Money Times Entrevista

Pistola .380 e mira inteligente: As apostas da Springfield e da IWI para os CACs

01 nov 2023, 15:53 - atualizado em 01 nov 2023, 16:29

 

Duas pistolas Hellcat da americana Springfield. Elas virão ao Brasil no calibre .380
A pistola Hellcat da americana Springfield vai ganhar uma versão em .380 ACP (imagem: Pedro Pligher/Money Times)

O novo decreto de armas do governo Lula pegou de jeito as empresas do setor, esvaziando as vendas de várias empresas do segmento, especialmente as companhias estrangeiras. O motivo: elas trabalham exclusivamente com calibres hoje considerados restritos, além de armas que ficaram proibidas antes do decreto, como fuzis.

Mas algumas empresas preparam lançamentos acessíveis ao público, caso da norte-americana Springfield Armory. A companhia, uma das fabricantes de armas mais antigas do mundo, fundada em 1794, vai trazer uma pistola, sucesso de vendas da empresa, em calibre permitido.

Já o SK Group, que detém a israelense IWI (Israel Weapons Industries), já bem conhecida entre as forças policiais do país, vê uma possibilidade para o mercado civil com o lançamento de uma mira inteligente através de sua outra empresa, a Meprolight (leia mais abaixo).

‘Motor de opala num fusca’

Segundo o diretor comercial da Springfield para América Latina, Luiz Antonio Horta, conhecido como Tatai, a empresa prepara um lançamento no calibre .380 ACP -que está entre os ‘permitidos’, de acordo com o novo decreto de armas.

“Pedi a Springfield para que fizesse uma Hellcat no calibre .380 para o mercado brasileiro”, diz Tatai em conversa com o Money Times, realizada no último dia 25, durante a COP Internacional 2023, em São Paulo. O lançamento da arma está previsto para janeiro.

A Hellcat é o modelo mais vendido da empresa no Brasil, de acordo com levantamento exclusivo do Money Times. A reportagem apurou que a empresa vendeu pelo menos 4.587 armas desde 2019 até maio de 2023. Dessas vendas, 895 são da pistola Hellcat, que possui três versões: Pro, RDP e micro-compact.

Indagado sobre a escolha de apenas esse modelo para o .380 ACP, e não de outros, como o XD-m e a Echelon (lançamento mais recente da empresa), Tatai afirma que a estrutura da Hellcat é a mais indicada para o novo calibre: “É que nem você querer colocar um motor de fusca num opala. Não vai vender. Agora, colocar o motor de opala num fusca, aí é diferente”.

Springfield vende ‘quase zero’ em 2023

Como para todo o setor, as vendas para o mercado civil brasileiro foram bem fracas no ano, com “praticamente zero” vendas no país, segundo Tatai.

O portfólio da empresa é abundante em pistolas, mas todas no calibre 9mm, atualmente restritas.  Tatai também aguarda, como todo o setor, as portarias do Exército sobre os níveis de CACs (Caçadores, Atiradores e Colecionadores).

Elas podem abrir a possibilidade de vendas dessas armas no mercado, embora a um público menor. De acordo com o novo decreto de armas, haverão 3 níveis e o nível III poderá adquirir pistolas 9mm.

Israelenses: armas no mercado policial; mira inteligente para civis

O Money Times também conversou com um representante do SK Group, dono das empresas IWI (Israel Weapons Industries) principal fornecedor de armas leves para o exército israelense, e da Meprolight, empresa de miras ópticas para armas.

A IWI já fornece armas para algumas polícias do Brasil, incluindo a Polícia Militar do Estado de São Paulo e do Amazonas, que usam as metralhadoras leve Negev, no calibre 7.62 x 51 mm. O fuzil Arad da empresa também é usado pela PMES, PMBA e PMRJ, bem como unidades da Polícia Civil de SP.

Já no mercado civil, havia grande demanda entre os CACs, o que ficou reprimido com as novas restrições.

“Os lotes chegavam, o pessoal fazia pré-compra e as armas esgotavam rápido”, afirma André Visconti, que compõe a equipe técnica do SK Group, sobre as vendas das armas da IWI no país antes do novo decreto de armas do governo Lula.

A empresa vendeu ao menos 6.514 armas no país entre 2019 e maio de 2023, de acordo com levantamento do Money Times. No entanto, todas são de calibre restrito, e a IWI não tem planos de produzir armas no calibre .380, segundo Visconti. “É difícil até explicar para o pessoal lá fora o que é o .380”, diz, sobre a atual idiossincrasia legislativa no mundo das armas brasileiro.

Ainda assim, ele apresentou a novidade no mercado de miras ópticas para armas, com a Meprolight trazendo a nova mira Foresight aos CACs (Colecionadores, Atiradores e Caçadores).

Com tecnologia bluetooth e à prova d’água, a nova mira pode conectar no celular do atirador, possibilitando “até 10 memorizações de miras”, fazendo com que a transição de uso da mira para outra arma fique mais simples. “Há mais de 30 retículos para escolher”, diz.

A mira já está disponível para venda no Brasil, mas está esgotada. A faixa de preço do produto é em torno de R$ 5.500.

Visconti também afirma que a mira traz uma ferramenta para ‘zerar’ a mira de maneira simples. “Você imprime um alvo num papel A4, coloca a distância e a arma que você está atirando. Depois, tira uma foto do alvo, faz 3 disparos, tira outra, e o aplicativo já faz a compensação”, afirma.

“Depois ele devolve o resultado, avaliando a performance dos tiros e podendo pedir mais uma série de disparos”, conclui. Veja abaixo algumas fotos da Foresight em uso, pelo técnico e atleta IPSC André Visconti.

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Repórter formado pela PUC-SP, com passagem pelo Poder360, Estadão e Investidor Institucional. Tem pós-graduação em jornalismo econômico pela FGV-SP, através do programa Foca Econômico 2022, do grupo Estado. No Money Times, cobre política, mercados e também a indústria de armas leves no Brasil.
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Repórter formado pela PUC-SP, com passagem pelo Poder360, Estadão e Investidor Institucional. Tem pós-graduação em jornalismo econômico pela FGV-SP, através do programa Foca Econômico 2022, do grupo Estado. No Money Times, cobre política, mercados e também a indústria de armas leves no Brasil.
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