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Rodolfo Amstalden: Ao investir, não caia nas suas armadilhas mentais

28 nov 2021, 12:00 - atualizado em 27 nov 2021, 0:06
Rodolfo Amstalden, fundador da Empiricus Research
“Não se engane. Todos nós somos suscetíveis a cair em armadilhas mentais. Então, entender como o nosso cérebro funciona é essencial para que a gente tome decisões mais assertiva”, escreve o colunista (Imagem: YouTube/ Empiricus)

Você é racional ao lidar com o dinheiro e fazer investimentos? 

Não se engane. Todos nós somos suscetíveis a cair em armadilhas mentais. Então, entender como o nosso cérebro funciona é essencial para que a gente tome decisões mais assertivas. 

Não é à toa que as finanças comportamentais se tornaram um dos campos de estudos que mais crescem. O objetivo é compreender aspectos psicológicos e emocionais no processo de avaliação e precificação de ativos. 

Falando aqui de forma conceitual, a racionalidade significa que, diante de alternativas, as pessoas usam informações de modo lógico, com bom senso e total discernimento, para fazer suas escolhas. 

Entretanto, pesquisadores descobriram que os indivíduos possuem crenças e vieses cognitivos que fazem com que a racionalidade não seja completa. 

Retomando um pouco da história, os grandes ‘papas’ nesse assunto, os psicólogos Daniel Kahneman e Amos Tversky, demonstraram que os investidores tendem a realizar ganhos prematuramente, mas são dispostos a aumentar a exposição às opções mais arriscadas na tentativa de recuperar perdas. Ou seja, temos mais aversão à perda do que ao risco.

Eles também descobriram que, considerando um mesmo valor, o sofrimento associado à perda é 2,5 vezes mais intenso do que o prazer ligado ao ganho. Isso quer dizer que, se você perder R$ 100, a intensidade do seu sofrimento será 2,5 vezes maior do que o prazer de ser premiado com uma nota de igual valor.

Tendência a seguir por caminhos mais fáceis

Nossa mente é capaz de gerar distorções e ilusões. É muito comum o uso de atalhos na busca de soluções, uma forma inconsciente e na nossa natureza para poupar energia. 

Por conta do viés de autoconfiança, os investidores tendem a superestimar seus conhecimentos e opiniões e subestimar os riscos. 

Tem também a falácia do custo irrecuperável. Neste caso, o dinheiro investido torna-se uma justificativa para continuar mesmo quando, do ponto de vista objetivo, não faz nenhum sentido. 

Por exemplo, você compra ingresso para o cinema com antecedência, pega trânsito até o local, mas depois se esforça para continuar assistindo o filme, pois é ruim, porém, você insiste e fica até o final. Isso porque você se apegou ao seu plano, gastou tempo de deslocando até lá e pagou pelo ingresso. 

Há empresários que prosseguem por muito tempo tocando projetos que não dão resultado por muito tempo por considerarem os investimentos realizados, sendo que seria mais lógico mudar a estratégia.

No mercado de ações, isso costuma acontecer. Muitos investidores têm relutância em aceitar perdas com algumas posições que não valem mais a pena, considerando os aportes que já fizeram. 

No entanto, o caminho para tomar melhores decisões é ignorar custos acumulados. Quanto você investiu ficou para trás, a única coisa que conta é o presente, os fundamentos das empresas e suas perspectivas para o futuro. 

A atenção midiática

No começo deste mês, no evento de comemoração de aniversário da Empiricus, eu conversei com Terrance Odean, professor de Berkeley, especialista em finanças comportamentais. Segundo estudos que ele realizou, investidores de varejo tendem a ser muito influenciados pela mídia e pelas redes sociais ao escolher seus investimentos

Quando uma ação tem grande cobertura nos jornais ou vira tópico nas redes, aumentam significativamente suas negociações, o que impacta os seus preços no curto prazo. 

A constatação é que as pessoas confiam muito em tudo aquilo que está sob o holofote midiático e nas opiniões da maioria, contrariando suas próprias preferências e desviando dos seus planos.

 Mas o que fazer para tomar melhores decisões de investimentos? 

Em primeiro lugar, é interessante fazer uma autoavaliação do seu perfil e objetivos como investidor, entendendo também seu grau de tolerância ao risco. 

Para fazer boas escolhas, você deve ter ciência da sua predisposição aos vieses comportamentais e manter o senso crítico aguçado. Nesse sentido, é essencial estudar, analisar com mais profundidade o cenário e as alternativas que se apresentam. 

Ainda há muita coisa para ser desvendada em finanças comportamentais. Aqui na Empiricus temos contribuído com debates e iniciativas nesse caminho do autoconhecimento.

Agora, estamos apoiando a pesquisa acadêmica “Fatores que influenciam as decisões de investimentos no mercado de ações brasileiro”, conduzida por Sandra Santos, do Mestrado Profissional em Gestão de Negócios da Fundação Instituto de Administração (FIA), sob a orientação do professor Olivo.

Ela está replicando aqui no Brasil um questionário que foi usado para identificar os vieses comportamentais em investidores asiáticos.

Além de o tema ser interessante por si só, será possível comparar as similaridades e/ou diferenças entre os vieses nesses três países culturalmente distintos.

Convido você a participar. Para responder às questões, você levará poucos minutos. Depois, quando os dados forem analisados e o estudo concluído, você receberá em primeira mão um relatório resumido sobre os vieses comportamentais identificados e como lidar melhor com eles. Eis aí uma oportunidade legal.

QUERO FAZER O TESTE DE FINANÇAS COMPORTAMENTAIS
E RECEBER O RESULTADO EM PRIMEIRA MÃO

Abraço!

Sócio-fundador da Empiricus
Sócio-fundador da Empiricus, é bacharel em Economia pela FEA-USP, em Jornalismo pela Cásper Líbero e mestre em Finanças pela FGV-EESP. É autor da newsletter Viva de Renda.
Sócio-fundador da Empiricus, é bacharel em Economia pela FEA-USP, em Jornalismo pela Cásper Líbero e mestre em Finanças pela FGV-EESP. É autor da newsletter Viva de Renda.
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