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“Vendemos Petrobras (PETR4) para dormir tranquilos”, diz Landau, da Vista Capital, na estreia de Market Makers

07 jul 2022, 20:16 - atualizado em 07 jul 2022, 20:16
Market Makers Petrobras PETR4 João Landau Vista Capital
Vale ter Petrobras na carteira? Empresa gera desconfiança de gestor por conta das eleições (Imagem: Market Makers)

Em meio à carnificina do mercado, uma gestora tem conseguindo arrancar retornos invejáveis: a carioca Vista Capital, fundada em 2014 por João Lopes e João Landau.

Um dos fundos, o multimercado Vista Multiestratégia, acumula ganhos de mais de 600% desde que foi criado, em 2016. Está entre os melhores do Brasil no período de 12, 24 e 36 meses. Já o Vista Hedge valorizou 71% desde 2018.

A estratégia? Petróleo, juros, ações no Brasil e no exterior.

Landau foi o convidado do programa de estreia do podcast Market Makers, produzido por Thiago Salomão e Renato Santiago em parceria com a Empiricus (controladora do Money Times). A gravação foi realizada no auditório da sede da B3, no Centro de São Paulo. No episódio, o gestor revelou as estratégias para “embolsar” essa rentabilidade.

Petrobras, entre o cravo e a ferradura

Mas apostar em petróleo não significa, necessariamente, manter papéis da maior empresa brasileira do ramo – a Petrobras (PETR4). Durante o programa, o gestor se mostrou cético em relação à estatal, em meio à proximidade das eleições.

“Saímos (da Petrobras) e vamos ganhar um pouco de noite de sono. Ninguém dorme tranquilo tendo Petrobras“, disse.

Ele ressalta que o fundo tinha a estatal desde 2016, mas zerou a posição recentemente.

“Até o ano passado, era uma ação odiada. O valuation da companhia era de uma empresa quebrada, com muito risco-país. Contudo, desde 2016, as empresas domésticas caíram, e a Petrobras dobrou de preço ou mais”, diz.

Ele argumenta que, com aproximação das eleições, “você fica entre o cravo e a ferradura”.

“É difícil ficar fora de uma empresa que te paga até 30% de dividendos ao ano, mas também é muito difícil você entrar comprado no processo eleitoral. Nós nos perguntamos diariamente se precisamos ter (ações da Petrobras)”, argumenta.

Market Makers
“Tivemos no petróleo três anos em 30. Aconteceu de tudo. Estamos segurando em petróleo. Continuamos muito confortável com falta de oferta”, afirma (Imagem: Divulgação/Market Makers)

Blindagem política

Mesmo assim, Landau afirma que a Petrobras é uma grande empresa e a intervenção na companhia é difícil.

“A Dilma interveio, mas o Bolsonaro provavelmente não conseguirá. Os estatutos são muito fortes, além da regra das estatais. A Petrobras é quase blindada. Mas tem eleições à frente e há empresas mais baratas”, justifica.

Questionado sobre as trocas incessantes de CEO da companhia (foram quatro, em pouco mais de três anos), o gestor afirma que as mudanças são “irrelevantes”.

Ouça o primeiro episódio de Market Makers com João Landau, da Vista Capital.
#01 | Gestor do melhor fundo do Brasil aposta na queda dos juros e acha eleições irrelevantes para o mercado

“Primeiro porque não sabemos quem será o novo presidente do Brasil, é indefinido. O tempo que o novo CEO ficará é muito pequeno. Sabemos qual é o interesse na Petrobras e a governança consegue segurar bem. Não zeramos por causa dessa troca. Estávamos só esperando o pagamento de dividendos“, completa.

Posição em petróleo

Se o gestor possui um pé atrás com os papéis da estatal, a posição comprada em petróleo, uma das responsáveis pela disparada do fundo, continua firme e forte, embora com alguma cautela por conta do perigo de recessão mundial.

Landau conta que começou a comprar petróleo em 2019. Desde então, uma pandemia e uma guerra, com choque de oferta e de demanda, chacoalharam o mercado.

“Estivemos no petróleo por três anos em 30. Aconteceu de tudo. Estamos segurando em petróleo. Continuamos muito confortáveis com falta de oferta. Acreditamos que no médio prazo, tem um risco de demanda. Porém, no curto prazo, há o problema da recessão do risco global”, coloca.

Ele argumenta que a capacidade de produção de petróleo no mundo está esgotada.

“Ficamos dependendo de demanda, se a China vai reabrir a economia, se os Estados Unidos vão voltar a demanda de voos que tinha antes da Covid. O preço vai ficar alto por um bom tempo”, prevê.

No entanto, o gestor ressalta que está mais conservador em relação à commodity e que diminui a posição comprada.

JPMorgan vs Citibank

Nos últimos dias, dois relatórios de bancões americanos geraram ruídos entre investidores e gestores.

O primeiro, do JPMorgan, que falava no petróleo na casa dos US$ 320 o barril por conta das consequências da guerra na Ucrânia e das sanções russas, e um outro, do Citi, que apontava a commodity a US$ 45 por conta da recessão nos Estados Unidos.

Landau afirma que as duas projeções parecem irreais, mas, se tiver que escolher uma, é mais provável que o petróleo atinja US$ 380.

Sell side (analistas do lado da compra) precisa fazer headline. Se eles tivessem falado do petróleo a US$ 90, não estávamos falando deles. É importante fazer algum barulho. O analista Edward Morse, do Citi, tem uma tese de que a produção dos Estados Unidos vai subir muito. Discordamos bastante disso. Acreditamos que a produção não consegue subir, não só por fatores de mão-de-obra, mas questões geológicas. E ela realmente não vem subindo”, afirma.

Da mesma forma, o gestor lembra haver dificuldades do petróleo chegar ao nível de US$ 380 porque há barreiras até em questões logísticas.

“Qual o tamanho do seguro de um navio de petróleo que carrega um barril a US$ 380 dólares? É um número estratosférico até para bancos”, afirma.

Proteção em juros: o pulo do gato

E se tudo der errado e o petróleo afundar, como o previsto pelo Citi? Aí entra em cena a proteção (hedge).

O fundo, por exemplo, já aposta na queda dos juros justamente por conta da derrocada do petróleo. Dessa forma, o Vista se protege das perdas no preço do petróleo com a queda dos juros.

“A correlação com os juros e o petróleo é enorme. É o ativo mais inflacionário do mundo. É uma proteção aplicada em juros. Achamos que tem muita coisa precificada na curva. Essa posição existe por causa do petróleo. O que você ganha com juros compensa a queda do petróleo”, conclui.

Market Makers: o novo projeto de Salomão e Santiago

Thiago Salomão e Renato Santiago, dois dos mais influentes produtores de conteúdo sobre  investimentos e finanças pessoais do Brasil, estão de volta ao mercado. Depois de cumprir um período sabático, a dupla acaba de lançar o Market Makers (Formadores de Mercado, numa tradução livre).

Além do tradicional podcast, formato com o qual a dupla obteve projeção nacional, o novo projeto contará também com textos e entrevistas escritas, portal de conteúdo e newsletter. O projeto conta com a parceria da Empiricus Research, que controla o Money Times.

A grande novidade, porém, é a criação de um clube de investimentos para colocar suas teses à prova.

Ouça o primeiro episódio de Market Makers com João Landau, da Vista Capital.

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Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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