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Temporada de resultados ‘bagunçada’ nos EUA afeta expectativa para balanços do Brasil?

24 jul 2022, 12:02 - atualizado em 24 jul 2022, 12:11
Nyse Wall Street Mercados
Balanços em Wall Street têm sido marcados por discussões sobre recessão, suspensão de recompras e demissões, destaca o Bank of America (Imagem: Reuters/Brendan McDermid)

A temporada de resultados do segundo trimestre nos Estados Unidos está mais bagunçada em comparação a edições anteriores.

Mais do que a qualidade dos resultados dos últimos meses, os guidances fornecidos pelas companhias para os próximos trimestres acabam tendo maior efeito nos mercados, incluindo o Brasil.

Segundo Marcelo Oliveira, analista e fundador da Quantzed, a maior correlação entre os resultados de fora e os balanços das empresas brasileiras é o humor do americano.

“Se as empresas estiverem pessimistas nos EUA, as empresas brasileiras também ficarão pessimistas”, diz o especialista.

As principais companhias norte-americanas estão entregando números mistos. Alguns setores estão deixando de corresponder às expectativas dos mercados (bancos, por exemplo), enquanto empresas como Netflix e Tesla surpreenderam para o lado positivo após superarem as projeções.

Segundo o Bank of America (BofA), essa temporada teve o início mais fraco desde o primeiro trimestre de 2020, quando a pandemia do coronavírus começou a se alastrar pelo mundo.

“Os balanços em Wall Street têm sido marcados por discussões sobre recessão, suspensão de recompras e demissões”, destaca.

Assimetria

Algumas diferenças impedem de traçar uma leitura de que os resultados dos EUA tenham maior impacto nas perspectivas para as empresas brasileiras.

A principal delas, afirma o fundador da Quantzed, é que, enquanto empresas de tecnologia, varejo e consumo têm grande peso nos mercados americanos, no Brasil, o impacto maior vem das commodities.

No caso de petroleiras, mineradoras, siderúrgicas e exportadores de grãos, o que mais afetam as perspectivas é a variação dos preços das commodities, e não a performance dos pares globais.

Oliveira diz que, para as empresas ligadas a commodities, o importante é que os preços se estabilizem.

“Uma oscilação de 30% nos preços de uma commodity atrapalha muito uma empresa brasileira por causa de previsibilidade. Quanto mais estável, melhor”, afirma.

Analistas projetam resultados mais fracos para a Vale já nessa nova temporada de resultados (Imagem: REUTERS/Yusuf Ahmad)

Em relação às commodities, outros pontos, mais específicos, também influenciam as expectativas sobre as empresas. Vale (VALE3), por exemplo, é suscetível ao desempenho da cotação do minério de ferro, que, por sua vez, é altamente dependente da economia chinesa.

A tendência de desaquecimento da indústria siderúrgica na China é um cenário que está no radar de analistas.

Ilan Arbetman, da Ativa Investimentos, e Régis Chinchila e Luis Novaes, da Terra Investimentos, projetam resultados mais fracos para a Vale já nessa nova temporada de resultados, reflexo da dura política de “Covid Zero” implementada na China para conter surtos da doença no país.

No caso das techs, Oliveira, da Quantzed, acredita que a influência das grandes empresas americanas para o mercado brasileiro já é maior, visto que elas são “vetores globais”.

“Com os resultado delas vindo ruins e o guidance vindo pior, as empresas vão apanhar como um todo”, comenta o analista.

O que vem por aí

A temporada de resultados no Brasil começou no dia 14 de julho, com a divulgação dos números da Camil (CAML3), mas ganha tração a partir desta semana.

Segundo a XP Investimentos, como se tem visto no exterior, o mercado avaliará os impactos da inflação global em alta, as disrupções nas cadeias de produção e os riscos crescentes de uma recessão apontado nos balanços.

“Durante essa temporada de balanços, investidores irão analisar os impactos da inflação e disrupções nas cadeias de suprimentos, e como as empresas irão conseguir repassar custos maiores adiante. Além do cenário de crescimento global bastante desafiador, incertezas quanto ao cenário macro doméstico também vão ficar no radar de investidores”, afirma.

Em relação ao segundo trimestre do ano passado, o mercado espera uma redução de 8% do LPA (lucro por ação) das empresas do Ibovespa, provavelmente explicado pelo aumento do risco de recessão, diz a XP.

Sobre o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), o consenso do mercado projeta um crescimento de 8%.

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Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
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Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
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