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Como e onde fazer Staking na Ethereum (ETH)? Saiba tudo sobre a prática

04 jun 2022, 18:00 - atualizado em 10 jun 2022, 0:58
staking Ethereum The Merge
Recompensas de até 10% a.a.: Confira como e onde fazer “staking” na Ethereum durante e após o The Merge (Imagem: Pexels/Jievani)

A rede de contratos inteligentes da Ethereum (ETH) está se preparando para sua atualização – denominada The Merge – que mudará o algoritmo de validação da rede, de Proof of Work (PoW) para Proof of Stake (PoS).

Por consequência, a renda e o incentivo econômico dos validadores da rede não vão mais consistir em mineração, mas em “staking“. A prática consiste em travar Ether, o token nativo da rede, em um protocolo a fim de validar as transações contidas no blockchain e receber renda com isso.

A renda anual sem calcular reinvestimentos (APR) da prática de fazer “staking” na Ethereum está atualmente em 4%, mas pode chegar até 10%. A recompensa é recebida em Ether através das taxas de rede geradas pelos usuários.

Segundo dados do beaconcha.in, explorador de blocos da “Beacon Chain”, cadeia que é responsável pelo “staking” e será integrada à rede principal após o The Merge, existem atualmente 398.188 mil validadores fazendo “staking” na Ethereum. Isso representa um aumento de quase 2% em comparação com uma semana atrás – 26 de maio -, quando tinha até então 390.972 mil.

Neste mesmo período, os Ethers trancados na rede saltaram de 12.510.997 para 12.742.100. Atualmente, o valor em dólar travado na rede é de US$ 23.237.792.894.

staking Ethereum The Merge
Dados do Beacon Chain de 26 de maio até 2 de junho (Imagem: beaconcha.in/Reprodução

Todavia, existem algumas formas de fazer “staking” na Ethereum, e é importante entender cada uma delas.

Como fazer staking na Ethereum (ETH)?

Antes de tudo, é importante saber que, por parte do planejamento da atualização, os Ethers ficarão travados até um período de seis meses após o The Merge.

Outro risco contido em qualquer blockchain que utiliza o mecanismo de Proof of Stake é o de “slashing”. O “slashing” é uma punição a um usuário que aparenta ser mal intencionado na atividade de validação da rede.

A punição envolve retirar o validador da atividade e cobrar uma quantia de tokens como forma de multa. Essa punição é uma forma encontrada pelos blockchains que usam PoS de aumentar a segurança da rede.

Existem quatro maneiras de realizar o “staking” na Ethereum: o “solo staking” (por conta própria); “staking as a service” ( terceirizado por empresas); “pooled staking” (feito em aplicativos descentralizados em comunidade) e o “centralized exchanges” (por meio de corretoras cripto centralizadas).

  • Solo staking

Essa modalidade exige certo nível de conhecimento em maquinários e instalação de softwares. O motivo é o validador fazer o trabalho de verificação da rede por conta própria rodando um “node” (nó) em seu domicílio ou empresa.

Um “validador solo” recebe recompensas diretamente do protocolo por manter seu validador funcionando corretamente e online.

Para isso, o “validador solo” precisará preparar um maquinário necessário, instalar o nó da Ethereum conectado à Internet e depositar 32 ETH para ativar o validador.

Um nó Ethereum consiste em uma operação que envolve dois softwares: um “cliente de camada de execução” (EL na sigla em inglês) em um “cliente de camada de consenso” (CL na sigla em inglês).

Esses softwares trabalham em conjunto com chamadas-chave de assinatura, para verificar transações e bloqueios, atestar o número (hash) correto da cadeia, agregar atestados e propor blocos.

Os “validadores solos” são responsáveis ​​por operar o hardware necessário para executar ambos os “clientes”. É altamente recomendável pela própria Ethereum Foundation usar uma máquina dedicada somente para isso.

Conforme a equipe da Ethereum Foundation, isso é extremamente benéfico para a saúde da rede. Neste caso, o “slashing” é direcionado ao próprio validador, uma vez que é ele quem está assegurando a saúde da rede.

  • Staking as a service

Nessa modalidade, o validador também precisa depositar um valor mínimo de 32 ETH, mas não precisa instalar e separar uma máquina para executar um nó.

Isso porque, o validador delega suas chaves (operações) de nó a um operador terceirizado. Esse processo geralmente envolve ser guiado pela configuração inicial, incluindo a chave de geração e depósito e, em seguida, carregar suas chaves de assinatura para o operador, o que permite que o serviço opere seu validador em seu nome, geralmente por uma taxa mensal.

O risco de slashing presente nessa modalidade está incumbido no terceiro que realiza a validação. Porém, o validador que delegou suas chaves também pode ter prejuízo financeiro a partir da multa.

  • Pooled staking

Os chamados “pools de staking” são uma abordagem colaborativa para permitir que os usuários com quantidades menores de Ethers consigam participar da atividade.

Funciona como uma comunidade, que trava Ethers por meio de um protocolo e juntos conseguem os 32 Ethers necessários para ativar um conjunto de chaves validadoras.

A funcionalidade de pool não tem suporte nativo no protocolo, portanto, as soluções foram criadas separadamente por protocolos de finanças descentralizadas (DeFi) para facilitar a experiência.

Alguns pools operam usando contratos inteligentes, onde os fundos podem ser depositados em um contrato, que gerencia e rastreia sua participação e emite um token que representa esse valor.

Outros pools podem não envolver contratos inteligentes e, em vez disso, são mediados fora do blockchain.

Um aspecto positivo desta prática é a opção de ter liquidez. Alguns protocolos fornecem a opção do usuário travar Ethers no pool e receber um colateral de volta.

