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Qual o futuro do mercado de criptoativos — e como tentar lucrar com ele

03 mar 2022, 15:55 - atualizado em 03 mar 2022, 16:06
Qual futuro do mercado cripto, segundo analista. (Imagem: Freepik/fullvector)

O mercado de criptoativos não para de crescer, e, com isso, novas tecnologias e projetos surgem com frequência.

Embora seja um caminho bem difícil para tentar prever, analisar qual o futuro do mercado e suas tecnologias é uma boa estratégia para os investidores saberem onde estudar e colocar dinheiro.

Para analisar essas novidades, o Crypto Times conversou com Luiz Pedro Andrade de Oliveira, analista chefe de investimento em criptoativos da casa Nord Research. Confira:

Você acredita que esse ano continuaremos vendo uma grande entrada de Venture Capitals e institucionais no mercado?

Acredito que esse ano não. O primeiro ponto que precisa ser observado é esse movimento regulatório vindo dos Estados Unidos. O foco desse movimento regulador vai ser para exchanges, DeFis e Stablecoins.

Tudo de certa forma ligado a esse mercado de DeFi de forma mais ampla.

No momento, vale observar os protocolos que já estão próximos aos reguladores, e já estão agindo conforme a regulação, ou provendo serviços voltados para institucionais.

Acho que é a melhor forma de capturar valor no curto e médio prazo, pensando em como vai vir essa regulação.

A própria SEC já comentou que não quer fazer uma regulação proibitiva, e sim algo mais pró-mercado, e que traga segurança e saúde para o  sistema.

Então acho que no momento os protocolos que mais estão próximos dos reguladores, e mais próximos do mercado institucional, é a UniSwap (UNI), e a Aave (AAVE).

Agora no que tange a questão de entrada de dinheiro, como ano passado, em que foi o ano que mais houve entradas de capital vindo de venture Captitals, fundos de capital de risco. 

Se você somar todos os anos, desde 2015 até 2020 todo capital que entrou desse tipo de fundo não equivale ao que entrou somente em 2021.

E por que isso aconteceu?

É importante entender que estávamos em um momento diferente dos mercados como um todo, indo além de cripto.

Existia um cenário muito propício para tomada de risco, principalmente lá nos Estados Unidos, onde o cenário era de  juros baixos, e de incentivos monetários.

Levando em conta o momento atual, e essa mudança de cenário com o FED, o equivalente ao banco central dos Estados Unidos, o cenário é o oposto.

Agora os Estados Unidos estão adotando uma política mais contracionista já em um momento mais tardio do que esperado, há um cenário inflacionário preocupante e uma taxa de juros real altamente negativa.

Acho que a tomada de risco agora vai ser muito mais consciente por parte dos institucionais, então eu não esperaria grandes movimentos institucionais pelo menos em 2022 no mercado de cripto.

Acho que a gente vai entrar no ciclo de amadurecimento do mercado.

Deixar esse dinheiro que entrou em 2021 amadurecer e ter seu efeito na prática, no desenvolvimento dos protocolos, e junto com isso esperar por essa regulamentação mais assertiva dos Estados Unidos, de forma mais definitiva, para depois a gente esperar de novo esse capital voltando muito forte.

Como capturar valor, e saber quais as melhores soluções de segunda camada (Layer 2)?

Eu acredito que a maior necessidade que existe de camada 2 no momento são para redes pouco escaláveis.

Um nome para o mercado de plataformas de smart contracts é a Ethereum (ETH), e a solução que mais tem se desenvolvido dentro dela é a Polygon (MATIC).

A rede da Polygon é uma camada 2 da Ethereum que funciona através dos roll-ups e tenta fazer esse serviço de escalabilidade complementar a Ethereum para aplicações e transações.

Nesse sentido, comprando outros protocolos também, e incorporando a ela alguns protocolos que já provem alguns serviços.

