Federal Reserve

Powell, do Fed, mostrou sua estratégia em mais de uma maneira esta semana

07 maio 2022, 8:00 - atualizado em 06 maio 2022, 9:48
Jerome Powell
O chair do Federal Reserve, Jerome Powell, ofereceu nesta semana seu relato mais detalhado até agora da estratégia para enfrentar o choque da inflação mais forte em uma geração (Imagem: Flickr/Federalreserve)

Com a guerra em andamento na Europa, a pandemia ainda bloqueando partes da economia global e os mercados financeiros se tornando fortemente voláteis, as perspectivas econômicas dos Estados Unidos permanecem imprevisíveis.

Mas o chair do Federal Reserve, Jerome Powell, ofereceu nesta semana seu relato mais detalhado até agora da estratégia para enfrentar o choque da inflação mais forte em uma geração e, ao mesmo tempo, evitar qualquer aumento significativo no desemprego.

Muita coisa pode dar errado, seja na direção de um problema de inflação ainda maior ou de uma economia que começa a frear inesperadamente.

O Fed de Powell está tentando se resguardar em relação a ambas as possibilidades.

Veja como:

Enverga, mas não quebra

Powell, com pouca ambiguidade, disse em entrevista coletiva na quarta-feira que, embora o Fed não hesitará em aumentar os juros o quanto for necessário para conter a inflação, as autoridades não estavam prontas para oferecer um tratamento de choque, como aumento de 0,75 ponto percentual nos custos dos empréstimos.

Seus comentários vieram depois que o Fed anunciou aumento de sua taxa básica de juros em 0,5 ponto percentual e o início, no próximo mês, da redução de seu balanço.

Alguns analistas sentiram que Powell se mostrou involuntariamente “dovish” (leniente no combate à inflação) ao fazê-los, mas investidores, depois de hesitarem um pouco, continuam convencidos de que o Fed terá que se mover mais rápido.

Mas há outra possibilidade.

“Não acho que tenha sido um tropeço”, disse o ex-chefe de política monetária do Fed, Bill English, atualmente professor da Yale School of Management. “Eles não querem ser uma fonte de incerteza, então movem-se de maneira estável. Setenta e cinco (pontos básicos) poderiam ter abalado as coisas.”

Leia meus lábios

Powell foi extraordinariamente explícito ao sinalizar a probabilidade de aumentos de 0,5 ponto na taxa de juros nas próximas duas reuniões do Fed.

Sua coletiva de imprensa na quarta-feira foi a terceira instância recente em que ele efetivamente definiu os resultados futuros das reuniões seguintes. Embora as decisões não sejam definitivas até que os formuladores de política monetária votem, Powell pode estar reafirmando sua voz como chair num momento em que deseja que a mensagem permaneça clara e simples, e não seja enlameada pelo debate público entre seus colegas.

Jerome Powell Fed
Powell foi extraordinariamente explícito ao sinalizar a probabilidade de aumentos de 0,5 ponto na taxa de juros nas próximas duas reuniões do Fed (Imagem: Reuters/Joshua Roberts)

“De certa forma, é uma política monetária das antigas”, disse o ex-funcionário do Fed Vincent Reinhart, economista-chefe da Dreyfus and Mellon. O que Powell está dizendo é: “Em um ambiente de incerteza, não temos clareza de onde vamos acabar. Sabemos em que direção devemos seguir, e quanto mais o fizermos, mais perto estaremos de onde deveríamos estar e eu vou deixar você saber quando acontecer.”

Neutralidade

Autoridades do Fed dizem que aumentarão a taxa básica de juros “rapidamente” para “neutro”, um nível que, em teoria, não incentivará famílias e empresas a emprestar e gastar, mas também não os desencorajará.

Mas esse é um conceito frágil e pode variar ao longo do tempo.

Powell esclareceu na quarta-feira que o objetivo é alcançar “a ampla gama de níveis plausíveis de neutralidade”, que as autoridades colocam entre 2% e 3%.

Reduza a criação de vagas, não as vagas

Entre os muitos aspectos inusitados da reabertura da economia da pandemia está o alto número de vagas de emprego disponíveis em comparação com o número de pessoas procurando trabalho, com quase dois postos em aberto para cada norte-americano desempregado.

A esperança do Fed é que o acerto de contas possa vir não por meio de um aumento real do desemprego –um resultado comum quando a política monetária aperta rapidamente–, mas fazendo com que as empresas reduzam os planos de contratação à medida que a demanda diminui sob a influência de taxas de juros mais altas.

Nada é certo

Powell, tanto quanto em qualquer momento da pandemia, tentou fazer da incerteza uma vantagem e reconhecer o que o Fed não sabe e o que não pode controlar.

Na quarta-feira, ele observou alguns sinais de que a inflação pode estar chegando ao pico, mas também que “mais surpresas podem vir à frente”.

Ele disse que a psicologia inflacionária não está se firmando, mas abriu sua entrevista coletiva com um apelo ao “público norte-americano” sobre seu compromisso com a desaceleração dos preços, como se quisesse ajudar a manter essa psicologia sob controle.

Nas entrelinhas: esteja pronto para qualquer coisa.

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