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Resultados do 2T23 de bancões americanos revelam um vencedor e um patinho feio; provisão para devedores dispara

19 jul 2023, 19:26 - atualizado em 19 jul 2023, 19:26
Goldman Sachs bancos investimento
O Goldman Sachs foi o único do “Big Six” a apresentar números abaixo do esperado pelos analistas (Imagem: REUTERS/Brendan McDermid/File Photo)

Os seis principais bancos dos Estados Unidos divulgaram, entre sexta-feira passada (14) e ontem (18), os resultados referentes ao segundo trimestre de 2023.

Mais uma vez, os números de receita e lucro do grupo de “grandes demais para quebrar” mostraram que o tamanho importou e muito.

Mesmo diante de uma economia em desaceleração, cinco dos seis grandes bancos conseguiram superar a projeção dos analistas para o trimestre.

Foram eles: JPMorgan & Chase (JPM; JPMC34), Citigroup (C;CTGP34), Wells Fargo (WFC; WFCO34), Bank of America (BAC; BOAC34) e Morgan Stanley (MS; MSBR34).

O único banco a decepcionar nos resultados foi o Goldman Sachs (GS;GSGI34), considerando o fraco contexto para o mercado de capitais e a grande exposição da empresa a produtos de investimento.

O “segredo” do sucesso veio, como já antecipado por aqui, pelo aumento da receita com juros em produtos de empréstimo. Ou seja, os grandes bancos conseguiram obter crescimento a partir do ciclo de aperto monetário executado pelo Federal Reserve ao longo do último ano.

Thiago Auzier, analista da Kinea Investimentos, nota que, aliado a uma robusta captação de receita com juros, os fundamentos financeiros dos bancões se mostraram sólidos o suficiente para manter a confiança dos investidores.

Nesse sentido, cabe destacar uma pressão do custo de depósito (o quanto os bancos pagam para manter as contas dos clientes) mais controlada do que se imaginava. A métrica, que dá um retrato da liquidez das instituições, ganhou mais importância depois da falência de bancos regionais em meados de março, como o SVB e do First Republic Bank.

Confira abaixo os principais pontos dos resultados de bancos americanos do segundo trimestre.

JPMorgan & Chase deixa concorrentes comendo poeira

O maior banco em ativos dos Estados Unidos, com quase US$ 3,9 trilhões em seu balanço, viu sua receita com juros aumentar 123% e encerrar o período em US$ 41,644 bilhões.

Ainda que suas despesas com juros também tenham apresentado forte crescimento, de 465%, ou US$ 19,865 bilhões, o porte da instituição permitiu a mesma divulgar uma alta de 34% na receita líquida, totalizando US$ 41,307 bilhões no trimestre.

O banco comandado por Jamie Dimon, aliás, deixou seus rivais comendo poeira na divulgação dos números.  Isso, porque, mesmo desconsiderando a aquisição de parte dos ativos do First Republic Bank, que rendeu US$ 2,4 bilhões adicionais de lucro ao JP, houve uma alta de 21% no faturamento e 40% na linha final de resultado.

O retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) foi de 20%, 7 pontos percentuais acima do apresentado no mesmo período do ano passado.

Braço de investimento de bancos continua sofrendo, mas sofre menos

JPMorgan Chase, Bank of America, Morgan Stanley e Citigroup superaram as expectativas dos analistas em relação à receita de emissão de equities no trimestre.

Assim, com exceção do Citigroup, todos os outros bancos conseguiram apresentar crescimento nessa linha de negócio em relação ao mesmo período do ano anterior. O mesmo grupo de bancos também conseguiu reduzir a emissão de dívidas.

Segundo a CFO do Morgan Stanley, Sharon Yeshaya, o sentimento é de que as coisas estão melhorando, com sinais encorajadores. De acordo com a executiva, a carteira de novos pedidos de emissões está sendo construída e indica que essa parte da companhia deve ter um 2024 melhor do que 2023.

Já a CEO do Citigroup, Jane Fraser, comentou que está vendo sentimento parecido na sua instituição. Nas palavras da diretora, globalmente o banco está vendo menos ansiedade de seus clientes em relação ao financiamento de suas operações, com as grandes corporações aproveitando para emitir novas dívidas mesmo pagando taxas maiores diante da demanda por esses papéis.

Goldman Sachs, o patinho feio

Segundo Enzo Pacheco, analista da Empiricus Research, o destaque negativo na mini temporada de resultados financeiros é, sem dúvida, o Goldman Sachs.

O banco, que tem alta penetração no segmento de investimento, continua sofrendo com a falta de apetite de clientes pessoa física e institucionais por produtos relacionados ao mercado de capitais. O cenário mais árido para IPOs e M&As (fusões e aquisições) impacta, inclusive, a baixa procura por serviços especializados do braço de investimento, como aconselhamento e estruturação de ofertas.

O banco centenário reportou queda de 8% na receita na comparação anual, que ficou nos US$ 10,895 bilhões, e de 62% no lucro líquido, a US$ 1,071 bilhão. Diante desses números, o ROE anualizado do banco caiu para 4%. 

Sinais dos tempos: bancos sentem aumento de endividamento e menor capacidade de poupança das famílias

Mesmo passando pelo crivo dos analistas, um aspecto comum ao balanço de todos os grandes bancos foi o aumento das provisões para devedores duvidosos.

A cifra total, pontua a Empiricus Research, totalizou US$ 8,337 bilhões no segundo trimestre, um crescimento de 96%, ou US$ 4,246 bilhões, em relação ao mesmo período do ano passado.

Além disso, mesmo essas grandes instituições viram seus depósitos reduzirem no trimestre, indicando que os clientes estão tendo que utilizar seus recursos para poder pagar suas contas. O JPMorgan Chase viu os depósitos recuarem 3% na comparação anual, o Bank of America perdeu 5% e o Wells Fargo 6%.

Os executivos também reforçaram que, apesar da resiliência da economia americana, o momento ainda sugere cautela. A alta dos juros, aliado a uma inflação subjacente de quase 5%, é um fator de pressão para o orçamento das famílias americanas.

Estagiário
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
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