Economia

Rating BB: O que a revisão da nota de crédito diz sobre a economia brasileira (e por que nem tudo são flores)

26 jul 2023, 16:06 - atualizado em 26 jul 2023, 16:06
Fitch, rating, economia
Fitch afirma que a decisão de ajuste do rating reflete desempenho macroeconômico e fiscal melhor que o esperado. (Imagem: Reuters/Brendan McDermid)

Nesta quarta-feira (26), a agência de classificação de risco Fitch elevou a nota de crédito de longo prazo em moeda estrangeira do país de “BB-” para “BB”, com perspectiva estável.

Segundo a agência, a decisão reflete desempenho macroeconômico e fiscal melhor que o esperado. A Fitch destaca que a expectativa é de que as novas regras fiscais e medidas tributárias no Brasil ancorem uma consolidação fiscal gradual.

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“Apesar das persistentes tensões políticas desde o rebaixamento de 2018, o Brasil alcançou progresso em importantes reformas para enfrentar os desafios econômicos e fiscais”, diz o comunicado da agência.

A Fitch ainda destaca que, apesar do “novo governo esquerdista de Lula” defender um afastamento da agenda econômica liberal dos governos anteriores, o pragmatismo e os freios e contrapesos institucionais devem evitar desvios radicais de macro ou micropolítica.

O que é rating?

Basicamente, os ratings são avaliações sobre a qualidade de crédito. As agências de classificação de risco avaliam a saúde financeira e a capacidade de um país ou empresa de honrar suas obrigações financeiras. Ou seja, o rating diz se é seguro investir ou emprestar dinheiro para um emissor.

As principais agências são a Moody’s, S&P e Fitch, sendo que as avaliações variam de AAA (que significa “mais alta qualidade” de crédito) até C (que representa um risco excepcionalmente alto de calote).

No caso de países, as agências levam em conta vários fatores econômicos e políticos, como nível de alavancagem, déficit primário, taxa de juros, contexto político, atividade econômica e reformas promovidas pelo governo.

E a economia brasileira com isso?

Na prática, a melhora no rating brasileiro é um sinal de que o país está melhor economicamente e a tendência é que haja um aumento nos aportes de investimentos no Brasil, além de uma queda do dólar frente ao real.

A Fitch, por exemplo, destaca que a inflação caiu para 3,2% em junho em relação ao ano anterior, quando o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou alta de 11,9%.

“Os ratings do Brasil são sustentados por sua grande e diversificada economia, alta renda per capita e profundos mercados domésticos e um grande colchão de caixa que sustentam a flexibilidade de financiamento do soberano e sua alta parcela da dívida em moeda local”, diz a agência.

Além disso, a avaliação é de que o país tem uma capacidade de absorção de choques, sustentada por uma taxa de câmbio flexível, reservas internacionais robustas e uma posição soberana líquida de credores externos.

Por outro lado, os são limitados pela alta dívida do governo, rigidez fiscal, fraco potencial de crescimento econômico e pontuações de governança relativamente baixas.

Pramol Dhawan, head de dívida de mercados emergentes da PIMCO, afirma que a decisão confirma o sentimento positivo com Brasil, mas que o país ainda precisa avançar em reformas e fiscal para retomar grau de investimento.

Álvaro Bandeira, economista e coordenador da comissão de economia da APIMEC Brasil (Associação dos Analistas e Profissionais de Investimentos do Mercado de Capitais) concorda que ainda estamos muito longe de retomar o grau de investimento.

“O governo, claro, comemorou com razão essa melhora na classificação de risco, mas certamente estamos longe de conseguir esse grau de investimento. Isso vai depender, fundamentalmente, de avaliar as reformas que estão em curso no Congresso Nacional e se elas efetivamente serão eficientes para reposicionar o país na rota do crescimento maior”, afirma.

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Formada em Jornalismo pela PUC-SP, tem especialização em Jornalismo Internacional. Atua como editora-chefe no Money Times e já trabalhou nas redações do InfoMoney, Você S/A, Você RH, Olhar Digital e Editora Trip.
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