Commodities

Brasil torce por vacinação em massa, mas produtores torcem contra tendência do dólar cair

18 jan 2021, 11:23 - atualizado em 18 jan 2021, 14:11
Soja
Commodities podem ter resultado cambial menor com imunização em massa (Imagem: REUTERS/Gustavo Bonato/File Photo)

Os produtores de commodities e carnes brasileiros devem estar torcendo para a vacinação acelerada contra a covid-19, como a maioria dos brasileiros não negacionistas e que não estão preocupados com os ganhos e perdas políticos dos atores nacionais, mas contabilizarão alguma perda cambial se o mercado jogar o otimismo econômico sobre o dólar.

Como há uma ligação entre o desempenho positivo dos negócios, versus avanço da imunização, em qualquer parte do mundo, a tendência é que haja um enfraquecimento da divisa americana. Nesta segunda (18), o real perde levemente 0,08%, a R$ 5,31, às 11h22 (Brasília), depois de abrir em alta, atribuído também ao início da aplicação da Coronavac a partir de hoje.

Não se considera, naturalmente, a anulação dessa tendência o andar da política interna, sujeita a mais atritos entre Executivo e parlamentares – mais ainda em caso de vitória do candidato da oposição na Câmara -, e da patinação das reformas, além dos reflexos da cena internacional.

Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, acredita que “se a vacinação ganhar ritmo, sim, vai interferir”. Torcida, portanto, para que a demanda chinesa permaneça em alta e oferta ajustada.

O real bem acima de R$ 5 em 2020 ajudou muito, tornando a soja, milho e açúcar, além das proteínas animal, entre outros, mais baratos para os importadores. O analista não conhece o peso cambial na renda das exportações de soja e milho, por exemplo.

O açúcar o ano passado foi, das commodities, o maior beneficiário dos resultados cambiais. A demanda não avançou com a pandemia, nem havia déficit, o que deixava os preços em Nova York achatados numa faixa de 12 a 13 centavos de dólar por libra-peso, mas o produto estava barato na troca de dólares por reais, e as exportações explodiram.

O fator valorização da soja na bolsa de Chicago, que saiu dos US$ 8 e passou dos US$ 14 o bushel, está mantido para 2021, com a demanda chinesa sem esmorecer e temores sobre as safras brasileira e argentina. “Mas tem muita coisa vendida já”, diz Brandalizze, lembrando que também o milho safrinha 20/21 está incluído.

De modo que o efeito de um potencial emagrecimento do dólar, pelo viés sanitário, poderá ser sentido muito pouco. Não totalmente anulado, mas, sim, vai ser sentido.

 

 

Repórter no Agro Times
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
Giro da Semana

Receba as principais notícias e recomendações de investimento diretamente no seu e-mail. Tudo 100% gratuito. Inscreva-se no botão abaixo:

*Ao clicar no botão você autoriza o Money Times a utilizar os dados fornecidos para encaminhar conteúdos informativos e publicitários.