Economia

Países devem imitar o Japão para sair da recessão do coronavírus, defende BofA

14 abr 2020, 17:24 - atualizado em 14 abr 2020, 17:24
Caminho aberto: bancos centrais deveriam controlar curva de juros, diz BofA (Imagem: Unbsplash/@colt_jones)

Os Estados Unidos e os países europeus devem imitar o Japão, se quiserem escapar da recessão que se desenha, devido à pandemia de coronavírus. A avaliação é do Bank of America (BofA), em relatório obtido pelo Money Times.

Assinada por Ethan Harris, chefe global da área de economia do BofA, a carta aos clientes afirma que a recessão será mais longa que os otimistas preveem, com uma curva em “U” (queda da economia, seguida por um período de estagnação e posterior retomada) em vez de “V” (queda da economia, seguida por uma rápida recuperação).

Para Harris, os defensores da curva em “V” se esquecem de “lições básicas”, como a de que muita coisa pode causar uma recessão, mas ela perdura por mais tempo do que os fatores que a deflagraram, o que gera um efeito de retroalimentação da crise.

Segundo o BofA, isso deve servir de alerta para os países desenvolvidos que já discutem o fim das medidas de isolamento social impostas para combater a pandemia.

Crise gera crise

“Os países que se reabrirem encontrarão um ambiente de demanda fortemente reduzida, com elevadas taxas de poupança e gastos discricionários bem baixos”, diz.

Nesse contexto, o BofA rejeita enfaticamente a tese de que o aumento da liquidez, proveniente das medidas anunciadas por bancos centrais de todo o mundo, terminará num surto inflacionário. “Discordamos firmemente e esperamos mais deflação”, afirma o relatório.

Federal Reserve
Federal Reserve: mais trabalho pela frente (Imagem: Reuters/Brendan McDermid)

O BofA argumenta que inundar o sistema bancário com dinheiro não implica, necessariamente, que ele se transformará em empréstimos e, por tabela, consumo.

“Facilitar o crédito não significa criar inflação, se tudo o que se faz é prevenir falências”, observa o economista.

Harris acrescenta que “os estímulos fiscais não criam inflação, se a maior parte é usada para amenizar o colapso de renda causado pela paralisação da economia”.

Se houver pressão inflacionária, explica o economista, será do corte da oferta decorrente do fechamento de empresas. Mas, no cenário básico do BofA, essa pressão será ofuscada pela tendência majoritária de deflação.

Receita japonesa

Por isso, o banco americano recomenda que os países desenvolvidos devem seguir a receita japonesa para sair da recessão: uma combinação de controle dos spreads das taxas de juros de curto e longo prazo. E mais: esse spread dever ser próximo de zero.

Harris reconhece que o remédio não ajudou o Japão a escapar da armadilha de juros e inflação baixos. Mas, para ele, não é a receita que está errada, mas o Japão que demorou a aplicá-la, a ponto de que a população agora guarda uma memória “deflacionária”, postergando gastos à espera da queda dos preços.

Assim, não haveria saída para os bancos centrais, a não ser controlarem a curva de juros, trazendo os spreads para perto de zero, tanto no curto, quanto no longo prazo.

“A flexibilização [da política monetária] funciona para uma recessão desagradável, mas não para a pior recessão do período pós-guerra”, afirma o BofA.

“O que eles [bancos centrais] farão depois?”, indaga.

Diretor de Redação do Money Times
Ingressou no Money Times em 2019, tendo atuado como repórter e editor. Formado em Jornalismo pela ECA/USP em 2000, é mestre em Ciência Política pela FLCH/USP e possui MBA em Derivativos e Informações Econômicas pela FIA/BM&F Bovespa. Iniciou na grande imprensa em 2000, como repórter no InvestNews da Gazeta Mercantil. Desde então, escreveu sobre economia, política, negócios e finanças para a Agência Estado, Exame.com, IstoÉ Dinheiro e O Financista, entre outros.
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Ingressou no Money Times em 2019, tendo atuado como repórter e editor. Formado em Jornalismo pela ECA/USP em 2000, é mestre em Ciência Política pela FLCH/USP e possui MBA em Derivativos e Informações Econômicas pela FIA/BM&F Bovespa. Iniciou na grande imprensa em 2000, como repórter no InvestNews da Gazeta Mercantil. Desde então, escreveu sobre economia, política, negócios e finanças para a Agência Estado, Exame.com, IstoÉ Dinheiro e O Financista, entre outros.
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