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Blockchain BCHA sofre ataque de 51% em tentativa de destruir a bifurcação

28 nov 2020, 14:14 - atualizado em 28 nov 2020, 14:14
Entenda por que um grupo anônimo quer destruir a bifurcação BCHA, produto da bifurcação entre BTC e BCH (Imagem: Pixabay/Fajrul_Falah)

Voluntarism.dev, grupo que se autodescreve como “mineradores e baleias da velha guarda”, lançou um ataque de 51% sobre a rede Bitcoin Cash ABC (BCHA) em protesto à bifurcação do último dia 15, noticia o Decrypt.

Um ataque de 51% acontece quando a maioria dos validadores obtém controle sobre o poder computacional da rede, podendo aplicar as regras que desejarem, fugindo da ideia de “descentralização”, tão defendida pelos blockchains.

Bitcoin Cash (BCH) está à altura do Bitcoin (BTC)?

O grupo anônimo modificou “a regra coinbase” para que Bitcoin Cash (BCH) enviasse 100% das recompensas por bloco a um endereço associado à Proposta de Financiamento de Infraestrutura (IFP) — em vez da controversa taxa de 8%, que resultou na divisão da rede.

Isso faria com que a rede BCHA não fosse atrativa para mineradores, do ponto de vista da rentabilidade.

Há duas semanas, o blockchain Bitcoin Cash (BCH), derivado do blockchain Bitcoin (BTC) original, se dividiu em dois: Bitcoin Cash Node (BCHN) e Bitcoin Cash ABC (BCHA). Clique aqui para saber mais.

A equipe da ABC decidiu apostar em sua tentativa de controlar a rede BCH de forma independente e compartilhou seus planos de implementar uma reestruturação das recompensas coinbase (por moedas recém-mineradas) para financiar o futuro desenvolvimento da ABC (Imagem: Twitter/Bitcoin ABC)

A divisão, ou “bifurcação drástica” (do inglês “hard fork”) se deu pelo desentendimento da “regra coinbase” citada acima, em que 8% das taxas ganhas por mineradores seriam direcionadas para a equipe de desenvolvimento da rede.

Ataques de 51% são um assunto comum quando falamos em blockchains que utilizam o mecanismo proof-of-work (PoW).

Para garantir a segurança de uma rede com o algoritmo PoW, validadores da rede (“mineradores”) utilizam hardwares para solucionar um quebra-cabeças matemático e ganhar o direito de transmitir um bloco (grupo de transações) ao blockchain, além de receberem uma recompensa por seu serviço.

A rentabilidade pela mineração de criptomoedas é uma grande questão, pois muitos mineradores gostariam de minerar criptomoedas famosas, como bitcoin (BTC) e ether (ETH).

Porém, estas redes já têm muitos grupos que unem seu poder computacional para operar a rede (os chamados “pools” de mineração), então mineradores podem recorrer a outras opções de criptomoedas.

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Os três ataques ao blockchain Ethereum Classic aconteceram nos dias 1, 6 e 29 de agosto (Imagem: Pixabay/MasterTux)

Porém, muitas redes têm mineração “centralizada”, ou seja, muitos pools de mineração têm poder superior ao que deveria ser considerado “adequado” para uma rede blockchain.

É o caso da rede Ethereum Classic (ETC), proveniente da bifurcação do blockchain Ethereum (ETH) após o hack à The DAO (clique aqui para saber mais).

Este ano, ETC sofreu três ataques de 51%, justamente por conta dessa superconcentração de poder. Segundo o Decrypt, o hacker teve de gastar apenas US$ 3,8 mil em poder de hashing para realizar o ataque

Em comparação, um ataque de 51% à rede BCH, em abril, custaria US$ 7,3 mil por hora, quando a criptomoeda era equivalente a 1 BTC.

Porém, parece que o grupo anônimo não está preocupado com os custos da invasão. A intenção deles é destruir a rede, segundo Vitalik Buterin, cofundador da Ethereum:

Ataques de 51% no pool de mineração da BCHA parecem ser uma clara intenção de destruí-la. Seria este o primeiro real ataque a um blockchain PoW?

O que diferencia este ataque é sua intenção política. Em um tuíte, o grupo justificou seu ataque de 51%:

ABC violou o PNA com nove meses de guerra civil. Os oportunistas devem pagar 100% das recompensas por bloco à ABC. Iremos derrubar todos os blocos que não pagarem. Também pagaremos 100% quando a ABC aceitar essa mudança.

A sigla PNA (NAP, em inglês) se refere ao “princípio da não agressão”, que proíbe qualquer tipo de início de agressão ou coerção. Segundo o grupo, ABC deu início a uma agressão ao apresentar a regra coinbase de taxam os lucros dos mineradores em 8%.

Segundo o Decrypt, PNA sempre fez parte do movimento cripto. Em 2019, o site Bitcoin.com publicou um vídeo sobre taxas e PNA. O vídeo é apresentado por Roger Ver, grande defensor do Bitcoin Cash.

Apesar da coincidência ideológica entre o vídeo e o ataque de hoje, não há indícios de que Roger Ver esteja por trás do motim deste sábado.

O preço da criptomoeda BCHA não foi afetado pelo ataque — pelo contrário: chegou a US$ 18, um aumento de 2,5% nas últimas 24 horas.

(Imagem: CoinMarketCap)

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