Internacional

China mira US$ 1 tri em depósitos minerais no Afeganistão

24 ago 2021, 14:01 - atualizado em 24 ago 2021, 14:01
Taliban
O Talibã já sinaliza intenção de reimpor a teocracia e reverter os direitos das mulheres e outras liberdades básicas, em vez de dirigir o país para um futuro próspero (Imagem: Kabul 17/8/2021 REUTERS)

Quando os EUA invadiram o Afeganistão em 2001, a economia global tinha outra cara. Tesla não era uma empresa, o iPhone não existia e a inteligência artificial era coisa de filme de Steven Spielberg.

Tudo isso hoje está na vanguarda de uma economia impulsionada por avanços em chips de alta tecnologia e baterias de grande capacidade, produzidos com diversos minerais, incluindo elementos químicos conhecidos como terras raras.

O Afeganistão tem depósitos estimados em pelo menos US$ 1 trilhão, incluindo o que pode ser a maior reserva mundial de lítio. A questão é se alguém conseguirá extrair esses materiais do solo afegão.

Quatro décadas de guerra — primeiro com a União Soviética, depois entre tribos locais e então com os EUA — impediram o avanço da mineração. Não há expectativa que a situação mude tão cedo.

O Talibã já sinaliza intenção de reimpor a teocracia e reverter os direitos das mulheres e outras liberdades básicas, em vez de dirigir o país para um futuro próspero.

Mas também existe uma previsão otimista propagada pelo governo chinês. O cenário seria mais ou menos o seguinte: O Talibã forma um governo “inclusivo” com guerreiros de grupos étnicos rivais, permite um nível mínimo de direitos humanos para mulheres e minorias e combate terroristas que queiram atacar os EUA, China, Índia ou qualquer outro país.

“Com a retirada dos EUA, Pequim pode oferecer o que Cabul mais precisa: imparcialidade política e investimento econômico”, afirmou Zhou Bo, que foi coronel do exército chinês entre 2003 e 2020, em um artigo de opinião publicado no The New York Times no fim de semana. “O Afeganistão, por sua vez, tem o que a China mais valoriza: oportunidades em infraestrutura e construção de indústrias — áreas nas quais as capacidades da China são indiscutivelmente incomparáveis — e acesso a US$ 1 trilhão em depósitos minerais inexplorados.”

Para que esse cenário tenha remota possibilidade de se concretizar, as próximas semanas serão cruciais. Os EUA se apressam para evacuar milhares de americanos e afegãos vulneráveis após a retirada das tropas para encerrar 20 anos de guerra.

No entanto, o presidente Joe Biden ainda tem o poder de isolar qualquer novo governo liderado pelo Talibã e de impedir que a maioria das empresas estrangeiras faça negócios no país.

Os EUA têm sanções contra o Talibã como entidade e podem vetar qualquer movimento da China ou Rússia para aliviar as restrições do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) ao grupo militante.

Giro da Semana

Receba as principais notícias e recomendações de investimento diretamente no seu e-mail. Tudo 100% gratuito. Inscreva-se no botão abaixo:

*Ao clicar no botão você autoriza o Money Times a utilizar os dados fornecidos para encaminhar conteúdos informativos e publicitários.