Economia

‘Posto Ipiranga’: Como foi o 1º mandato de Paulo Guedes e o que acontece se Bolsonaro vencer

30 set 2022, 9:10 - atualizado em 30 set 2022, 11:56
Paulo Guedes
Guedes é uma forma de Bolsonaro tentar barrar o avanço de Lula entre os empresários. (Imagem: Washington Costa/ME)

O ministro da Economia, Paulo Guedes, intensificou a sua participação na campanha de Jair Bolsonaro (PL) ao gravar para a propaganda eleitoral do presidente na TV, participar de mais entrevistas e encontros com empresários.

A jogada do “Posto Ipiranga” de Bolsonaro na reta final da corrida eleitoral não é aleatória. É uma forma de tentar barrar o avanço de Lula (PT) entre os empresários. Nos últimos dias, grandes nomes da economia anunciaram apoio ao ex-presidente.

Entre eles, estão André Lara Resende, economista e um dos formuladores do Plano Real; Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central e ex-ministro da Fazenda; Otaviano Canuto, economista, ex-FMI e Banco Mundial; o economista Luiz Gonzaga Belluzzo; e Luiz Carlos Bresser-Pereira, economista e ex-ministro da Fazenda.

Ricardo Jorge, especialista em renda fixa e sócio da Quantzed, destaca que o mercado, de uma forma geral, gosta do atual ministro da Economia.

“Ele é um cara de finanças e tem postura. O problema é que nem tudo depende apenas dele”, afirma.

Primeiro mandato

O maior legado dos primeiros quatro anos de Guedes foi a Reforma da Previdência, aprovada em 2019.

Entre as principais mudanças propostas, foram aprovadas a fixação da idade mínima para se aposentar – 65 anos para homens e 62 anos para mulheres – e o tempo mínimo de contribuição (15 anos para mulheres e 20 para homens no setor privado; e 20 para servidores), além de detalhes sobre o cálculo do valor da aposentadoria.

Além disso, ele também ganhou pontos com o enxugamento da máquina pública, promoção da independência do Banco Central e maior controle das contas públicas.

Heitor de Nicola, sócio e assessor de renda variável da Acqua Vero Investimentos, destaca que, de forma geral, o mercado avalia o período de Gudes de forma positiva, visto que o ministro conseguiu aprovar diversas propostas esperadas e que os demais governos anteriores não conseguiram.

“No entanto, É super importante a gente lembrar que ao longo desses últimos anos o ministro enfrentou diversas crise, como a hídrica e a sanitária”, afirma. A Covid-19 foi a grande pedra no sapato de Guedes.

A má administração da pandemia abriu as portas para o descontrole de gastos públicos e Guedes se deparou com medidas que ameaçaram o teto dos gastos em vários momentos. O que fez o mercado elevar o risco fiscal brasileiros.

Em 2021, o ministro se envolveu na polêmica da PEC dos Precatórios. Na época, ele sugeriu deixar de pagar parte dos R$ 89 bilhões em precatórios que venceriam no ano seguinte. Após meses de discussões no Congresso, permitiu o parcelamento do pagamento dos precatórios.

O teto de gastos também se enfraqueceu com medidas populistas, visando as eleições, como o Auxílio Brasil turbinado de R$ 400, o aumento no valor do vale-gás e do voucher para caminhoneiros e taxistas.

Do lado negativo, Heitor também destaca que algumas pautas não foram aprovadas na Reforma da Previdência, como a Carteira Verde e Amarela, e que o ministério poderia ter sido mais afinco para a aprovação.

“Além disso, vimos ao longo dos anos frases polêmicas por parte do ministro e certa falta de decoro que geraram algum tipo de ruído e volatilidade no mercado”, aponta.

Promessas para o segundo mandato

Caso Bolsonaro vença a corrida eleitoral e siga para um segundo mandato, a expectativa é de que Guedes permaneça no cargo e cumpra algumas promessas que mal saíram do papel: privatizações e reforma tributária.

Sobre a reforma tributária, Guedes alega que a pandemia acabou dificultando a sua tramitação no Congresso, mas que será uma prioridade no próximo mandato.

Já a pauta das privatizações é considerada uma grande derrota do ministro. Durante a campanha eleitoral de 2018, ele disse que seria possível arrecadar até R$ 1 trilhão em quatro anos com a venda de estatais. Os quatro anos se passaram e a única grande estatal privatizada foi a Eletrobras (ELET3).

Em um segundo mandato, a expectativa é que o Ministério da Economia tente aprovar a privatização dos Correios.

Para Ricardo, da Quantzed, a questão fiscal será o principal desafio do ministro. “O primeiro e principal ponto deve ser a criação de um novo arcabouço fiscal em substituição ao teto de gastos”, diz.

Vale lembrar que, apesar da melhora no PIB e mercado de trabalho aquecido, a economia brasileira vai enfrentar uma desaceleração econômica global, que deve afetar as commodities. Além disso, a alta de juros nos outros países – especialmente nos Estados Unidos – devem pressionar o dólar, a inflação e a Selic por aqui.

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Formada em Jornalismo pela PUC-SP, tem especialização em Jornalismo Internacional. Atua como editora-chefe no Money Times e já trabalhou nas redações do InfoMoney, Você S/A, Você RH, Olhar Digital e Editora Trip.
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