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Temor de perder recuperação sustenta apostas em emergentes

22 maio 2020, 10:15 - atualizado em 22 maio 2020, 10:15
Mercados - Ibovespa
Os fluxos de capital foram retomados e o chamado carry trade se tornou rentável (Imagem: REUTERS/Amanda Perobelli)

Os mercados emergentes permanecem vulneráveis a uma nova onda vendedora, mas investidores e analistas começam a fazer apostas na possível recuperação do crescimento.

Estimativas de lucro para empresas de países em desenvolvimento voltam a subir, prêmios de risco de títulos estão queda e a volatilidade está mais moderada. Os fluxos de capital foram retomados e o chamado carry trade se tornou rentável.

Em outras palavras, as feridas causadas pela sangria no primeiro trimestre começam a ser curadas.

No entanto, os riscos ainda existem. Países emergentes, como Índia, Rússia e Brasil, se tornaram novos epicentros de propagação do Covid-19 justamente quando estão sob pressão para reabrir as economias.

Países mais pobres mostram aumento do endividamento. E as relações EUA-China se deterioraram. Qualquer um desses fatores pode provocar vendas motivadas por pânico.

Divididos entre a necessidade de proteção contra esses riscos, mas sem querer perder a recuperação, investidores ensaiam apostas.

Esse movimento ajudou a moderar parte do estrago de março, embora os mercados ainda estejam longe de recuperar todas as perdas.

Perspectivas de lucro

O índice de referência de ações de mercados emergentes tem alta de 23% em relação à mínima há dois meses, mas analistas continuavam a cortar estimativas de lucro ao analisar o impacto total da pandemia no crescimento e no desempenho corporativo. Agora, pela primeira vez em 18 semanas, começam a aumentar as previsões.

Prêmio de risco

Os títulos em dólar, refúgio de investidores em mercados emergentes durante crises de desvalorização cambial, começaram a receber entradas já em abril, mas os prêmios de risco demoravam a cair. Agora, o spread entre títulos soberanos e Treasuries cai no ritmo mais rápido desde 2009.

Ainda assim, permanece 23% acima da média de vida útil, sugerindo potencial para mais ganhos dos títulos assim que o vírus for contido.

Vendas de dívida

A atividade no mercado primário está mais forte. Não apenas a emissão tradicional de títulos em dólar, mas as vendas de títulos em euro também aumentam.

Foram emitidos o equivalente a quase US$ 14 bilhões em dívidas em euro para investidores domésticos e internacionais, o maior volume em maio desde 1999 e o segundo melhor total mensal já registrado.

Estabilidade no câmbio

Nas primeiras semanas da recuperação em mercados emergentes, as moedas ficaram aquém das ações enquanto investidores avaliavam as perspectivas de outra rodada de ganhos do dólar. Com a moeda dos EUA presa em uma faixa, as emergentes começaram a recuperar o atraso.

Investidores de carry trade, que emprestam dólares para aplicar em mercados emergentes, agora conseguem ganhos mensais pela primeira vez neste ano. Ao mesmo tempo, a volatilidade esperada, com base nas opções da taxa de câmbio, está diminuindo.

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