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Nubank (NU;ROXO34): Por que reversão de prejuízo não bastou para salvar ação da queda?

16 ago 2023, 16:04 - atualizado em 16 ago 2023, 16:04
Nubank Resultados Corporativos
Nubank reportou resultados, mas não significou que (Imagem: Freepik/Montagem: Julia Shikota)

O Nubank (NU;ROXO34) divulgou ontem os números de lucro e receita referentes ao segundo trimestre do ano, diante da expectativa de entregar o melhor dos resultados entre as fintechs brasileiras.

O roxinho, que aliás converteu o ticker da sua BDR para fazer alusão à cor, reverteu o prejuízo do ano passado, marcando um lucro líquido de US$ 225 milhões (R$ 1,1 bilhão) no trimestre; a cifra veio acima da expectativa dos analistas. Com isso, o ROE (retorno sobre lucro, na sigla em inglês) foi de 17%.

Esta é a quarta publicação consecutiva em que o Nubank registra lucro líquido, tendo sido o segundo semestre de 2022 o último com a operação no negativo. “A virada de chave é clara”, categoriza Larissa Quaresma, analista da Empiricus Research.

Embora positiva, a virada de mesa do Nubank não entusiasma o investidor nesta quarta-feira (16): as ações do banco que são negociadas na Bolsa de Nova York caem 1,45% nesta tarde.

Segundo os analistas que cobrem a empresa, a razão para isso está associada à dor de cabeça que vem assolando as instituições financeiras em tempos de Selic a 13,25%.

Mercado “implica” com devedores e piora na eficiência

“A inadimplência acelerou a piora [em relação aos últimos trimestres]”, coloca Quaresma. O índice de empréstimos atrasados há mais de 3 meses subiu para 5,9% na carteira de crédito, uma alta de 0,4 ponto percentual na comparação trimestral.

Isso fez com que as provisões para cobrir inadimplentes subissem a US$ 590 milhões, um crescimento anual de 75%.

Vale destacar que, ainda assim, houve ganho na margem financeira, após o custo dos calotes: a linha foi de US$ 456 milhões (R$ 2,3 bilhões), alta de 326% e com spread líquido de 8%.

Com colaboração das despesas para devedores duvidosos, o índice de eficiência, que relaciona esses gastos com a receita total, ficou em 35,4%. O número representa uma nova mínima histórica para o roxinho, que sai perdendo na comparação com os pares. Para se ter ideia, o mesmo indicador para Banco Inter veio na casa dos 50%.

Nubank sofre com menor apetite do varejo

Outro ponto que desagradou os mercados foi na parte de serviços. “Observamos uma esperada desaceleração que, na nossa opinião, reflete tanto o arrefecimento do varejo quanto o limite na taxa de intercâmbio do cartão pré-pago, implementada no início do segundo trimestre”, coloca a analista da Empiricus.

O volume de compras nos cartões do Nu cresceu 30% anualmente, contra 48% registrados no primeiro trimestre de 2023, para US$ 26,3 bilhões (R$ 130 bilhões), em linha com o varejo desafiador.

A receita total de serviços, por sua vez, cresceu abaixo disso, em 20%, impactada justamente pelo teto na taxa de intercâmbio, imposto pelo BC a partir de abril.

Roxinho apresenta expansão da linha de crédito e controle de despesas

Mas nem tudo são espinhos para o banco digital. A analista da Empiricus traz como grande destaque positivo do balanço o avanço de receita com carteira de crédito do banco, que cresceu 48% anualmente, excluindo variações de câmbio, para US$ 14,8 bilhões (R$ 70,8 bilhões).

Esse crescimento ocorreu, inclusive, para linhas de maior risco, como o cartão de crédito, que subiu mais de 50% em um ano.

Já a carteira sujeita a ganho de juros, por sua vez, cresceu 80% nas mesmas bases, em razão do aumento de participação do parcelado com juros no cartão e, também, do parcelamento das faturas. Ajudou também a maior taxa média de originação dos empréstimos.

Tudo isso fez com que a receita líquida de juros, que exclui o custo de captação, crescesse 133%, para US$ 1 bilhão (R$ 5,2 bilhões), com spread médio de 18,3%.

Estagiário
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
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