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Como os 10% de mistura do biodiesel podem criar, definitivamente, oportunidades para criadores e agricultores

03 dez 2021, 11:36 - atualizado em 03 dez 2021, 13:33
Porcos Suínos
Opções de alimentos diferenciadas podem se tornar regulares entre os vários planteis brasileiros (Imagem: REUTERS/Ben Brewer)

A manutenção da mistura de biodiesel ao diesel, em 10%, considerando que a soja é a principal biomassa, acendeu mais uma vez o pavio do explosivo cenário de alimentação de bovinos, suínos e aves. Por outro lado, reforça a tese de que alternativas diferentes de rações e forrageiras abrem novas janelas de oportunidades.

Registra-se que em valendo a proporção de 13% (B3), como se esperava, haveria também maior volume de farelo de soja, subproduto do óleo, considerando o grão como a principal biomassa do biodiesel. ABPA, entidade de suínos e aves, acusou o golpe, com críticas.

Ambos setores também apanharam bastante desde o segundo semestre de 2020, com a falta de milho e preços nas alturas – primeiro pela demanda internacional e depois pela quebra da safrinha 20/21 -, ocasionando maior volume de importação nem sempre coberta com o dólar a R$ 5,60.

A pecuária bovina, de corte e leiteira, igualmente acusou custos elevados nas rações, em ano de penúria do consumo interno e estiagem acentuada em combinação com geadas fortes, que detonaram as pastagens.

Nesse desbalanço, reside o potencial de oportunidades.

Muitos produtores partiram para outras fontes de energia e proteínas agrícolas e até poderiam torná-las regulares nos seus pacotes de insumos para suas criações.

E muitos agricultores poderiam incorporar de vez algumas culturas em seus planejamentos – e não apenas em janelas de oportunidades que outras culturas mais competitivas acabam deixando -, visando esse mercado.

Descontando-se questões relativas às vocações edafoclimáticas regionais e até alguns gargalos tecnológicos – bem como o equilíbrio no fornecimento já que nem todas as opções possuem valor nutritivo adequado -, a conta final poderia ser bom para todos os lados.

Os criadores teriam maior segurança no fornecimento e os agricultores garantia de compras e preços justos.

Em paralelo, a integração lavouras e pastos deveria avançar para um maior número de propriedades.

Em 2021, viu-se grande corrida para o trigo pelas granjas do Sul, o que colaborou para aumento dos preços para alimentação humana. Também aveia, cevada e centeio tiveram boa procura, mas de oferta mais acanhada ainda entre as essas três culturas de inverno.

Mas o triticale, híbrido de trigo e centeio, é uma opção com bastante valor energético e aceitação pelos animais, porém pouco explorado ainda diante do potencial.

Igual, por exemplo, ao sorgo, com boa digestibilidade e valor para bovinos, contudo de concentração produtiva reduzida a Minas e alguns lugares do Centro-Oeste. E de manejo fácil, adaptabilidade a solos pobres e, daí, custo baixo de produção.

Outros também conhecidos, como casca de arroz e bagaço de cana, foram mais adicionados, apesar do baixo valor alimentício.

Com adequado conhecimento e apoio técnico, pode-se criar um colchão de alternativas regulares, que não sejam apenas emergências como a de alguns produtores, como Juca Alves.

O pequeno confinador de Barretos (SP) teve que usar de casca de castanha do Pará até silagem de abacaxi nos cochos dos animais neste segundo semestre do ano.

Repórter no Agro Times
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
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