BusinessTimes

Petrobras (PETR4): A última cartada do governo para a privatização

21 jun 2022, 18:34 - atualizado em 21 jun 2022, 19:15
petrobras
Ideia de privatizar a Petrobras é vista com ceticismo entre agentes do mercado. (Imagem: (Tânia Rêgo/Agência Brasil/Flickr)

Parte do governo tenta o que pode ser a última cartada da atual gestão para viabilizar a privatização da Petrobras (PETR4): a conversão das ações preferenciais da estatal em ordinárias, informou o jornal Valor Econômico.

A ideia da diluição das ações preferenciais da União foi discutida em ambiente de informalidade entre alguns líderes do governo antes da audiência na Câmara com o ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, sem fazer parte de qualquer ponto de pauta concreto, disse uma fonte ao Money Times.

Líderes dos partidos avaliaram uma tentativa de sinalizar uma “privatização parcial” da estatal – ideia que foi discutida sem grande ânimo e avaliada como pouco razoável.

A privatização da Petrobras, com a tese de maior competição no mercado de óleo e gás, é defendida pelos integrantes da equipe econômica do governo.

Para o analista de política da Ohmresearch, Márcio Olímpio Fernandes, existe uma tensão entre a ala econômica e o Centrão, que dá sustentação ao governo no Congresso. No entanto, diz, o presidente da Câmara, Arthur Lira, uma das lideranças desse grupo, tem ficado cada vez mais influente, com a proximidade das eleições.

Como se sabe, Lira tem bombardeado a diretoria da Petrobras nos últimos tempos, devido aos recorrentes aumentos dos combustíveis. Entre as retaliações cogitadas pelo parlamentar, estão o aumento de impostos sobre a estatal.

“A eventual privatização ou mudança do status das ações da Petrobras é algo complexo porque significaria mudanças legais no ordenamento jurídico, na legislação e internamente na empresa”, destaca o analista da Ohmresearch.

Segundo Fernandes, é “muito pouco provável” que uma pauta que implique na privatização da empresa avance neste ano, tendo em vista o processo processo eleitoral.

Petrobras no mercado

A ideia de privatizar a Petrobras no curto prazo tem uma recepção entre agentes do mercado financeiro que oscila entre ceticismo e confusão.

Os analistas Pedro Soares e Thiago Duarte, do BTG Pactual, disseram em maio ver a privatização como uma “tarefa desafiadora do ponto de vista político”. “Qualquer aposta nisso a curto e médio prazo deve ser vista com muito ceticismo”. 

Para o sócio-administrador do escritório de agentes autônomos Boa Vista, Gillmor Monteiro, não fica claro o que o governo pretende fazer com a Petrobras.

“A empresa, querendo ou não, tem cada vez mais passado por ingerência”, diz. “Isso estressa o preço do ativo”.

Monteiro lembra, que quando “todo mundo falava que não haveria intervenção sobre a empresa”, o papel saiu de R$ 25 para R$ 32. “O presidente [Jair Bolsonaro] começou a atacar [a política de preços da companhia] e bateu até o papel cair para R$ 26”.

O sócio-administrador da Boa Vista diz que a nova baixa dos papéis da Petrobras representa uma oportunidade para o investidor.

Para Fernandes, da Ohmresearch, o governo vai continuar defendendo o discurso público de ataque à Petrobras.

O Planalto deu orientação geral a parlamentares para apoio a assinatura para o requerimento de criação da CPI da Petrobras.

“Cada um dos parlamentares está fazendo cálculos pessoais. Querem participar desse discurso de ataque à Petrobras e aos executivos”, diz.

Para ele, o Planalto acredita que a CPI pode servir para apontar certos elementos de governança que foram criados e consolidados antes do governo Bolsonaro. “É uma estratégia perigosa. CPIs geralmente fogem do controle”, afirma.

Siga o Money Times no Facebook!

Curta nossa página no Facebook e conecte-se com jornalistas e leitores do Money Times. Nosso time traz as discussões mais importantes do dia e você participa das conversas sobre as notícias e análises de tudo o que acontece no Brasil e no mundo. Siga agora a página do Money Times no Facebook! 

Editor
Jornalista formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), com MBA em finanças pela Estácio. Colaborou com Gazeta do Povo, Estadão, entre outros.
Linkedin
Jornalista formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), com MBA em finanças pela Estácio. Colaborou com Gazeta do Povo, Estadão, entre outros.
Linkedin