Pecuária de corte

Reposição alinha preços altos do bezerro em todas regiões sem temor de queda na economia

11 mar 2020, 10:42 - atualizado em 11 mar 2020, 11:04
Boi mantém tendência de valorização e a reposição segue com preços firmes e pouca oferta

Enquanto o Banco Central Europeu, os Estados Unidos e até a China alertam para a iminência de uma desaceleração econômica mundial, no arrasto da crise deflagrada pelo coronavírus, alguns setores ainda se movimentam como se não estivesse acontecendo nada. Melhor para eles, naturalmente.

É o caso do mercado do boi, onde o termômetro da reposição de animais anima vendedores e terminadores. Estes, mesmo reclamando dos preços na formação das boiadas, acreditam que a @ na venda vai devolver o custo da aquisição do bezerro.

Como sugeriu Gustavo Figueiredo, consultor da AgroAgility, um título para este texto: “Reposição explode e boi gordo tende a seguir a alta”.

E esse boi gordo em São Paulo, girando nas referências de balcão entre R$ 200,00 e R$ 202,00 (Scot, Agrifatto e Cepea/Esalq), que permanecem estabilizadas há semanas, tem negócios concretizados seguindo de R$ 205,00 a R$ 210,00.

De modo geral, a maioria pensa que a vida na China vai seguir normal, à reboque da retração da epidemia por lá, e o grande comprador mundial vai vir com tudo de novo com o fim dos estoques.

Outros mercados podem reservar dúvidas, pois é justamente neles que o Covid-19 se multiplica, mas não entraram no radar do mercado brasileiro, mesmo com a situação ficando mais crítica no Oriente Médio e Europa.

A Itália, um dos principais compradores da Europa, simplesmente ‘fechou’. Sem lembrarmos de outros exemplos, ainda temos o mercado brasileiro sem parâmetro firme quanto ao consumo.

E frigorífico pode até pressionar em razão disso da pressão europeia, como lembrou Caio Junqueira, da Cross, em entrevista ontem ao Notícias Agrícolas.

Acontece que falta boi, “o rebanho diminui muito”, segundo Juca Alves, de Barretos, e por menos de R$ 2,1 mil é difícil encontrar bezerro bom em São Paulo, de acordo com o que ele está sentindo nas suas necessidades de compras e visto em leilões, como um deles em São José do Rio Preto dia desses.

“E pecuarista grande que precisa de reposição boa já vem comprando na barriga da vaca”, afirma o pecuarista.

Na faixa de R$ 1,8 mil, ainda no estado de São Paulo, só bezerro meia boca, como reportam no grupo AgroBrazil.

Desequilíbrio da @

O cenário parece bastante alinhado regionalmente em termos de valores. Em Goiás, com o desmame mais cedo, na banda superior de preço um bezerro está valendo até R$ 2,5 mil, e na inferior em torno de R$ 1,750, de acordo com Maurício Velloso, presidente da Assocon (confinadores).

Em Goiatuba, seguindo informações do AgroBrazil, ontem (10) saiu negócio de bezerro a R$ 2,180 mil a cabeça.

“Permanece valorizada (a reposição). Ou melhor, permanece em valorização.  Ainda não encontrou o equilíbrio com a @, simplesmente pela @ ainda não ter encontrado o seu piso e teto”, complementa Velloso. O descompasso inibe também a disposição do vendedor, como em Araçatuba e região Francisco Brandão, vice-presidente do Siran (sindicato dos produtores rurais), observa.

Em Leilões Correa da Costa, de Campo Grande (MS), desta terça até amanhã, os lotes de abertura de preços vêm com R$ 1,865 mil em bezerros de até 10 meses e de R$ 2,120 mil de até 12 meses, para nelores. Para animais cruzados, de 12 a 15 meses, R$ 1,820.

“Firme, bastante firme aqui em Aquidauana, sem nenhuma expectativa negativa quanto ao mercado retraído seja pela epidemia seja pelo consumo interno”, avalia Frederico Stella, da cidade pantaneira do Mato Grosso do Sul.

No estado vizinho, em Canarana, no Leste do Mato Grosso, Marcos Jacinto, que está no ciclo completo, tem bezerro em de R$ 8,00 a R$ 9,00, diante de na ponta do vendedor do gordo a @ estar entre R$ 190,00 e R$ 195,00.

No Norte, em Alta Floresta, Carlos Eduardo Dias, da Marca 40, forte na cria, não vê bezerro de oito meses por menos de R$ 2 mil.

 

Repórter no Agro Times
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
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