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Risco Brasil encareceu captação, diz Banrisul, investimentos do agro são do caixa

02 mar 2021, 15:42 - atualizado em 03 mar 2021, 7:19
Sustentabilidade dinheiro sendo plantado árvores ESG
Carteira do agronegócio do banco estatal gaúcho cresce em todas as modalidades de empréstimos (Imagem: Freepik)

Para priorizar o crédito ao agronegócio com dinheiro próprio basicamente para investimentos, que são, em geral, operações de longo-prazo, o Banrisul (BRSR3) registrou encarecimento na captação de recursos desde a última semana, mas, contraditoriamente, diz que não está captando.

O sistema financeiro está tendo custo maior na tomada de novos recursos ou na rolagem dos mesmos, diante do crescimento da sensação de risco sobre a expectativa de juros futuros.

A instabilidade gerada a partir do caso Petrobras, e os outros ‘bodes na sala’ gerados pelo governo Jair Bolsonaro e Congresso, além do alarmante quadro da pandemia no Brasil, não escapam aos agentes financeiros avessos aos riscos sistêmicos sobre a economia.

“Os financiamentos para o agro com juros de mercado poder ser afetados, sim, dependendo do nível de estresse no mercado”, afirma Robson Santos, superintendente da Unidade de Agronegócio.

O banco estatal gaúcho monitora essa conjuntura que pode implicar, em caso agudo, no funding, se necessário for, para a modalidade de empréstimos não-carimbados, ou seja, com recursos próprios, fora do Plano Safra. Mais o indigesto aumento do spread.

Mas ele insiste em dizer que até agora vai indo tudo bem, ao garantir que a dotação disponibilizada é resultado do lastro do caixa.

Foram R$ 450 milhões no ano-safra (julho a junho) atual destinados a irrigação, armazenamento e outras necessidades de investimentos, alinhadas aos gargalos regionais, tendo o papel de suporte do BNDES – em operações que podem ir de 5 a 12 anos -, se esgotado.

O que ajudou, destaca o executivo, é que o Banrisul foi habilitado pelo Tesouro Nacional a usar recursos do banco equalizados às taxas oferecidas pela instituição federal de fomento, de 6%.

“Priorizamos os investimentos porque é o dinheiro que acaba mais rápido do Plano Safra”, diz Santos, lembrando que, em dado momento de 2020, os juros do programa de crédito governamental estiveram acima das taxas livres do mercado, com os patamares baixos dos juros Selic.

O Banrisul arrisca no agronegócio também na parte da carteira coberta por recursos oficiais das safras. E aqui vão basicamente para custeio, comercialização e industrialização, geralmente com prazos de um ano.

O superintendente da instituição do governo do Rio Grande do Sul afirma que houve até agora volume considerável ofertado abaixo do teto de juros estabelecido pelo governo, de 2,5% à agricultura familiar e de 5% ao ano aos médios produtores.

No total do ano-safra 20/21, somadas as modalidades de empréstimos, o Banrisul disponibilizou R$ 4,1 bilhões, 26% a mais quem em 19/20. Mas não significa que necessariamente vá performar todos os financiamentos requeridos pelos empresários do agro por esse guarda-chuva. Robson Santos lembra que todas as linhas de créditos estão abertas.

Em 2020, somando o segundo semestre do Plano Safra do ciclo 19/20 e o primeiro do período 20/21, o superintendente de Agronegócio aponta a expansão da carteira de novas concessões em 76,4% sobre 2019.

Com o baixo endividamento dos tomadores gaúchos, “no menor nível histórico do banco”, não há o que reclamar. Os arrozeiros tiveram uma safra muito boa em 2020, que ajudou recuperar perdas dos anos anteriores, e as negociações foram positivas.

Quanto à soja, onde a estiagem afetou muito as lavouras do Rio Grande do Sul, o banco “conseguiu defender a carteira, por meio de um percentual próximo a 90% dos custeios, com seguro agrícola, enquanto no restante das operações reprogramamos os vencimentos de modo a viabilizar a continuidade do produtor rural na sua atividade para termos liquidez no crédito”, complementa Robson Santos.

Dito isto, o setor agregado campo-indústria deu ao Banrisul um saldo de R$ 3,4 bilhões no último dia de dezembro. Mais 27,5% na comparação com o que entrou no balanço de 2019.

Repórter no Agro Times
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
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