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Modo como mídias sociais funcionam hoje requer autorregulação e legislação, diz Barroso

22 jun 2022, 14:51 - atualizado em 22 jun 2022, 14:51
Luis Roberto Barroso
Para o ministro, as redes sociais deram espaço para posições mais extremistas e intolerantes (Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou nesta quarta-feira que as mídias sociais se tornaram canais de propagação de ódio, ataques e desrespeito, e que precisam de normas e autorregulação, sob pena de perderem receita caso passem a ser vistas como meios destrutivos da democracia.

Barroso fez uma defesa dos meios tradicionais de comunicação e de imprensa, e frisou que as redes sociais, por um lado, ajudaram a democratizar a informação e o conhecimento, mas, por outro, também amplificaram a voz de grupos radicais e que contestam “até aquilo que é fato”.

Para o ministro, as redes sociais deram espaço para posições mais extremistas e intolerantes.

“Sou um militante intenso pelo resgate de um civilidade na vida brasileira e na vida mundial, o que de certa forma as mídias sociais contribuíram para diminuir. Não naturalizar o ódio, o desrespeito ao outro, é um projeto que os de bem vão ter que investir. Estamos vivendo um déficit civilizatório, no Brasil especialmente”, disse ele em evento da Escola de Magistratura no Rio de Janeiro.

“O que vemos na mídias sociais é que a informação falsa, o ódio e o sensacionalismo trazem muito mais engajamento do que o discurso racional, respeitoso e civilizado. E como essas empresas se remuneram por quantidade de acesso, e como a publicidade migrou para mídias sociais, você acaba tendo o incentivo errado que é ampliar o negativo, o ódio, o sensacionalismo e a radicalização”, acrescentou.

Segundo o ministro, as mídias sociais podem ter perdas de receita e de imagem se esse ambiente negativo se perpetuar.

“Essa é a contradição que precisamos enfrentar com legislação e com autorregulação das plataformas, que têm perdas de imagem no futuro e comprometimento de suas potencialidades se forem vistas destrutivas da democracia e da vida civilizada. Portanto é preciso um arcabouço legislativo. Mas não sou fã de Estado interferindo na liberdade de expressão, portanto, gostaria que não houvesse um censura privada, mas critérios objetivos e livre iniciativa das plataformas”.

O ministro lembrou que os jornais impressos, nos momentos de apogeu, tinham uma tiragem diária de até 400 mil exemplares no Brasil, enquanto as novas mídias, como YouTube, Facebook e WhatsApp, têm bilhões de membros. Ele lembrou que essas plataformas não param de crescer, enquanto a mídia tradicional, que abastece as redes com conteúdo sem serem remuneradas, está cada vez mais enxuta.

“A gente não deve tentar minimizar as redes sociais ou tentar parar a história, mas é preciso recriar um espaço público comum. É preciso revalorizar a imprensa tradicional. A verdade na democracia é plural e não tem dono. A mentira deliberada a gente tem que enfrentar… se perdeu o respeito e a consideração pelo outro e pela visão diferenciada”, afirmou.

O ministro do STF citou exemplos de ataques sofridos nas redes sociais por votações mo STF.

“O sujeito para dizer que não que gosta do seu voto na questão indígena, por exemplo, ou na questão das uniões homoafetivas, ele não se contenta apenas em dizer que não concorda, tem que ser com algo moralmente desqualificador. Foi isso que se criou no Brasil. O outro, o diferente, não tem esse direito, é preciso desqualificá-lo moralmente para se impor. Mas isso não é força, é fraqueza de quem não tem argumentos para colocar na mesa”, afirmou.

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