Internacional

China suspende frutos do mar de companhia do Brasil por 1 semana por coronavírus

25 set 2020, 8:26 - atualizado em 25 set 2020, 14:36
China Bandeira
O departamento chinês havia dito anteriormente que suspenderia as importações de empresas por uma semana, se os produtos testassem positivo pela primeira ou segunda vez para o vírus (Imagem: Reuters/Jason Lee)

A China vai parar de aceitar pedidos de importação da empresa brasileira Monteiro Indústria de Pescados Ltda por uma semana, a partir de 26 de setembro, depois que um pacote de peixe congelado testou positivo para o coronavírus, disse a alfândega chinesa nesta sexta-feira.

O departamento chinês havia dito anteriormente que suspenderia as importações de empresas por uma semana, se os resultados de testes fossem positivo pela primeira ou segunda vez para o vírus.

A Associação Brasileira das Indústrias de Pescados (Abipesca), cujos integrantes têm na China um mercado crescente que responde por até 30% dos embarques nacionais, avaliou o caso como algo isolado, e que ainda carece de confirmação.

Segundo o presidente da Abipesca, Eduardo Lobo, os “retestes estão sendo feitos na China” e, se não forem encontrados indícios de contaminação, a indústria poderá voltar a exportar normalmente aos chineses.

A Monteiro Indústria de Pescados não é associada da Abipesca, mas a entidade considerou importante se manifestar após ser procurada pela Reuters, levando em conta a importância do mercado chinês e perspectivas de crescimento.

Não foi possível contatar a empresa citada, apesar de tentativas por telefone.

Lobo disse que o setor encara a suspensão temporária de uma empresa com tranquilidade, uma vez que a indústria nacional tem seguido rígidos protocolos de segurança do Ministério da Agricultura, que incluem medidas sanitárias relacionadas aos veículos, contêineres e embalagens.

Ele explicou que, no caso de ser identificado novamente coronavírus na China, a suspensão pode ser maior, mas ainda restrita à Monteiro Indústria de Pescados.

“É um procedimento normal, o setor está tranquilo quanto à segurança do produto no Brasil e estamos trabalhando em harmonia com a autoridade chinesa, que está nos informando o que está acontecendo”, afirmou.

“É um caso específico, isolado, e até que sejam feitos retestes, não tem como dizer a gravidade, mas diante de toda a segurança da protocolo, temos tranquilidade quanto à qualidade dos alimentos”, afirmou ele, ressaltando que os riscos de embargos não são extensivos ao setor, mas sim direcionados a unidades produtoras.

O produto no qual teria sido identificado o coronavírus é uma embalagem de peixe espada congelado, disse o executivo, que também é presidente da Câmara Setorial da Produção e Indústria de Pescados do Ministério da Agricultura.

Ele disse que o peixe espada não é um dos produtos mais vendidos aos chineses, que incluem pescadas amarela e branca, além de atum, entre outros.

A exportação de pescados do Brasil à China gira em torno de 70 milhões de dólares por ano, com chineses e norte-americanos alternando como os maiores destinos do produto do país, cujos embarques totais são estimados em 300 milhões de dólares em 2020.

O Brasil é um grande importador de peixes, com volumes anuais em torno de 1,3 bilhão de dólares, incluindo salmão e bacalhau, mas está no caminho de avançar no mercado exportador, segundo Lobo.

A expectativa é de que as exportações de pescados do Brasil aumentem para 600 milhões de dólares/ano em 2021 e ultrapassem 1 bilhão de dólares em 2025.

Na semana passada, a China suspendeu as importações de um produtor de frutos do mar da Indonésia também devido a testes positivos para o coronavírus.

(Atualizada às 14h35)