Internacional

Planos de Wall Street para o Brexit ficam paralisados por vírus

16 jun 2020, 17:06 - atualizado em 16 jun 2020, 17:06
“Realocar funcionários durante um segundo pico é uma preocupação”, disse Peter Bevan, sócio do escritório de advocacia Linklaters (Imagem: Reuters/Neil Hall)

Gigantes do setor bancário dos Estados Unidos ainda precisam entregar um plano do Brexit para transferir funcionários pelo Canal da Mancha, antes que uma segunda possível onda da Covid-19 obrigue a Europa a fechar as portas novamente.

JPMorgan Chase, Morgan Stanley e Goldman Sachs perderam meses preciosos durante as quarentenas da pandemia, quando poderiam ter transferido funcionários para centros financeiros da União Europeia.

Com as negociações do Brexit em um impasse e o tempo se esgotando para o prazo que acaba no fim do ano, empresas finalmente retomam os antigos planos para transferir equipes em Londres, mas agora percebem que não podem agir rápido o suficiente.

“Realocar funcionários durante um segundo pico é uma preocupação”, disse Peter Bevan, sócio do escritório de advocacia Linklaters.

“Durante os bloqueios, algumas pessoas ficaram presas no lugar errado e reguladores entendem isso, mas se você estiver falando de uma equipe inteira presa no local e que reguladores querem que seja transferida, isso tornará a conversa mais difícil.”

Bancos estrangeiros administram quase metade de todos os ativos bancários no Reino Unido, de acordo com dados de 2015 da Prudential Regulation Authority. No entanto, o êxodo de Londres para o continente foi muito menor do que o esperado após a votação do Brexit.

As empresas haviam transferido cerca de mil pessoas até setembro passado, em comparação com previsão de 7 mil da consultoria EY.

Representantes do JPMorgan, Morgan Stanley e Goldman não comentaram.

A BaFin, agência reguladora do setor financeiro na Alemanha, disse à Bloomberg que pouco havia mudado desde fevereiro.

O presidente da agência, Felix Hufeld, disse que os bancos haviam completado mais de 80% do processo necessário para lidar com o Brexit do ponto de vista jurídico e técnico. Mas, quando se trata de transferir negócios de clientes para centros da UE, os bancos completaram, em média, menos de 30% do processo, disse.

Alguns funcionários do setor financeiro que vão trabalhar nas subsidiárias do Brexit na Europa ainda estão fisicamente em Londres, mas possuem contratos de trabalho europeus, já que o surto de coronavírus paralisou os planos de mudança, disseram pessoas com conhecimento dos planos dos bancos.

Políticos evitaram um Brexit duro no ano passado e ainda podem fechar um acordo comercial. Nas últimas 24 horas, o primeiro-ministro britânico Boris Johnson e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, tentaram retomar as conversas.

Mas, nos bastidores, autoridades de Bruxelas e Londres dizem que estão focadas em chegar a um acordo entre meados de agosto e uma cúpula de líderes da UE prevista para meados de outubro.

Giro da Semana

Receba as principais notícias e recomendações de investimento diretamente no seu e-mail. Tudo 100% gratuito. Inscreva-se no botão abaixo:

*Ao clicar no botão você autoriza o Money Times a utilizar os dados fornecidos para encaminhar conteúdos informativos e publicitários.