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Como a mudança no comando da Petrobras pode afetar as distribuidoras de combustíveis

23 fev 2021, 12:11 - atualizado em 23 fev 2021, 12:11
BR Distribuidora BRDT3
A troca no comando da Petrobras alimenta preocupações no mercado sobre o setor de combustíveis, como a possibilidade de retomada do controle da BR Distribuidora pela estatal (Imagem: Reuters/Paulo Whitaker)

O anúncio de troca de comando na Petrobras (PETR3;PETR4) criou muito ruído colateral no setor de distribuição de combustíveis, destacou a Ágora Investimentos. As ações da Cosan (CSAN3), Ultrapar (UGPA3) e BR Distribuidora (BRDT3) despencaram no pregão de ontem, seguindo a trajetória negativa dos papéis da estatal, que recuaram mais de 20%, bem como do Ibovespa, cuja desvalorização foi de quase 5%.

Nesta terça-feira, o Ibovespa opera com ganhos e as ações da Petrobras estão disparando. Às 12h06, o principal índice da Bolsa registrava ganhos de 0,41%, enquanto as ações ordinárias e preferenciais da Petrobras subiam 5,43% e 6,81%, respectivamente.

A indicação do general Joaquim Silva e Luna para substituir Roberto Castello Branco na presidência da Petrobras feita pelo presidente Jair Bolsonaro alimentou preocupações sobre o setor de combustíveis, como uma possível retomada do controle da BR Distribuidora pela Petrobras.

Embora os analistas da Ágora não tenham descartado essa possibilidade, eles acham que é um cenário pouco provável.

“Fundamentalmente não faria sentido, a nosso ver”, afirmaram Vicente Falanga e Ricardo França, em relatório.

Segundo a Ágora, a Petrobras poderia assumir novamente o controle efetivo da BR Distribuidora por dois principais motivos: (1) garantir capacidade de importação para abastecer o mercado brasileiro caso as importações de terceiros desapareçam (dada a potencial nova política de preços da Petrobras abaixo da paridade), e (2) tentar influenciar os preços dos combustíveis na bomba vendendo combustível a preços mais baratos.

No entanto, esse movimento é visto como irracional pela corretora, dado que, para abastecer o mercado, a Petrobras poderia aumentar suas taxas de utilização das refinarias. Quanto à tentativa de baixar os preços dos combustíveis por meio do controle da BR Distribuidora, os analistas acreditam que é “muito esforço para resultados pouco
efetivos”.

“Em primeiro lugar, as margens brutas de distribuição representam apenas R$ 0,14/litro de preços finais na bomba que estão próximos a R$ 4. Em segundo lugar, a BR vendendo combustível a preços mais baratos para seus postos de varejo não garantiria os varejistas repassar esses preços, portanto, a mudança poderia ser ineficaz”, explicaram Falanga e França.

Outra questão levantada pela Ágora refere-se à venda da participação da Petrobras na distribuidora, algo que a corretora acha que não vai acontecer.

“Dado todo o escrutínio em torno dos preços dos combustíveis no Brasil, vender o resto de seu ramo de varejo para o setor privado não seria um título político positivo”, comentaram os analistas.

Ipiranga, Ultrapar
Segundo a Ágora Investimentos, seria mais prudente que a Ultrapar suspendesse a aquisição da Refap (Imagem: YouTube/Grupo Ultra)

Ultrapar

No caso da Ultrapar, a dúvida que prevalece é: a entrada no refino é um bom negócio depois dos acontecimentos recentes?

Na opinião da Ágora, com as duras críticas dos caminhoneiros sobre os preços dos combustíveis e as constantes ameaças de greve, seria mais prudente que a Ultrapar suspendesse a aquisição da Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), localizada no Rio Grande do Sul.

A Ágora manteve por ora a recomendação de compra para as ações da BR Distribuidora e da Ultrapar, com preços-alvo de R$ 28 e R# 23, respectivamente. Os analistas explicaram que os fundamentos da distribuição de combustíveis continuam sólidos, com os volumes crescendo 7,7% em 2021.

Ainda, as ações podem subir bastante com a diminuição dos riscos.

Editora-assistente
Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
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Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
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