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O xeque-mate da Opep+ no mercado de petróleo, demissões no McDonald’s e o novo ‘barraco’ de Musk no Twitter

03 abr 2023, 15:52 - atualizado em 03 abr 2023, 16:22
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Riad se irritou com possibilidade dos EUA não recomporem o estoque de petróleo, alterando os preços do petróleo  (Imagem: Facebook/OPEC)

Arábia Saudita irritada com EUA é o pano de fundo da decisão da Opep+

Na calada da noite deste domingo (2), membros influentes da Organização dos Países Exportadores de Petróleo anunciaram que cortarão a produção da commodity em 1,65 milhão de barris por dia (bpb). De acordo com o BTG Pactual, os cortes anunciados pelo cartel, somado à  redução de 500 mil bpd da aliada Rússia, devem impactar em mais de 1% a demanda global de petróleo.

A decisão ‘surpresa’ enviou ondas de choque pelos mercados globais desde o início desta segunda-feira (3). As duas principais referências de negociação do petróleo, WTI e Brent, dispararam mais de 6%. O movimento praticamente recupera toda a perda sofrida pelo petróleo ao longo de março.

Na superfície, a decisão da Opep+ versa sobre proteger o preço do petróleo das distorções do mercado. Nos bastidores, o corte tem recheio geopolítico.

Trata-se de uma resposta da Arábia Saudita, que exerce a liderança não oficial da Opep+, ao aceno do governo Biden em não renovar o estoque estratégico de petróleo dos EUA. A decisão da Casa Branca mantém os preços do barril em um nível mais baixo.

O fato é que desde que Joe Biden assumiu o governo, Washington e Riad parecem mais distantes do que nunca. O relacionamento é ruim para os EUA e, claro, para o controle da inflação.

Por outro lado, sai ganhando a própria Opep+ ao se mostrar um ator de peso incontestável em um tempo de turbulências no setor energético. De quebra, também ganha a China, que ganhou um papel de destaque de liderança política na cena global, após atuar na reconciliação entre Arábia Saudita e Irã. Os dois países romperam oficialmente as relações diplomáticas em 2016.

Demissões no McDonald’s: a recessão está chegando na economia real?

Se nos últimos meses os efeitos da alta de juros pareciam mais concentrados no segmento das empresas de tecnologia, a notícia de que o McDonald’s (MCDC34) deve anunciar, ainda esta semana, um corte em seu quadro de funcionários pode ser o sinal de que a conta está realmente chegando para as empresas do ‘setor defensivo’. 

Em um e-mail disparado na semana passada, a rede mundial de fast food fez o pedido para que os funcionários não trabalhassem de casa entre hoje e quarta-feira (5). Além disso, pediu-se que cancelassem qualquer reunião presencial neste período.

O motivo seria fornecer “conforto” aos empregados durante o período de notificação. Quando da divulgação do seu balanço corporativo em janeiro, o McDonald’s mencionou uma pressão maior dos custos, em razão da inflação (embora essa também tenha ajudado a rede, com mais clientes rumando de restaurantes mais caros para opções de menor custo).

Musk falha em convencer público a aderir ao ‘Twitter Blue’

A mais recente empreitada de Elon Musk no Twitter refere-se a retirar o selo de verificação de toda e qualquer conta da rede social que não esteja no plano mensal de US$ 8 dólares do Twitter Blue. 

A incorporação da assinatura é considerada uma parte essencial do plano de Musk para aumentar a receita da plataforma e alcançar o objetivo de tornar o Twitter uma empresa que valha US$ 250 bilhões.

Mas a transição para o novo modelo parece tudo menos ordeira. Meios de comunicação, influencers e outros perfis de notoriedade na rede social estão resistindo à mudança imposta pelo bilionário e o criticam por estimular a desinformação. Afinal, ‘pagar a mensalidade’ seria o único critério para se ter um selo, o que dá ao usuário diversas vantagens no algoritmo.

No caso, que vem repercutindo desde sábado (1), o The New York Times alegou que não pagaria pela verificação da conta. O comunicado levou à retirada imediata do selo por Musk, que comparou o feed de notícias do jornal a uma “diarreia”.

Embora queira a marca dos US$ 250 bilhões, Musk precisará lidar primeiro com o tombo em valor de mercado que a empresa teve desde que o bilionário executou o ‘hostage takeover’ do Twitter ao pagar US$ 54,20 por ação da rede. Nos dias de hoje, estima-se que a empresa valha algo próximo a US$ 20 bilhões.

Always Sunny On Silicon Valley: Big Techs valorizam US$ 2 trilhões na Bolsa no 1T23

O primeiro trimestre do ano foi bem generoso para as Big Techs, à medida que os mercados passaram a avaliar a possibilidade de corte dos juros nos EUA ainda em 2023.

Empresas como a Microsoft, Meta, Intel e Alphabet tiveram desempenhos bastante positivos, recebendo um aumento total de US$ 2 trilhões em valor de mercado.

O movimento também ajudou o índice Nasdaq, que terminou março com o melhor resultado para o primeiro trimestre desde 2020, quando o início da pandemia de covid-19 desencadeou os programas de estímulo aos ativos financeiros do Federal Reserve

Resguardadas as devidas proporções, a ‘quebradeira’ envolvendo os bancos regionais nos EUA parecem ter causado uma resposta semelhante do Fed, que despejou centenas de bilhões no sistema financeiro para prevenção de um choque ainda maior de liquidez.

Acordo de compra do Credit Suisse está na mira de promotores suíços; UBS promete ‘depenar’ banco

O acordo de aquisição do Credit Suisse pelo UBS está na mira de promotores suíços. O órgão contatou autoridades nacionais e locais e “emitiu ordens de investigação” para mapear qualquer ofensa criminal que possa ter ocorrida no âmbito do acordo. A operação envolveu o governo suíço, o órgão regulador financeiro (Finma) e o Banco Central da Suíça (SNB, na sigla em inglês).

Mas não é só a Promotoria da Suíça que está de olho na negociação. O acordo também é contestado por investidores do Credit Suisse, que viram suas posições em ‘CDBs’ do banco evaporarem de valor do dia para noite. O movimento é considerado como um calote de US$ 17 bilhões.

Além disso, o UBS disse que deverá demitir 36 mil funcionários do Credit Suisse, quando a aquisição for completa. Vendas de divisões do banco também estão sendo consideradas.

Estagiário
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
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