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Sob quebra da cana, Enersugar lucra, premia fornecedores e já fixou 40% de açúcar para a 2ª safra cheia

14 jan 2022, 11:10 - atualizado em 14 jan 2022, 11:18
Enersugar Bioenergia
Usina ‘nova” do Sudoeste de São Paulo parte para uma safra melhor em 22/23 (Imagem: Divulgação)

Na primeira safra completa da Enersugar Bioenergia, quando se avizinhava a seca que derrubaria a produção geral de cana 21/22, os sócios se assustaram.

Mal absorveram o baque da pandemia iniciada em 2020, quando a usina operou uma safrinha curta para azeitar as máquinas e processos, e com dívidas para cumprirem, contraídas para levantarem a unidade, o cenário não inspirava muito otimismo.

Mas, ao final do ano, eis que Sylvio Ribeiro do Valle Jr, os irmãos Finotti e o fundo de equity americano Amerra Fund apuraram um faturamento de R$ 200 milhões e um “leve” lucro, após 750 mil toneladas moídas (esperavam 850 mil), 60 mil/t de açúcar e 30 milhões de litros de etanol.

E justamente os problemas que surgiram deram gás para o resultado, segundo Valle, o produtor que virou usineiro, como seus sócios brasileiros.

Com agilidade, a Enersugar partiu para mais açúcar, exportou a preços de quebra de safra do Centro-Sul nas cotações de Nova York, e, depois que as autorizações para venda de etanol foram dadas pela ANP – até então um “problemão” em plena safra – comercializaram o biocombustível anidro (mais valorizado que o hidratado) praticamente no apagar das luzes das operações.

“Conseguimos até oferecer uma ajuda para os produtores que preferiram vender a cana no spot a R$ 90”, lembra o sócio da falida ex-Usina Pau D’Alho, acentuando que os fornecedores de contrato conseguiram valores entre R$ 136 e 140 a tonelada, geralmente em torno de 10% acima do Consecana (sistema setorial que mede preços via qualidade e cotações).

Fixação de açúcar

A Enersugar carrega R$ 130 milhões em financiamentos, que Valle e os Finotti levantaram para erguerem a massa falida – o minoritário Amerra Fund não entrou com aportes -, com vencimentos bem distribuídos entre médio e longo prazos, projeta a próxima safra em pouco mais de 1 milhão/t de cana.

“As chuvas estão garantindo uma recuperação razoável”, pontua o empresário, apesar de que a seca de 2021 gerou uma outra condição. Na região, entre a cana dos sócios e dos cerca de 80 a 100 fornecedores, se contava com um plantio novo, ou em renovação, de 8 a 10 mil hectares, mas a falta de mudas encurtou o planejado para 5 mil/ha.

E enquanto há certa dúvida em relação ao volume de etanol a ser entregue ao longo de 2022, a segunda safra cheia da empresa, de certo mesmo é que no mínimo 100 mil/t de açúcar serão feitas.

“Já fixamos [exportações contratadas] em torno de 40%, a 18,50 centavos por libra-peso em média”, comenta Sylvio Ribeiro do Valle Jr.

E, ainda, os problemas gerados pela Aneel e outros reguladores de energia foram sanados, quando a usina cogerou apenas 300 megawatts. Com os contratos de energia elétrica para o sistema, herdados da Pau D’Alho, regularizados, e novos sendo firmados, a cogeração e comercialização poderão dobrar, no mínimo, acrescentando mais receita à empresa de cara nova.

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Repórter no Agro Times
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
giovanni.lorenzon@moneytimes.com.br
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
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