Eleições 2022

Nem Bolsonaro nem Lula: Mercado já projeta ‘3º turno’ e acende sinal de alerta

27 out 2022, 15:03 - atualizado em 27 out 2022, 15:30
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Eleições 2022 correm o risco de não acabar no domingo e mercado financeiro já projeta risco de terceiro turno, com contestação do resultado nas urnas (Imagem: TSE/ Abdias Pinheiro)

As eleições 2022 correm o risco de não acabar no domingo (30). Os episódios desta semana que antecedem a votação acenderam o sinal de alerta no mercado financeiro, deixando dúvidas sobre o que esperar após o desfecho da corrida presidencial em segundo turno

Os investidores já começam a ventilar o risco de um “terceiro turno”, com o presidente Jair Bolsonaro (PL) contestando os resultados das urnas, em caso de derrota para o rival Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O petista liderou a primeira rodada da disputa e está à frente nas principais pesquisas eleitorais

‘Cortina de fumaça’ ou risco institucional?

Tudo começou com o episódio envolvendo Roberto Jefferson no início desta semana.  Mas assim como o plano do ministro Paulo Guedes de congelar o salário mínimo e aposentadorias, a cena com o ex-deputado saiu do palco poucos dias depois. No lugar, entrou o embate entre Bolsonaro e a Justiça Eleitoral

Isso porque a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de rejeitar o pedido da campanha de Bolsonaro no caso da propaganda eleitoral em emissoras de rádio escalou o clima de tensão na reta final das eleições. 

“Ainda vejo como preocupante o caminho que o embate entre a campanha de Bolsonaro e o TSE está tomando”, comentou em relatório matinal o CIO da TAG Investimentos, Dan Kawa.

Para ele, existe algum “risco institucional”, ao menos no curto prazo. “O país está em uma situação extremamente delicada institucionalmente”, avalia o gestor. 

A mesma visão tem o analista político da Levante Investimentos, Felipe Berenguer. A notícia ajuda a alimentar a narrativa de Bolsonaro, que questiona reiteradamente o sistema eleitoral brasileiro, e faz recrudescer um risco institucional às vésperas do segundo turno, afirma, em relatório diário.

Fraude ou crime eleitoral?

Afinal, se não houve fraude eleitoral, a denúncia da campanha de Bolsonaro pode se tornar crime, caso fique comprovado que houve uma tentativa de tumultuar o pleito. É exatamente essa a alegação do presidente da Corte eleitoral, Alexandre de Moraes.

Afirmando que as acusações têm o objetivo de “tumultuar o 2º turno”, ele citou “possível crime eleitoral”. Porém, existe a hipótese de que o TSE não teria zelado pela simetria da disputa eleitoral. 

“Por ora, o problema que se desenha parece ter sido no nível do TSE distribuindo errado as inserções de campanha; e não no nível de rádios”, lembra o analista-chefe da Ajax Asset, Rafael Passos. Para ele, se isso for confirmado, trata-se de um caso grave. 

“Se houver um desequilíbrio entre as campanhas, a denúncia será levada até às últimas consequências pelo ‘bolsonarismo’”, prevê o economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez. “Principalmente se a decisão do recurso for favorável e após um pleito de derrota”, emenda.

Para o economista, o “bolsonarismo” deve explorar a questão da “perseguição do Judiciário”. “Isso reforça ainda mais os receios de uma contestação eleitoral, que vem sendo chamada de terceiro turno das eleições”, completa Sanchez, da Ativa.

Ou seja, em caso de vitória apertada por Lula, não se descarta uma escalada nas tensões institucionais, com Bolsonaro devendo reclamar da lisura do processo. “A possível derrota do atual presidente por uma pequena margem coloca incerteza de sua postura após as eleições”, avalia Berenguer, da Levante.

Contudo, ele avalia que Bolsonaro não tem respaldo dos principais atores políticos e econômicos para tentar um caminho disruptivo. “Contudo, mesmo se Bolsonaro vencer, a imagem de isenção do TSE também ficará marcada”, completa Passos, da Ajax. 

E os mercados?

Seja como for, esse mais recente episódio tende a manter a cautela nos negócios com Ibovespa e dólar, apesar do alívio visto nesta quinta-feira (27). O receio é de que uma disputa acirrada entre Bolsonaro e Lula somada ao clima de polarização que divide o país provoquem uma versão mais agressiva do pós-eleições que se viu em 2014. 

“O caso de um terceiro turno é outro fator que ainda pode pegar muito e trazer mais volatilidade”, resume o sócio-gestor da Criteria Investimentos, Vitor Miziara. Ele explica que esse risco causa mais incerteza política – e o mercado, como se sabe, não gosta de incertezas. 

“Por mais que isso não haja nenhum impacto real, pode haver barulho”, explica o gestor da Criteria. Com isso, o investidor pode se preparar para um período de volatilidade alta por mais algumas semanas. 

“Para os mercados, os fatores alteraram sim os resultados: Isto é, em caso de vitória mais acirrada de Lula, espera-se um forte estresse no país e nos ativos”, conclui Passos, da Ajax. 

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Editora-chefe
Olívia Bulla é editora-chefe do Money Times, jornalista especializada em Economia e Mercado Financeiro, com mais de 15 anos de experiência. Tem passagem pelos principais veículos nacionais de cobertura de notícias em tempo real, como Agência Estado e Valor Econômico. Mestre em Comunicação e doutoranda em Economia Política Mundial, com fluência em inglês, espanhol e conhecimento avançado em mandarim.
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Olívia Bulla é editora-chefe do Money Times, jornalista especializada em Economia e Mercado Financeiro, com mais de 15 anos de experiência. Tem passagem pelos principais veículos nacionais de cobertura de notícias em tempo real, como Agência Estado e Valor Econômico. Mestre em Comunicação e doutoranda em Economia Política Mundial, com fluência em inglês, espanhol e conhecimento avançado em mandarim.
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