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O pior cenário para as ações da Petrobras (PETR4), segundo a XP

20 jun 2022, 15:32 - atualizado em 20 jun 2022, 15:32
Petrobras
Cenário base da XP é de um preço-alvo de R$ 47,30 por PETR3/PETR4. (Imagem: REUTERS/Sergio Moraes)

Em meio a uma forte pressão política sobre a Petrobras (PETR4), a XP Investimentos desenhou um cenário em que três variáveis importantes para as ações da empresa se moveriam juntas para o lado negativo – e disse que, ainda assim, os papéis da estatal estariam baratos.

O pior cenário consideraria que a Petrobras precificaria seus derivados 15% abaixo do PPI, não venderia outras refinarias além da Rlam, Rman e Clara Camarão, operaria suas refinarias com taxa de utilização de 92% e importaria mais combustíveis do que no caso base da corretora.

A XP considera ainda que a Petrobras teria US$ 1 bilhão de estouro de orçamento de investimentos todos os anos e que a alíquota do imposto de renda passaria de 34% para 40%.

“Considerando essas premissas, chegaríamos a um preço-alvo de R$ 31,30 por PETR3/PETR4 e US$ 12,50 por PBR/PBR.A (ainda acima das cotações atuais de mercado)”, diz trecho do relatório assinado por Andre Vidal.

Possibilidades negativas para a Petrobras

A XP diz que, para ajudar os investidores a avaliar os possíveis resultados negativos para a Petrobras, realizou alguns cálculos para abordar os riscos potenciais ao seu valor justo. Segundo o analista da casa:

  • Cada aumento de 1% de elevação na alíquota de Imposto de Renda (considerando todos os anos de projeção) diminui o preço-alvo em ~US$ 0,40 para PBR/PBR.A e ~R$ 1,00 para PETR3/PETR4. “Para chegar aos preços atuais de mercado, a alíquota do imposto de renda teria que aumentar de 34% para 55%”;
  • Cada queda de 1% nos preços abaixo do PPI (considerando todos os anos de projeção) diminui o preço-alvo em ~US$ 0,30 para PBR/PBR.A e ~R$ 0,80 para PETR3/PETR4. “Para chegar aos preços de mercado, os preços dos combustíveis da Petrobras teriam que estar 33% abaixo do PPI”;
  • Cada US$ 100 milhões de investimento desperdiçado (considerando todos os anos de projeção, ajustando esse valor pela inflação dos EUA e sem qualquer aumento correspondente em volumes ou preços) diminui o preço-alvo em ~ US$ 0,10 para PBR/PBR.A e ~ R$ 0,30 para PETR3/PETR4. “Para chegar aos preços de mercado, a Petrobras teria que apresentar US$ 7 bilhões de estouros no orçamento de capex todo ano”.

O cenário mais provável, segundo a XP

O cenário base da XP é de um preço-alvo de R$ 47,30 por PETR3/PETR4 e US$ 18,90 por PBR/PBR. A corretora inclui um risco de prêmio político de 2%, que leva em conta a incerteza de ser uma empresa estatal.

“A preços de mercado atuais, vemos uma TIR nominal (em dólares) de 29% implícita com base nos fluxos de dividendos futuros”, diz.

A XP também considera um cenário em que a Petrobras seria privatizada, apesar de considerar a probabilidade baixa. “Essa hipótese não é nula, especialmente diante do que aconteceu com a Eletrobras (ELET3)”.

“Se cortarmos o risco de prêmio político de 2% do custo de capital próprio do nosso modelo, isso elevaria o preço alvo para R$ 54,50 por PETR3/PETR4 e US$ 21,80 por PBR/PBR.A. (mais de 100% de retorno potencial)”.

A XP diz reconhecer que os riscos aumentaram, tanto internacionalmente (recessão global) quanto internamente (político). “Mas essas análises de sensibilidade indicam que a Petrobras continua sendo uma aposta assimétrica”, afirma.

E a política de preços?

A XP voltou a falar que a Petrobras está protegida contra interferências pelo seu estatuto e pela “lei das estatais” (13.303/2016) e diz ver limites físicos para mudanças na companhia, por avaliar que a escassez de combustíveis é ainda mais impopular do que os altos preços.

“Sem falar nas responsabilidades pessoais a que estão sujeitos o conselho e a diretoria caso decidam deliberadamente utilizar a Petrobras como instrumento político”, diz.

A corretora comenta que seria possível que o governo alterasse a lei 13.303/2016 e o estatuto da Petrobras para voltar a usar a estatal para subsidiar combustíveis. Mas pondera que o processo não seria rápido e lembra que faltam poucos meses para as eleições.

“Sentimos que tal movimento poderia desencadear uma forte reação do mercado (câmbio, taxas de juros) que poderia ao final ser ruim para a popularidade do governo, o que explica por que esse movimento ainda não foi colocado em ação”, diz.

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Editor
Jornalista formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), com MBA em finanças pela Estácio. Colaborou com Gazeta do Povo, Estadão, entre outros.
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