aliviaria enorme pressão sobre as refinarias.

“O mercado está parado”, disse Giovanni Staunovo, analista de commodities do UBS. “Para que os preços se recuperem, a capacidade extra da Opep+ precisa cair e, para ver isso, a demanda precisa se recuperar ainda mais. Enquanto não ocorra um segundo lockdown global, o petróleo não pode cair muito abaixo de US$ 40”, porque isso desencorajaria o crescimento da produção de petróleo de países fora da aliança Opep+.

Como maior comprador mundial de petróleo, o que acontece na China é vital. As importações do país desaceleraram após uma onda de compras de cargas no início do ano.

Apesar da queda das importações, os estoques no país subiram para 72,7% da capacidade na semana encerrada em 24 de setembro, segundo a empresa de rastreamento por satélite Ursa. O número está pouco abaixo do recorde de 73%.

Os estoques aumentaram em 15 das últimas 19 semanas, tendo subido continuamente desde maio, segundo dados da empresa.

Embora possa não parecer um país com pressa para comprar cargas, também existem alguns números muito positivos de demanda do usuário final.

tráfego de congestionamento nas dez maiores cidades chinesas aumentou na semana passada para o maior nível desde o final de janeiro, fixando-se em 5% acima da média de 2019, de acordo com dados da empresa de navegação por satélite TomTom International. Mas a gasolina não é tão importante para o consumo geral de petróleo na China como é nos EUA.

A imagem no mercado americano é diferente. Os estoques de petróleo bruto caíram 46,3 milhões de barris desde o pico do ano em meados de junho.

Petróleo
Os estoques aumentaram em 15 das últimas 19 semanas, tendo subido continuamente desde maio, segundo dados da empresa (Imagem: REUTERS/Nick Oxford)

Embora seja uma queda muito mais rápida do que o normal para a época do ano, os estoques permanecem em recordes sazonais em um momento em que a demanda por petróleo despenca.