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‘Uma hora a casa cai’: Mercado imobiliário é fiel da balança para recessão nos EUA

26 maio 2023, 9:00 - atualizado em 26 maio 2023, 0:40
Moradias EUA
Mercado imobiliário pode ser o fiel da balança da recessão nos EUA. (Imagem: REUTERS/Karen Ducey)

Após quartorze meses de aumento na taxa de juros, os Estados Unidos começam a sentir com mais amplitude uma desaceleração de sua economia.

A última revisão do PIB americano, divulgada pelo Departamento do Comércio ontem (24), mostra um crescimento de 1,3% no primeiro trimestre do ano, bem abaixo do 2,6% registrados no quarto trimestre de 2022.

Como reflexo desse arrefecimento, o principal economia do mundo testemunhou o início de uma onda de demissões em massa no setor de tecnologia, que já levaram a quase 200 mil funcionários desligados em 2023. Além disso, há o estresse dos bancos regionais, além do número cada vez crescente de empresas na rota da falência.

Paralelamente ao setor tecnológico e financeiro, uma fumaça de incêndio começa a tomar corpo em um outro setor igualmente sensível à alta de juros e que foi, aliás, responsável pela deflagração da última grande crise financeira. Trata-se do mercado imobiliário. 

Hipoteca assusta novos compradores

De acordo com um estudo formulado pela Kinea Investimentos, e obtido em primeira mão pelo Money Times, a alta das taxas hipotecárias de 2022 para cá tem levado a uma queda abrupta dos preços de novas casas para níveis não vistos desde os últimos momentos da Grande Crise Financeira de 2008.

Atualmente, a taxa de hipoteca com vencimento de 30 anos está em 6.57%, um aumento de 0.18 ponto-percentual em relação ao ano passado. No ano passado, esta mesma taxa estava 5.10%.

Esta tendência de demanda enfraquecida no setor imobiliário marca uma reversão completa do período pandêmico. Entre 2020 e 2021, taxas de juros reais negativas, injeção de renda do governo  e baixo estoque de moradias elevaram o preço das moradias e dos aluguéis a máximas históricas.

Ilustrando a piora das condições de procura, a Kinea destaca que as casas iniciadas nos Estados Unidos caíram mais de 500.000 unidades em menos de 1 ano. Da mesma forma, a venda de casas existentes despencou para 4.4 milhões, recuperando-se apenas levemente da mínima de 4 milhões registrada em janeiro.

Mercado imobiliário: o fiel da balança da recessão

Daqui em diante, a gestora destaca uma dinâmica imprevisível dentro do mercado imobiliário. Em contraponto à queda do investimento residencial, há ainda um volume alto de casas em construção. Com este setor ainda dinamizado, há justificativa para um mercado de trabalho aquecido dentro do setor imobiliário.

Conforme argumenta a gestora, entender se os Estados Unidos passarão ou não por uma recessão dependerá da queda ou manutenção dos níveis de emprego no setor de construção.

“O que vai acontecer com o nível de emprego na construção quando os projetos em execução forem terminados e caso voltem a convergir para o (atualmente baixo) nível de novas construções?”, indaga estudo.

Complementarmente, o outro ponto de interesse é saber como o efeito cumulativo dos juros impactarão a capacidade do consumidor. “O que vai pesar mais agora: taxas de hipotecas quase três vezes mais elevadas que em 2019 ou a perspectiva de que [as taxas] não aumentam mais?”

Nessa encruzilhada, a Kinea projeta que, caso o setor consiga passar o segundo semestre desse ano sem queda de atividade ou preços, sofrendo apenas ajustes marginais no nível de emprego, é possível que a recessão se torne mais branda.

Por outro lado, uma reversão de atividade e continuidade de queda de preços pode levar ondas de
choques para outros setores, fazendo com que uma recessão de ordem mais severa possa se desenvolver.

Estagiário
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
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