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Real Digital tem objetivo de baratear operações no mercado de capitais, diz superintendente de ativos digitais do Itaú

15 mar 2023, 19:13 - atualizado em 15 mar 2023, 19:50
Itaú
(Imagem: Rafael Borges/ Money Times)

Os testes do Real Digital foram anunciados recentemente pelo Banco Central. O presidente, Roberto Campos Neto, confirmou que a Hyperledger Besu, um blockchain privado de segunda camada do Ethereum, será utilizada neste teste-piloto.

José Antunes Augusto Filho, superintendente de ativos digitais do Itaú, comenta em entrevista ao Crypto Times que o principal objetivo é baratear as operações no mercado de capitais. O próprio Campos Neto já se referiu à moeda digital como “O Pix do mercado de capitais”.

O superintendente de ativos digitais do Itaú ainda reforça que o Real Digital não vai excluir o Pix. A tecnologia ainda será utilizada em pagamentos no varejo, como meio de pagamento no cotidiano. Portanto, para ele, o ponto em que o Real Digital mais impacta é o de mercado de capitais.

“A gente entende que existe uma camada dentro do mercado de capitais para operações que são tokenizadas. Por exemplo, no caso de uma operação de uma ação tokenizada, algo que pode acontecer no futuro,”, coloca.

Real Digital tem objetivo de baratear operações no mercado de capitais

O Itaú está apoiando a fase de testes com um corpo técnico por meio da FEBRABAN. A partir dos resultados, será definido qual caminho o BC irá tomar em relação às CBDCs e ao Real Digital.

Antunes explica que a ideia é que o Real Digital funcione como intermediário nas operações do mercado de capitais. A ideia central é de que a moeda digital seja interoperável entre os demais ativos tokenizados.

“Quando essa ação [tokenizada] é liquidada, o digital não conversaria com o fiduciário. O que você teria quando líquida aquela operação é um token, que será o Real Digital. Se você quiser comprar uma ação ou outro ativo em outra instituição, você terá que transferir esse token para outra instituição”, exemplifica.

Hoje, o que acontece é que o usuário precisa transformar esse token em dinheiro, mandar dinheiro para outra instituição e por fim comprar um token de novo.

O Real Digital irá funcionar em uma camada de operação diferente, onde as operações serão feitas apenas em tokens, excluindo a necessidade de converter em moeda fiduciária, e potencialmente reduzindo custos.

“A gente entende que existem, pelo que foi apresentado, dois layers [camada] que vai funcionar. As CBDCs, que são as operações interbancárias, como ele [Roberto Campos Neto] chamou, e o de real digital que é muito voltado a liquidação das operações de mercado de capitais e a interoperabilidade através do blockchain”, explica.

A tokenização de títulos públicos também foi anunciada dentro do cronograma do presidente do BC, para fevereiro de 2024, conforme lembra Antunes.

Escolha de blockchain mostra confiança do BC no mercado cripto

Para ele, a escolha do blockchain mostra que o mundo cripto já conhece, e prega, há muito tempo, que o Ethereum é um blockchain com segurança e usabilidade muito eficiente.

“A Hyperledger Besu é um layer 2 do Ethereum [blockchain de segunda camada] que promete toda essa funcionalidade de segurança do Ethereum somado a um custo mais acessível de blockchain para que sejam tokenizados os ativos”.

“Acho que foi isso que levou o grupo a olhar para esse blockchain, é isso também que leva ao BC a testar esse ambiente. Nós acreditamos que isso é positivo para o mercado cripto por validar que de fato esses blockchains, privados ou não, tenham casos de uso reais.”

Ele comenta que o Itaú está construindo um serviço de custódia como serviço para empresas. Mas apenas a regulação traria maior clareza de quem poderia ser responsável pela custódia e distribuição de ativos digitais.

“Nós ainda não temos essa resposta, estamos aguardando nos próximos meses uma regulação vir com esses detalhes para que possamos adaptar a oferta, e esse produto, a fim de atender essas requisições técnicas do Banco Central em relação ao Real Digital”, diz.

Repórter do Crypto Times
Jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Repórter do Crypto Times, e autor do livro "2020: O Ano que Não Aconteceu". Escreve sobre criptoativos, tokenização, Web3 e blockchain, além de matérias na editoria de tecnologia, como inteligência artificial, Real Digital e temas semelhantes. Já cobriu eventos como Consensus, LabitConf, Criptorama e Satsconference.
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Jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Repórter do Crypto Times, e autor do livro "2020: O Ano que Não Aconteceu". Escreve sobre criptoativos, tokenização, Web3 e blockchain, além de matérias na editoria de tecnologia, como inteligência artificial, Real Digital e temas semelhantes. Já cobriu eventos como Consensus, LabitConf, Criptorama e Satsconference.
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