Economia

Ata do Copom: Próximos cortes serão de 0,25 pp? Veja o que dizem analistas

14 maio 2024, 16:04 - atualizado em 14 maio 2024, 16:04
ata do copom
Ata do Copom foi divulgada na manhã desta terça-feira (14) (Imagem: Reuters/Ueslei Marcelino)

Banco Central divulgou na manhã desta terça-feira (14) a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). Na semana passada, a autoridade monetária foi contra o guindance do encontro de março e reduziu a Selic em 0,25 ponto percentual (p.p.).

Este foi o primeiro corte desta magnitude na taxa básica de juros desde que o Banco Central deu início ao seu afrouxamento monetário. Antes disso, foram seis cortes de 0,50 p.p. Com isso, a Selic passou de 10,75% para 10,50% ao ano — o menor patamar de juros desde março de 2022.

No documento publicado, o BC reforça que o ambiente externo está mais adverso, com dúvidas sobre o início da flexibilização da política monetária nos Estados Unidos e velocidade da desinflação.

O estrategista-chefe da RB Investimentos, Gustavo Cruz, destaca o trecho do documento que aborda as razões que levaram alguns diretos a votarem por uma redução de 0,50 p.p na Selic.

“O documento procura mitigar as divergências entre esses diretores e os demais, atribuindo considerável peso às questões relacionadas ao guidance e à promessa feita em reuniões anteriores, na qual se comprometeram com uma redução de 0,50, o que, caso não cumprido, poderia afetar a reputação do Banco Central, como de fato ocorreu”, explica.

Cruz aponta que a mensagem da ata evidencia o compromisso dos diretores em controlar a inflação e sinaliza uma possível necessidade de interromper o ciclo de queda de juros mais cedo do que o previsto anteriormente.

“Para a próxima reunião, parece haver consenso em adotar uma abordagem mais flexível, possivelmente com uma diminuição de 0,25 p.p”, pondera.

Sérgio Goldenstein, estrategista-chefe Warren Investimentos, aponta que as divergências entre os membros são menores do que a leitura inicial do mercado após a divulgação do comunicado, conforme mostra a ata.

Contudo, o analista pontua a existência de uma convergência do Comitê com relação à adoção de uma política monetária mais cautelosa e sem indicações futuras, o que pode ser interpretado como um orçamento total de redução de juros menor do que o considerado anteriormente.

“Há concordância ainda no diagnóstico de um cenário global incerto e, no âmbito interno, de resiliência da atividade e desancoragem das expectativas”, conclui.

O analista Matheus Spiess, da Empiricus Research, diz que os membros indicados pelo governo, que terão mais tempo no Comitê ao longo dos próximos anos, votaram por um corte de 0,50 p.p. para sinalizar que estão comprometidos com as metas estabelecidas.

“Credibilidade importa, como sabemos. Afinal, apesar da diferença na amplitude, houve unanimidade em concordar que atingir a meta é o objetivo principal. Portanto, não faz sentido ser leniente e prometer cumprir a meta ao mesmo tempo”, explica.

Spiess destaca o comitê se mantendo técnico, o que não vai solucionar, mas minimiza o ruído, mostrando alinhamento no tom contracionista.

Analistas do Bank of America (BofA) destacam que, após uma decisão dividida, o conselho concordou em tornar-se dependente dos dados, reconhecendo um agravamento do equilíbrio de risco.

O BofA vê o conselho mais preocupado com o aumento das expectativas de inflação e com o início incerto do ciclo de flexibilização nos Estado Unidos e espera um corte de 25 p.p em junho, ritmo que deve ser mantido até o próximo ano. A estimativa do banco é deque a Selic fique em 10,25% em 2024 e 9,00% em 2025.

Haddad afirma que ata foi técnica

O ministro da Fazenda Fernando Haddad disse, em conversa com jornalistas na manhã desta terça (14), que a ata foi muito técnica, adequada e em linha com o que ele esperava.

“Eu entendia que eram duas posições técnicas, respeitáveis, e a ata deixou claro que os argumentos de lado a lado eram pertinentes e defensáveis. Foi bom, na minha opinião”, ponderou.

Haddad destacou ainda que a tensão do mercado com a divisão dos votos se dissipou com a ata, tendo em vista que tinham mais rumores do que verdades. Segundo ele, está tudo tranquilo entre os membros.

Entenda os pontos da ata do Copom

Internacional

Do lado internacional, a ata explicou que o cenário é adverso, com persistência da incerteza com relação ao ciclo de queda de juros norte-americano e ao processo desinflacionário nas principais economias.

Nesse cenário, o Comitê aponta que, diante de um cenário de incerteza prospectiva elevada, reforça-se a necessidade de maior cautela na condução da política monetária doméstica.

“No que se refere às fontes de desinflação, o Comitê se deteve, em maior grau, no papel da política monetária nos Estados Unidos. O Comitê lembrou que o estágio atual de desinflação é mais custoso e requer cautela na condução da política monetária”, diz a ata do Copom.

Os membros reiteraram que não há relação mecânica entre a condução da política monetária norte-americana e a determinação da taxa básica de juros doméstica e que, como usual, focarão nos mecanismos de transmissão da conjuntura externa sobre a dinâmica inflacionária interna.

Condução da política monetária

O Comitê explica que, apesar de uma elevação da trajetória de juros advinda da pesquisa Focus, utilizada no cenário de referência, observou-se elevação na projeção de inflação para o horizonte relevante de política monetária.

“De forma análoga, as expectativas de inflação para o mesmo horizonte, que se mostravam desancoradas em patamar estável nos últimos trimestres, se elevaram desde a reunião anterior”, explicam.

Além disso, a ata aponta que o cenário de mercado de trabalho e de atividade tem apresentado maior dinamismo do que o esperado, somando-se ao cenário externo mais adverso e requerendo maior cautela na condução da política monetária.

“Após a análise do cenário, a maioria do Comitê avaliou que era apropriado reduzir a taxa Selic em 0,25 ponto percentual. Consideraram, para tanto, que o cenário esperado não se confirmou em função da desancoragem adicional das expectativas, da elevação das projeções de inflação, do cenário internacional mais adverso e da atividade econômica mais dinâmica do que esperado”, diz.

Decisão fiscal

A ata do Copom ressalta a decisão de reduzir a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual, para 10,50% a.a., e entende que é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui 2025.

“Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego”, diz.

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Repórter
Formada em jornalismo pela Universidade Nove de Julho. Foi redatora na área de marketing digital por 2 anos e ingressou no Money Times em 2022.
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