Desse modo, o usuário que colocar 0.7 ETH tem a opção de receber 0.7 xETH, sendo “x” o indicado que aquele é o criptoativo sintético criado com o lastro do “saking”.

  • Centralized exchanges

Por fim, o staking por meio de corretoras cripto centralizadas. Diversas corretoras centralizadas, como a Binance, oferecem serviços de “staking”, algo que tira a necessidade de possuir Ether em sua carteira virtual, uma vez que a corretora detém a custódia de seus Ethers.

Esse método pode ser um substituto para possibilitar que o usuário obtenha algum rendimento em suas participações na validação da Ethereum com supervisão ou esforço mínimo.

A desvantagem aqui, segundo a própria Ethereum Foundation,  é que os provedores centralizados consolidam grandes pools para executar um grande número de validadores.

Isso pode ser perigoso para a rede e seus usuários, já que cria um grande alvo centralizado e um ponto de falha, tornando a rede mais vulnerável a ataques ou bugs.

Onde fazer Staking na Ethereum (ETH)?

Para Orlando Telles, sócio-fundador da Mercurius Crypto, o investidor que busca fazer “staking” de maneira líquida e descentralizada, ou seja, através de “pools”, precisa observar a aceitabilidade no mercado e o pegging, ou lastro, dessa liquidez.

Ele diz gostar do Lido Finance e da Rocket Pool, ambos protocolos que utilizam essa dinâmica.

“A Rocket Pool, hoje, é a recomendação da própria Ethereum Foundation. É o principal ‘player’ que a Ethereum Foundation está atrelada com ‘staking’ por meio de um protocolo descentralizado”, explica.

No âmbito de plataformas centralizadas, Telles recomenda fazer por meio de corretoras que possuem boa reputação no mercado, principalmente em termos regulatórios.

“Para mim, as melhores são a Coinbase e a Kraken. Seriam minhas opções”, diz.

André Franco, analista-chefe do Mercado Bitcoin, também indica a Lido Finance como uma alternativa de “staking” em “pool” via plataformas descentralizadas.

“A Lido favorece o investidor a travar uma quantia de Ether, receber um outro token (stETH) na mesma proporção e poder negociá-lo em outras plataformas. Inclusive, é possível usar como colateral para tomar empréstimos”, explica.

Franco alerta que aqueles que optarem por fazerem o “solo staking”, ou seja, rodar um nó diretamente em sua casa, não terão uma data precisa de quando os valores travados serão liberados.

Conforme o site oficial da Lido Finance, a plataforma, que paga 4% a.a em recompensa pela atividade, conta com 4.209.823 Ethers em “saking” e cerca de 84.347 Ethers já pagos à usuários.

Atualmente, o ganho anual sem reinvestimento (APR) do Lido é menor do que o APR do Ethereum devido à fila de ativação para validadores de ETH, segundo consta no site, bem como à taxa de recompensas de staking do Lido.

“O APR do Lido crescerá à medida que a taxa de stakers ativos no Lido se tornar maior, mas não excederá o APR do Ethereum”, diz na plataforma.

Segundo o site de análises DeFiLlama, o Lido Finance é o quinto maior protocolo descentralizado em termos de valores totais travados (TVL, na sigla em inglês), e conta com cerca de US$ 7,69 bilhões somente na rede da Ethereum.

Vantagens e desvantagens em fazer “staking” na Ethereum

Marco Jardim, Diretor do Blockchain Studio, diz acreditar que os principais riscos são: a possível perda da chave da carteira que fez o stake; filas longas para o “unstaking”; o validador escolhido falir, sumir, ou simplesmente ser mal gerenciado; e riscos da própria rede, como o preço do ativo cair muito ou problemas no Ethereum 2.0 que levem o usuário a perder fundos. 

Além disso, Jardim ressalta que o The Merge pode ter algum problema ainda não conhecido onde o blockchain perde sincronia e faz um hard fork, gerando duas blockchains distintas crescendo em paralelo (que é o cenário existente hoje, o merge quer unificar isso), em que existiria uma situação em que ninguém conseguiria escolher facilmente qual é o fork “certo”.

“Isso poderia levar muitas pessoas a venderem ativos ou pararem de usar a rede pelo receio de ter uma transação ‘apagada’ do blockchain quando ele se reorganizasse automaticamente para a escolha do fork correto.” 

Para ele, a maior vantagem em fazer esse “staking” cedo, antes do The Merge, é pegar menos filas, ou até filas totalmente vazias.

“Também existe a vantagem econômica de receber mais recompensas pelo tempo de stake, mas acredito que muita gente ganharia mais dinheiro simplesmente negociando as criptomoedas nesse momento em que não há recompensas volumosas, dado que o Eth2.0 ainda não está sendo utilizado massivamente”, finaliza.

Mas, afinal, ainda vale a pena minerar Ethereum (ETH)?

Para André Franco, nesse cenário específico de mudança na validação de rede da Ethereum, não é tão atrativo.

“A mineração na Ethereum está fadada a deixar de existir após o The Merge. A rede vai deixar de ter um validador que necessita de uma máquina para executar programas densos para ter um validador que precisa de uma quantia de 32 Ethers”, explica.

The Merge vai “dar bom”? Staking como métrica

Alguns analistas medem o otimismo do mercado em relação à atualização com a quantidade de Ethers travados no protocolo, muito disso devido a não liquidez deste tipo de investimento, confiança dos investidores no produto e vontade de participar na validação da rede dos usuários.

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Repórter do Crypto Times
Jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Repórter do Crypto Times, e autor do livro "2020: O Ano que Não Aconteceu". Escreve sobre criptoativos, tokenização, Web3 e blockchain, além de matérias na editoria de tecnologia, como inteligência artificial, Real Digital e temas semelhantes. Já cobriu eventos como Consensus, LabitConf, Criptorama e Satsconference.
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