Internacional

Como caos na política dos EUA piora o que já está ruim nos mercados

04 out 2023, 17:08 - atualizado em 04 out 2023, 17:08
EUA McCarthy política economia
Kevin McCarthy fez história ao ser o primeiro presidente da Câmara dos Representantes a ser deposto

Um evento inédito ocorreu ontem em Washington: o presidente Câmara dos Representantes dos EUA, Kevin McCarthy (Republicano-Califórnia), foi destituído do seu cargo.

A votação para destituí-lo foi colocada no plenário da Câmara na manhã da terça-feira (4) e contou com 216 votos favoráveis à deposição, com adesão de 8 republicanos, e 210 contrários.

Após a destituição, o deputado Matt Gaetz, correligionário de McCarthy, foi à tribuna para chamar o agora ex-presidente da Câmara dos Representantes de “criatura do pântano”, resgatando um jargão que tem o carimbo de Donald Trump.

“Ele subiu ao poder coletando dinheiro de juros especiais e redistribuindo esse dinheiro em troca de favores”, disparou Gaetz, o opositor mais vocal do ex-líder da maioria.

A Câmara do Representantes está sem liderança e permanece com trabalhos paralisados até que um novo presidente seja eleito. Patrick McHenry foi escolhido como interino, mas a função dele é exclusivamente comandar o processo que elegerá um novo líder.

Tchau, McCarthy: O que está por trás da queda do presidente mais breve do Capitólio

Mas como a situação chegou até este ponto? A rixa de McCarthy com a ala trumpista data do primeiro minuto da sua curta presidência. Seu nome nunca agradou os nomes mais ideológicos do partido, que só concederam o apoio à candidatura de McCarthy após inúmeras rodadas de negociação a portas fechadas.

A paz terminou quando o congressista tomou a rédea das negociações que culminaram na suspensão do teto da dívida soberana dos EUA por dois anos. À época, McCarthy foi considerando transigente demais com as demandas fiscais do governo de Joe Biden.

Sábado passado, o desgaste se tornou irrecuperável. McCarthy enfureceu os correligionários mais ideológicos, quando ele e deputados do partido democrata fizeram um acordo para aprovar provisoriamente o orçamento.

O acordo permitiu que o governo não tivesse suas agências paralisadas ao fim do último dia 30 por falta de financiamento. Agora, o Executivo e os parlamentares da Casa tem até o dia 17 de novembro para negociar um novo financiamento.

Por que caos em Washington importa aos investidores

Longe de ser mais um caso de política, o caos em Washington coloca mais incêndio que toma conta do mercado de títulos americano.

Segundo o Goldman Sachso poder de barganha da ala trumpista na eleição do novo presidente da Câmara dos Representantes deve diminuir as chances de uma negociação bem-sucedida entre Executivo e Legislativo daqui a menos de dois meses.

Olhando para a história recente, um congelamento no financiamento do governo desgasta a credibilidade do país como emissor de dívida. Em declaração recente, a Moody’s sinalizou que um shutdown traria uma deterioração do rating americano.

Isso se traduz no mercado de títulos por um aumento das taxas (que já estão em níveis exorbitantes) como forma de compensar os investidores pelo risco tomado.

O resultado dessa combinação explosiva no mercado de títulos é um fortalecimento do dólar e mais pressão sobre ações, seja nos EUA, na Europa, ou no Brasil. 

Títulos mais fortes elevam o desconto sobre o preço justo dos ativos, fato que explica, por exemplo, a recente queda das varejistas na B3.

Estagiário
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
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