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Na porta do Oscar, Holywood também se preocupa com economia de energia

09 fev 2020, 19:05 - atualizado em 07 fev 2020, 13:25
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Com as mudanças climáticas mais visíveis e prementes, estúdios de Hollywood tentam reverter algumas práticas poluentes. (Imagem: Unsplash/@natedefiesta)

Geradores a diesel. Durante a entrega do Globo de Ouro no mês passado, os dispositivos crepitantes e estridentes vagavam pela mente de Emellie O’Brien, o que deve acontecer novamente durante a cerimônia do Oscar no domingo.

O’Brien consulta estúdios de cinema sobre maneiras de reduzir a pegada de carbono, portanto, quando estrelas como Joaquin Phoenix e Cate Blanchett subirem ao palco e começarem a falar sobre o flagelo da mudança climática, ela sabe melhor do que muitos o que está acontecendo.

Com as mudanças climáticas mais visíveis e prementes, estúdios de Hollywood tentam reverter algumas práticas poluentes.

Alguns migram para a energia solar, enquanto outros se concentram em medidas de economia de energia, como reduzir o desperdício e usar lâmpadas LED no set. Mas há um longo caminho a percorrer antes que a indústria cinematográfica se alinhe às metas climáticas adotadas por estrelas e cientistas.

“Acho que muitas produções estão prestando atenção nisso e estão se esforçando”, diz O’Brien, dona da empresa Earth Angel. “Mas as pessoas simplesmente não estão falando o suficiente sobre o assunto. E isso realmente dificulta medir.”

Muitas das marcas de ineficiência não mudaram desde que O’Brien começou o trabalho de consultoria em 2013: pilhas de alimentos desperdiçados, cenários com alto consumo de energia, dependência de plástico descartável e viagens frequentes de avião. Em alguns aspectos, as práticas do setor pioraram.

O aumento do uso por cineastas de gráficos gerados por computador, por exemplo, encarece o orçamento de energia do projeto.

Douglas Rheinheimer, vice-presidente de serviços de estúdio da Paramount Pictures e a pessoa que compra energia para o lote do estúdio em Hollywood, avalia que a gestão das emissões faz parte de seu trabalho.

Uma das maiores oportunidades observadas por ele para reduzir emissões surgiu em 2011, quando as tarifas de energia convencional subiam cerca de 7% ao ano.

De acordo com registros da cidade de Los Angeles, o lote da Paramount consumia mais de 40 milhões de quilowatts-hora de eletricidade por ano, quase o mesmo que uma pequena cidade. Os custos crescentes ameaçavam esmagar o orçamento de Rheinheimer.

A energia solar não era uma opção, já que muitos dos edifícios do lote do estúdio datam antes da Segunda Guerra Mundial e podiam desmoronar sob o peso dos painéis. Muitas das peças icônicas do lote usadas em filmes como “O Poderoso Chefão” e “Sunset Boulevard” estão em registros históricos, o que limita as mudanças.

O estúdio acabou escolhendo um projeto de energia alternativa envolvendo pequenas turbinas movidas a gás natural, que reduziram as emissões em 35% ao ano, mas continuaram a depender de combustíveis fósseis.

Várias vezes por ano, Rheinheimer se reunia com representantes da Warner Bros., Disney, Sony Pictures e outros estúdios para compartilhar o que estava aprendendo. Às vezes, ainda se reúnem para discutir a redução do carbono, diz, mas “perdeu um pouco de força”.

Embora algumas mudanças possam ser feitas de forma acessível e permanente, muitas produções funcionam como um circo que se desloca entre cidades para incorporar cenários diferentes.

A única maneira confiável de alimentar as luzes e reboques é operando geradores movidos a diesel, o derivado refinado de petróleo mais poluente. O diesel emite quase 40% mais dióxido de carbono do que o gás natural quando queimado.

A maioria dos estúdios tenta rastrear o impacto desses geradores, juntamente com outras atividades de emissão. Os dados são compilados em um relatório de pegada de carbono para cada filme ou programa de TV, usando um formulário criado pelos membros do Green Production Guide, uma iniciativa patrocinada pela maioria dos principais estúdios.

Mas esses relatórios são mantidos em sigilo, dificultando o conhecimento do impacto ambiental de qualquer filme. A falta de transparência também torna difícil rastrear se as produções estão se tornando mais sustentáveis, em média. Apenas uma controladora de um grande estúdio, a Sony, recebeu classificação “A” do Carbon Disclosure Project, que avalia as divulgações de empresas sobre o impacto ambiental.

Mike Slavich, diretor de sustentabilidade da WarnerMedia, gostaria de mudar para geradores mais limpos, uma meta compartilhada por Rheinheimer, da Paramount. Mas, sem alternativas ou incentivos financeiros, tais como créditos tributários, o progresso é lento.

Até agora, o público não tem exigido que as produções reduzam sua pegada de carbono. De qualquer forma, o apetite por épicos visualmente deslumbrantes e com gráficos pesados enviou aos estúdios a mensagem oposta. “Isso é certamente um desafio”, diz Slavich.

Joaquin Phoenix – cujo discurso apaixonado na entrega do Globo de Ouro 2020 aos colegas famosos incluiu um apelo para a redução das viagens em jatos particulares – pediu à sua agência de talentos, WME, para eliminar a carne do cardápio da festa do Oscar por razões climáticas. A WME concordou em fazer a mudança, de acordo com uma porta-voz.

Um representante da WME disse que Phoenix não estava disponível para comentar as ações do ator para reduzir as emissões.

Quatro outros atores que fizeram discursos sobre os incêndios na Austrália e mudanças climáticas no Globo de Ouro, incluindo Blanchett e Patricia Arquette, também não estavam disponíveis para falar sobre as medidas que tomavam no set, segundo agentes de relações públicas, assim como os defensores do meio ambiente como Leonardo DiCaprio e Mark Ruffalo.

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