Bancos

Presidente do Banco da Inglaterra sinaliza que juros negativos não são iminentes

22 set 2020, 8:04 - atualizado em 22 set 2020, 8:04
Banco da Inglaterra
Na semana passada, a ata da reunião do BOE em setembro mostrou que as autoridades planejavam conversas estruturadas com bancos sobre a viabilidade de juros abaixo de zero (Imagem: Reuters/Toby Melville)

Para o presidente do Banco da Inglaterra, Andrew Bailey, a instituição não está perto de cortar os juros para território negativo apesar da nova onda de coronavírus, que reforça os riscos para a economia do Reino Unido.

Embora o banco central britânico tenha “olhado com atenção” para o corte da taxa e juros negativos estejam na caixa de ferramentas, o trabalho técnico planejado para essa política é examinar se pode ser implementada, em vez de um sinal de que está a caminho, disse.

Na semana passada, a ata da reunião do BOE em setembro mostrou que as autoridades planejavam conversas estruturadas com bancos sobre a viabilidade de juros abaixo de zero.

Bailey disse na terça-feira que essas conversas levarão tempo, um sinal de que um corte abaixo de zero não é iminente. Investidores adiaram apostas na redução dos juros de março para maio.

Bailey falou em um webinar logo depois do pedido do governo britânico para que os cidadãos voltem a trabalhar em casa se possível, revertendo a iniciativa para trazer funcionários de volta aos locais de trabalho.

O Reino Unido caminha para os últimos meses de 2020 enfrentando mais problemas econômicos por conta das restrições contra o coronavírus, um possível aumento do desemprego com o término dos programas de suporte salarial e um Brexit potencialmente confuso no fim do ano.

O Parlamento está preparado para expandir o plano de compra de títulos em novembro. Bailey disse que a economia permanece de 7% a 10% abaixo do nível antes da crise.

Andrew Bailey
Bailey falou em um webinar logo depois do pedido do governo britânico para que os cidadãos voltem a trabalhar em casa se possível, revertendo a iniciativa para trazer funcionários de volta aos locais de trabalho (Imagem: Tolga Akmen/Pool via REUTERS)

A recuperação tem sido rápida até agora e um pouco melhor do que o esperado no terceiro trimestre, mas “muito desigual”, e o desemprego é provavelmente maior do que o relatado.

Economistas argumentaram que o estresse iminente justificaria mais estímulo monetário do BOE. As atuais projeções econômicas do banco, que prevê recuperação para os níveis anteriores à crise no próximo ano, se baseiam no alívio da incerteza em torno do vírus e na prevenção de um confinamento nacional.

Na terça-feira, Bailey também reiterou a estimativa que as autoridades precisarão de fortes evidências de uma recuperação antes de pensarem em apertar a política monetária.

“Precisamos de muita confiança em um mundo de incertezas e mudanças de que a economia realmente está voltando aos trilhos”, disse.

Há todos os motivos para acreditar que estamos em um mundo de taxas de juros estruturalmente mais baixas, disse, acrescentando que isso também era verdade antes da crise.

Estabelecimentos de hospitalidade em toda a Inglaterra terão que fechar às 22h a partir de quinta-feira e serão limitados ao serviço de mesa em meio às medidas para controlar reuniões.

Alguns parlamentares pediram medidas mais severas, incluindo um lockdown curto para conter o aumento dos casos.

O JPMorgan Chase estima que uma paralisação de duas semanas do setor de hospitalidade no Reino Unido poderia diminuir o PIB do país em pelo menos 2%.

Banco da Inglaterra Andrew Bailey
Na terça-feira, Bailey também reiterou a estimativa que as autoridades precisarão de fortes evidências de uma recuperação antes de pensarem em apertar a política monetária (Imagem: Tolga Akmen/Pool via Reuters)

Embora o número não seja tão ruim quanto a retração recorde de 20% observada durante a paralisação generalizada no início deste ano, poderia atrasar a recuperação do Reino Unido, que Bailey disse ter sido até agora “bastante rápida” e mais forte do que as autoridades previram.

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