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Com projeto no Norte, Vibra (VBBR3) entrará no mercado de biocombustível para aviação

13 abr 2022, 10:29 - atualizado em 13 abr 2022, 10:35
Biocombustivel
A Vibra Energia (VBBR3) expandiu sua parceria com a Brasil BioFuels (BBF) em um projeto de biocombustíveis avançados no Norte do Brasil (Imagem: REUTERS/Marcos Brindicci)

A Vibra Energia (VBBR3) expandiu sua parceria com a Brasil BioFuels (BBF) em um projeto de biocombustíveis avançados no Norte do Brasil, que agora terá a palma plantada em Roraima como matéria-prima para a produção de combustível sustentável de aviação, além do chamado diesel verde.

Com a expansão do projeto para a produção de biocombustível de aviação (SAF, na sigla em inglês), antes focado apenas no diesel verde (ou HVO), a BBF elevou os investimentos previstos no empreendimento de 1,8 bilhão de reais para 2 bilhões de reais, com o compromisso da Vibra de comercializar a produção.

A cidade de São João da Baliza (RR), de clima equatorial e ideal para o cultivo da palma, foi a escolhida para este novo passo da Vibra, maior distribuidora de combustíveis do Brasil, na construção de uma plataforma múltipla de energia que incluiu fontes renováveis.

Diretamente da cidade do interior de Roraima –que fornecerá o óleo de palma para a biorrefinaria da BBF em Manaus, com operação prevista para 2025– o CEO da Vibra, Wilson Ferreira Júnior, ressaltou a importância de a companhia ofertar diferentes combustíveis em meio à transição energética, que demanda produtos menos poluentes.

Ele lembrou que a empresa tomou a decisão de ampliar seu portfólio com parcerias e aquisições, passando pela eletricidade renovável, biometano, diesel verde, etanol e agora o SAF.

“Só falta um”, ressaltou ele a jornalistas, sem dar mais detalhes.

À Reuters, a companhia informou que há potenciais parcerias em desenvolvimento para entrada da Vibra no mercado de gás natural “on grid” (conectado à rede) e em iniciativas de GNL “off-grid”.

A empresa também tem planos de entrar no varejo de gás natural liquefeito (GNL) e atuar como comercializadora de gás no mercado livre, já possuindo, inclusive, autorização da Agência Nacional de Petróleo (ANP).

“São opções que você vai colocar na mão de qualquer consumidor, para que ele faça sua transição energética… A partir de agora ele tem essa plataforma que chamamos de multienergia”, acrescentou, durante evento em São João da Baliza.

O vice-presidente executivo de Operações, Logística e Sourcing da Vibra, Marcelo Bragança, explicou que o combustível sustentável de aviação já é uma realidade na Europa e Estados Unidos e, assim como o diesel verde, tem um potencial de crescimento superior ao do etanol e do biodiesel.

“É um produto ‘drop-in’ e vai avançar no mercado, porque pode ser misturado ao combustível fóssil ou substituí-lo, sem a necessidade de adaptações no equipamento”, disse ele.

No Brasil, o biocombustivel ainda carece de um mandato para mistura ao querosene de aviação –algo que as companhias esperam que ocorra nos próximos anos, permitindo o fomento da demanda interna por consumidores que pretendem reduzir emissões de carbono.

“Fizemos essa apresentação para os CEOs das companhias aéreas, isso está na agenda deles, eles entendem que em algum momento vão ter que começar a adquirir SAF”, afirmou Bragança.

“Naturalmente vai ter uma discussão comercial, mas a gente acha que consegue colocar no mercado a preços competitivos… E enquanto não tenha um mandato, a gente vai ter sempre o mercado externo para exportar.”

A Vibra possui 68% do “market share” em querosene de aviação no Brasil. Na região Norte, a participação da empresa no segmento chega a 94%, conforme dados da companhia.

Operação

A BBF fará o investimento industrial de cerca 2 bilhões de reais na construção da biorrefinaria, na Zona Franca de Manaus, onde serão produzidos o HVO e o SAF, com volume estimado em torno de 500 milhões de litros por ano.

Do total, um aporte de 1,8 bilhão de reais da BBF já havia sido anunciado em novembro para a construção da planta que, até então, seria apenas de diesel verde. Os 200 milhões restantes vieram para as adequações do projeto do biocombustível de aviação, disse o superintendente de Novos Negócios da BBF, Dionísios Vossos.

O presidente da BBF, Milton Steagall, ressaltou que a produção anual de diesel verde deve atingir 250 milhões de litros, enquanto a de SAF pode chegar até 280 milhões de litros ao ano.

Ele comentou que o SAF tem uma densidade de energia mais alta do que dos produtos convencionais, com um aumento de 1,5% a 3% na eficiência do combustível. “Isso não só aumentará o alcance de uma aeronave, mas também diminuirá o índice de queima de combustível por hora, reduzindo as emissões produzidas por uma aeronave durante sua rota”, acrescentou.

Na distribuição, Bragança disse que será possível atuar com foco inicial na região Norte, partindo de Manaus ao Pará, por exemplo. O Sudeste pode receber o produto por cabotagem.

Lavoura

Todo cultivo também ficará a cargo da BBF. Steagall, o CEO da companhia, disse que hoje há 70 mil hectares plantados, com sementes importadas de países vizinhos.

O cultivo é realizado em áreas consideradas degradadas da região amazônica e certificadas, autorizadas para plantio. Ou seja, não há risco de o projeto estimular o desmatamento.

A companhia estima que, até 2026, mais de 120 mil hectares de palma serão plantados.

O avanço das áreas de plantio, no entanto, estará condicionado ao crescimento da demanda de distribuidoras pelo biocombustível proveniente da palma, disse o presidente da BBF à Reuters.

O superintendente de Novos Negócios destacou que o custo da terra na região representa cerca de um quinto das áreas de Mato Grosso, por exemplo, e a produtividade é considerada alta: são cinco toneladas de óleo de palma por hectare.

“O projeto consegue ser competitivo em originação. Temos uma logística facilitada na Zona Franca de Manaus e… fundamentos que entendemos ser possível levar um custo competitivo para a ponta”, afirmou Vossos.

O contrato entre a Vibra e a BFF terá duração de cinco anos com possibilidade de renovação. A conclusão do negócio da biorrefinaria ainda está sujeita a determinadas condições precedentes, entre elas a análise dos entes competentes, como o órgão antitruste Cade e a reguladora ANP.

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