Então acredito que a melhor forma de capturar esse valor é estudar bem o projeto da Polygon e ver se vale a pena para você fazer esse investimento no futuro.

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É interessante entender o que está sendo criado junto com a Polygon e como capturar isso dentro do ecossistema dela mesma e com o próprio token. Acho que vale a pena, é um estudo bastante interessante.

Não somente do ponto de vista de investimento. Mas também de entender melhor os desafios, e o que que ela se propõe, como que ela complementa a Ethereum como uma solução de segunda camada.

Qual o futuro do metaverso, e como será a entrada de grandes marcas nele?

Metaverso é uma coisa que está muito além do nosso tempo atual. Existe muita coisa que precisa se desenvolver para que o metaverso tenha o sucesso esperado no futuro.

Primeiro é uma mudança de cultura do usuário da internet em enxergar de fato o valor de ter uma imersão maior.

E também vindo da outra do outro lado existe um valor para ser captado pelo usuário da internet em utilizar o metaverso ao invés de só utilizar o browser normal dele.

Eu acho que no momento atual as empresas estão tomando assim a medida que eu acho que é correta, experiências pequenas com metaverso.

O nível de usabilidade ainda é muito baixo, e tem pouca gente utilizando. A tendência é que no futuro cresça cada vez mais conforme a experiência melhore e surjam mais coisas para as pessoas fazerem lá dentro e de fato seja engajante.

Eu entendo que exista espaço para surgirem mais metaverso.

Hoje, os melhores estabelecidos no mercado são em primeiro lugar The Sandbox (SAND), que conta com uma vasta quantidade de empresas e de atrações lá dentro acontecendo recorrentemente.

E na sombra dele, temos a Decentraland (MANA). Ambos os protocolos foram pioneiros e colhem os frutos disso. A questão é utilizar esse pioneirismo para se manter no topo e trazer essa atratividade tanto para os usuários quanto para as marcas.

Algo que seja interessante para a marca monetizar, conseguir prover um serviço e estabelecer sua marca dentro daquele metaverso específico por ter um grande número de usuários e por ter um tempo de tela elevado de cada usuário.

E do outro lado, o usuário precisa ter alguma coisa sendo oferecida para ele por essas grandes marcas. Alguma experiência diferente, e ser algo interessante. É aquela história do ovo e da galinha. Os dois fazem parte desse crescimento do metaverso.

E também é esperar que hajam, e surjam, os metaversos centralizados no futuro. Já existem dois grandes exemplos que estamos esperando que surjam em breve: o do Meta, antigo Facebook, e o da Microsoft.

Para as outras marcas, que não são marcas de tecnologia, por exemplo Adidas, Gucci, Warner music ,que estão inseridas no metaverso com ações pontuais.

Não acho que faria sentido para eles em algum momento criar um metaverso próprio, se não tivesse força e adesão suficiente, ou uma base de fãs engajados suficiente para manter aquilo vivo e operacional.

Nesses casos, é melhor a marca ter várias unidades das ações em diversos metaversos do que criar um próprio. Até porque é algo bem caro criar seu próprio metaverso pensando como uma empresa.

É preciso desenvolver uma área dedicada para isso, os profissionais que sabem programar nas linguagens utilizadas nos principais blockchains cobram caro. Enfim, é uma mão de obra.

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Quais são os modelos de blockchain smart contracts que podem vir a ser uma grande destrava de valor no setor DeFi no futuro?

Hoje a Ethereum ainda se sobressai às demais em termos de Total Value Locked [Valor Total Travado], no setor de DeFi, e de quanto tem de saldo travado para a realização das operações.

Mas ela perdeu bastante Market share, sua participação no mercado, no último ano devido ao surgimento dessas concorrentes que conseguiram entregar uma usabilidade de fato.

Focado em defi eu vejo uma vantagem muito maior para as blockchains que tem um “settlement” mais rápido para transações, que consegue executar de forma mais rápida suas transações.

