Mercados

Recessão nos EUA volta a assustar mercados com risco de Fed mais agressivo

14 set 2022, 12:26 - atualizado em 14 set 2022, 12:32
Risco de recessão da economia dos EUA cresce, à medida que o Fed precisará manter postura dura na alta dos juros para domar inflação (Imagem: Empiricus/Unsplash/Montagem Felipe Alves)

Os dados “salgados” da inflação ao consumidor nos Estados Unidos (CPI, na sigla em inglês) divulgados ontem não apenas reforçaram as apostas de um Federal Reserve agressivo (“hawkish”) no ciclo de alta da taxa de juros. Mais que isso, os números também resgataram o temor de recessão da economia americana, respingando na atividade global.

“A narrativa do ‘pouso suave’ é muito improvável”, avalia o economista-chefe da Integral Group, Daniel Miraglia. Para ele, o processo de aperto monetário do Fed será “muito restritivo”.

Tanto que segue viva a chance de um aperto maior na taxa de juros na semana que vem, de um ponto percentual (pp). A última vez que o Fed promoveu um movimento tão drástico foi no início dos anos 1980 – outro período de inflação altíssima, durante a chamada “Era Volcker”.

No mercado futuro, essa possibilidade para a reunião deste mês já está em cerca de 30%, de zero um dia antes. Ainda assim, a expectativa majoritária permanece por um novo aumento de 0,75 pp, com 70%. Se confirmada essa previsão, será a terceira alta seguida nesta magnitude. 

Juros acima de 4%

Com isso, o mercado também já começa a trabalhar com uma taxa terminal acima de 4% ao final neste ano, em meio às apostas divididas para a última reunião do Fed, em dezembro. 

Além de aumentos agressivos na taxa de juros dos EUA, também é esperada uma aceleração na retirada dos estímulos monetários, através da redução do balanço patrimonial do Fed.

“Tudo isso significa que o Fed ainda tem um bom trabalho a fazer antes de declarar fim à guerra contra a inflação”, observa o economista da Guide Investimentos, Rafael Pacheco.

Recessão e as Treasuries

Todo esse processo duro do Fed tende a levar à inversão completa da curva de juros. Ou seja, os rendimentos (yields) dos títulos da dívida dos EUA (Treasuries) de curto prazo tendem a pagar mais que os de longo prazo. 

“Curva invertida é característica comum de antecipar processo recessivo”, lembra Miraglia, da Integral. Para ele, a recessão da economia americana deve acontecer ainda neste ano, tendo continuidade em 2023. 

Basta estar atento aos sinais vindos do mercado. Por volta das 12h desta quarta-feira (14), o rendimento da T-note de dez anos estava em 3,407%, de 3,415% na sessão anterior; abaixo do yield da T-bill de 2 anos, em 3,767%, de 3,746% na sessão anterior. 

Sinal mais confiável

Porém, o BCA Research observa que o sinal mais confiável de recessão econômica vindo da inclinação da curva de juros é entre os yields de três meses (T-bill) e de 10 anos (T-note). “E ainda não há um sinal de recessão”, observa o estrategista-chefe Peter Berezin.

Ainda no mesmo horário, o rendimento da T-bill de 3 meses estava em 3,217%, de 3,202%, na mesma comparação. Portanto, abaixo do yield das Treasuries referenciais de 2 e de 10 anos. 

No entanto, a má notícia é que os yields dos papéis soberanos de 2 anos (T-bill) e o referencial de 10 anos, geralmente, se inverte primeiro que o de três meses em relação. “E se o Fed aumentar as taxas de juros até o final do ano como precificado no mercado futuro, uma inversão do segmento de 3 meses/10 anos ocorrerá com quase certeza”, alerta o BCA.

Como resultado, o grande grau de inversão da curva de Treasuries experimentado ao final da década de 1970 e no início da década de 1980 pode se concretizar mais uma vez. “E o Fed terá que arquitetar uma recessão severa para domar as maiores pressões sobre os preços também em 40 anos”, conclui o estrategista da consultoria canadense.

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Editora-chefe
Olívia Bulla é editora-chefe do Money Times, jornalista especializada em Economia e Mercado Financeiro, com mais de 15 anos de experiência. Tem passagem pelos principais veículos nacionais de cobertura de notícias em tempo real, como Agência Estado e Valor Econômico. Mestre em Comunicação e doutoranda em Economia Política Mundial, com fluência em inglês, espanhol e conhecimento avançado em mandarim.
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Olívia Bulla é editora-chefe do Money Times, jornalista especializada em Economia e Mercado Financeiro, com mais de 15 anos de experiência. Tem passagem pelos principais veículos nacionais de cobertura de notícias em tempo real, como Agência Estado e Valor Econômico. Mestre em Comunicação e doutoranda em Economia Política Mundial, com fluência em inglês, espanhol e conhecimento avançado em mandarim.
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