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Petrobras é elogiada por manter o foco no lucro, enquanto rival mexicana se perde

08 abr 2020, 16:05 - atualizado em 08 abr 2020, 16:39
Petrobras
Para consultor, gestão da Petrobras mantém independência “genuína” para dar resultados (Imagem: Valter Silveira/Money Times)

Com exceção da Arábia Saudita e Rússia, a maioria das petroleiras tenta driblar o colapso histórico dos preços reduzindo os gastos e, em alguns casos, a produção. Mas a estatal de petróleo do México atua como se o crash não tivesse acontecido.

A Petróleos Mexicanos planeja quase dobrar o ritmo de perfuração para 423 poços neste ano e acelerar o desenvolvimento de 15 descobertas recentes, apesar de especialistas dizerem que muitas não são rentáveis com os preços atuais.

A empresa não anunciou mudanças na meta de produção estabelecida em seu plano de negócios de 1,87 milhão de barris por dia, um aumento de 11% em relação ao ano passado, ou investimento em exploração e produção de 270 bilhões de pesos (US$ 11,1 bilhões).

Enquanto isso, a indústria global de petróleo e gás deverá cortar US$ 100 bilhões em gastos com exploração e produção, o que representa queda de 17% na comparação anual, segundo a consultoria Rystad Energy. Tanto a Petrobras quanto a colombiana Ecopetrol reduziram os investimentos.

A estatal brasileira cortou a produção em 200 mil barris por dia, já que o país conta com pouca capacidade de armazenamento.

“Se esse é o caminho que você deseja seguir neste ambiente, certamente queimará caixa”, disse Ruaraidh Montgomery, diretor de pesquisa da consultoria de petróleo Welligence.

“A Petrobras (PETR4;PETR3) é genuinamente administrada como uma entidade independente que existe para dar lucro, mas, no caso da Pemex, a prioridade do governo é o crescimento da produção.”

Enquanto refinarias do mundo todo reduzem o consumo de combustível, Arábia Saudita e Rússia despejam milhões de barris de petróleo em uma guerra por participação de mercado.

Nesse cenário, o petróleo tipo Brent, referência global, registrou o pior trimestre da história.

O México faz parte da Opep+, que se reúne na quinta-feira para tentar estabilizar o mercado de petróleo, mas o país não se ofereceu para reduzir a produção como parte do esforço.

Embora a Pemex tenha anunciado medidas de controle de custos antes do colapso do mercado de petróleo, analistas dizem que não são suficientes.

A Pemex terá fluxo de caixa negativo neste ano de US$ 20 bilhões se o petróleo mexicano for negociado a US$ 30 o barril, de acordo com Anne Milne, estrategista do Bank of America.

Investidores temem que a Moody’s possa cortar a nota de crédito dos títulos da Pemex para “junk” depois de a Fitch Ratings ter rebaixado ainda mais a classificação de alto risco da estatal no início deste mês. A S&P Global também rebaixou a nota de crédito da empresa em março.

López Obrador quer dar à Pemex maior controle sobre o território petrolífero do México e suspendeu os leilões.

O presidente pretende revitalizar a produção nacional que caiu por 15 anos consecutivos e reduzir a dependência do México de combustíveis importados, além de cortar a dívida da Pemex de mais de US$ 100 bilhões, a maior de todas as principais petrolíferas.

Mais da metade da produção da produtora mexicana não é rentável a US $ 30 o barril, disse Montgomery, da Welligence.

O que a Pemex deve fazer é se concentrar no controle de custos, tornar-se mais eficiente e proteger seu balanço patrimonial, não gastando recursos em crescimento em prol do crescimento, acrescentou. “Você só pode continuar financiando operações por meio de dívidas por certo tempo, o pior ainda está por vir.”

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