Acho que ultimamente, a que mais tem despontado nesse tem sido a Fantom (FTM). Um blockchain que o “settlement” das transações é inferior a dois segundos. Em alguns momentos é inferior até um segundo, essa é a média de tempo.

Ela possui uma infraestrutura muito rápida, e robusta, que até agora não apresentou falhas. Embora, deixe um pouco a desejar na descentralização, é um bom projeto que vem atendendo muito bem o mercado de DeFi.

O ecossistema da Solana também tem bons projetos de DeFi que entregam uma usabilidade boa, mas em quesito de TVL (capital travado, total value locked) crescendo eu traria o destaque para Fantom.

E em blockchains pensadas para jogos?

Os jogos assim como DeFi são aplicações, que na Essência precisam de uma alta frequência nas transações de dados.

Transação e Registro precisa ser registrados de forma rápida para poder fazer sentido para o jogo, esse que acontece de forma imediata.

Das que vem se destacando, em primeiro lugar, a que eu mais tenho visto novos jogos surgindo é na Binance Smart Chain.

Embora seja uma blockchain que eu particularmente não goste por ser extremamente centralizada e trazer algumas falhas de arquitetura que geram exploits (hacks), e por sua vez geram brechas para serem exploradas para agentes maliciosos.

Mas, é o blockchain que mais tem tido criação de novos jogos.

Olhando para o futuro, e por tendência de mercado, a estrutura da Solana também é uma boa rede para estudar. Entretanto, ela também precisa melhorar essa infraestrutura da contenção de ataques maliciosos, de DdoS (grandes fluxos de dados com intuito de travar rede)

Acho que ela tem boas características de estruturas de registro rápido e um desenho de tempo (time frame) bom para os registros. Pode fazer bastante sentido para o mercado de blockchain games.

Ainda vamos ver no futuro alguns projetos que o pessoal tem bastante expectativa no mercado, mas já estão sendo desenhados na Solana. Acho que dá para citar alguns nomes aqui, claro que nada é uma recomendação de investimentos, somente projetos que o mercado olha e fala bastante.

Dois deles são Aurory e o Star Atlas que visam ser criados na Solana justamente por essas características da própria rede que tende a ser favorável para criação de jogos.

Acho que o mercado de cripto games ainda está crescendo bastante. Acho que ainda tem muito para amadurecer em termos de infraestrutura, lógica econômica, lógica de jogo e até em gráfico propriamente dito, a experiência dos jogadores tende muito a melhorar dentro desse mercado de jogos em blockchain que acabou de surgir.

Para aqueles que acompanham o mercado de jogos tradicionais, de videogame, sabe que o desenvolvimento de um jogo bom não acontece do dia para noite, de uma semana para outra ou de um semestre para o outro.

Leva anos mesmo para você criar um jogo, e agora ainda tem a questão econômica do jogo entrando como mais um fator a ser pensado.

Então acho que o mercado de Cripto games recebe uma expectativa muito alta e acaba sofrendo por isso como uma forma de pressão para os projetos serem entregues o quanto antes.

Trata-se de um imediatismo que não condiz com a realidade do que esse mercado se propõe, nem com o que ele pode ser no futuro.

 

Repórter do Crypto Times
Jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Repórter do Crypto Times, e autor do livro "2020: O Ano que Não Aconteceu". Escreve sobre criptoativos, tokenização, Web3 e blockchain, além de matérias na editoria de tecnologia, como inteligência artificial, Real Digital e temas semelhantes. Já cobriu eventos como Consensus, LabitConf, Criptorama e Satsconference.
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Jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Repórter do Crypto Times, e autor do livro "2020: O Ano que Não Aconteceu". Escreve sobre criptoativos, tokenização, Web3 e blockchain, além de matérias na editoria de tecnologia, como inteligência artificial, Real Digital e temas semelhantes. Já cobriu eventos como Consensus, LabitConf, Criptorama e Satsconference.
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