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Nas lojas que restam do Hiper Extra, clima é de despedida

13 jan 2022, 8:29 - atualizado em 13 jan 2022, 8:51
Segundo a companhia, 33 unidades serão transformadas em supermercados Pão de Açúcar, em Mercados Extra ou fechadas (Imagem: REUTERS/Michele Tantussi)

No Extra Hiper Gamelinha, como é conhecida uma unidade da varejista na zona leste de São Paulo, uma faixa na entrada avisa os clientes: “Esta loja continua aberta”. Um aviso mais tímido, porém, completa a informação: “Em breve, um novo Mercado Extra para você”. A unidade está entre os hipermercados que serão convertidos em novo formato pelo Grupo Pão de Açúcar (PCAR3), como parte da reestruturação que acabará com o modelo de grandes lojas dentro do grupo.

A gigante varejista decidiu vender 70 pontos ao Assaí (ASAI3), divisão atacadista transformada em empresa independente no ano passado. Sobraram 33 lojas da bandeira numa espécie de “limbo”. Segundo a companhia, essas unidades serão transformadas em supermercados Pão de Açúcar, em Mercados Extra ou fechadas.

Adaptação

Terminadas as queimas de estoque iniciadas em novembro, os antigos hipermercados preenchem como podem a área antes ocupada por eletrodomésticos, eletrônicos e bazar. Como os espaços estão meio esvaziados, a gerência recorre a avisos como o do Extra Gamelinha. Por lá, enquanto nas paredes permanece a sinalização sobre eletrodomésticos e eletrônicos, o que se vê é um enorme paredão de bebidas.

A solução é temporária, mas revela o maior desafio desse tipo de conversão: o tamanho das unidades. “As lojas estão no meio do caminho. Não têm tamanho para se tornarem um atacarejo e, muitas vezes, são grandes para um supermercado”, diz Eduardo Yamashita, diretor de operações da consultoria de varejo Gouvêa. “Aparentemente estão fazendo uma adaptação temporária antes da conversão de fato.”

A bandeira Extra é um marco dos hipermercados. O formato foi concebido numa época em que o mix de produtos era amplo, com muitas categorias, e as famílias tinham o hábito de fazer as chamadas “compras do mês”.

“A metragem dos salões de venda era compatível. Hoje, devido ao encolhimento de categorias, os espaços ficaram grandes”, afirma Eugênio Foganholo, sócio da consultoria em varejo Mixxer. “Uma das saídas é sublocar a loja para outros varejistas operarem, desde que não trabalhem com categorias similares ao Extra.”

‘Agradecimento’

Se as lojas passíveis de conversão informam em faixas que continuam abertas, outras já exibem faixas menos alegres. “Essa loja do Extra Hiper fechou. Obrigado por fazer parte da nossa história”, diz um banner na entrada do estabelecimento da Marginal Tietê. Bem perto, uma loja do Assaí pendurou na grade do estacionamento – antes compartilhado pelas duas marcas – faixas para informar que continua funcionando.

Questionado sobre o que deve acontecer com os funcionários dos pontos vendidos ao Assaí, o GPA respondeu que há um direcionamento de reaproveitamento interno nas demais unidades dos negócios envolvidos na transação. “(Isso) inclui a priorização da contratação dos funcionários do Extra Hiper nas novas unidades do Assaí”, diz. O grupo também está conduzindo um mapeamento dos colaboradores dessas unidades para entender o interesse individual e direcionar os esforços para uma transição “humanizada”.

Sobre o destino da loja da Marginal, o Assaí afirma que as negociações com o GPA ainda têm etapas a serem concluídas e que a transação será completada ao fim do primeiro trimestre de 2022. A lista de lojas envolvidas será divulgada ao mercado após essa etapa.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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