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Construção civil passa a régua em 2022 e baixa renda deve ser destaque; o que esperar do 4T22?

04 mar 2023, 14:00 - atualizado em 04 mar 2023, 8:21
construção civil
Resultados de 2022 de empresas da construção civil listadas na Bolsa brasileira serão divulgados a partir da semana que vem (Foto: Flávya Pereira/Money Times)

A temporada de balanços financeiros das empresas de construção civil listadas na B3 começa na próxima semana. Apesar de as construtoras já terem divulgado prévias operacionais, o mercado aguarda uma passada de régua do setor em 2022. As atenções devem se voltar para as construtoras do segmento de baixa renda.

O analista de real estate do Inter Invest, Gustavo Caetano, avalia que o setor passa por mudanças estruturais no horizonte relevante, o suficiente para recalcular a sua rota do setor e de algumas construtoras e incorporadoras.

Segundo ele, com base nas prévias operacionais divulgadas em janeiro, espera-se que as construtoras reportem números mistos no quarto trimestre. Enquanto o volume de lançamentos ficou dentro das estimativas do Inter, as companhias registraram desempenho distinto em relação às vendas.

“Com isso, esperamos que as construtoras apresentem receitas também distintas no período. Embora tenha-se observado um movimento homogêneo de alívio nos custos de construção diante do arrefecimento no preço dos insumos. Entretanto, esse efeito não deve refletir nos resultados do trimestre”, pondera.

Para Caetano, em geral, as companhias devem reportar margens majoritariamente estáveis ante o terceiro trimestre. “Além disso, esperamos que as empresas divulguem resultado de equivalência patrimonial ligeiramente mais fraco. Mesmo com uma baixa pressão projetada nas linhas de vendas, despesas gerais e administrativas”, diz.

Em meio ao cenário mais desafiador, recentemente, o Inter cortou o preço-alvo de construtoras que fazem parte de sua cobertura. No caso, Cyrela (CYRE3), Eztec (EZTC3), Tenda (TEND3) e Direcional (DIRR3).

Cyrela, Cury e Direcional: as preferidas da construção civil

Apesar do corte de preço-alvo, Caetano diz que, diante dos atuais múltiplos negociados, a Cyrela apresenta a melhor relação risco-retorno dentro do setor. “Projetamos a continuidade do bom desempenho operacional para os anos subsequentes. Isso deve sustentar a atual política de dividendos da empresa”, diz.

Para os resultados do quarto trimestre, o Inter projeta que a construtora e incorporadora registre queda marginal da receita líquida, estimada em R$ 1,4 bilhão, com queda de 10% na comparação trimestral.

“Em contrapartida, deve subir 6% na base anual. Apesar da elevada eficiência observada no terceiro trimestre, acreditamos que a companhia registre margens mais normalizadas de outubro a dezembro, em torno de 32%. Contudo, sem impacto imediato do arrefecimento de preço dos materiais nos custos”, comenta, estimando que a Cyrela deve reportar lucro bruto de R$ 451 milhões.

A equipe de real estate do BTG Pactual avalia que, apesar do cenário econômico mais difícil, a Cyrela está “soberbamente posicionada”, com lançamentos recentes vendendo bem. “O que significa que os ganhos e o fluxo de caixa devem permanecer fortes em 2023 e em 2024”, comentam Bruno Tomazetto, Elvis Credendio e Gustavo Cambauva.

A Direcional é uma das ações preferidas de analistas do setor e, segundo a equipe do BTG, a companhia deve continuar apresentando margens brutas consistentes “graças a boas vendas” e resultados fortes, com “bom retorno sobre o patrimônio líquido”.

Ainda para a equipe do BTG, a Cury (CURY3) deverá ser o destaque do segmento de baixa renda, também com retorno sobre o patrimônio líquido forte e boa geração de caixa no período.

Construtoras de baixa renda um pouco melhores

A equipe do BTG avalia que as construtoras de baixa renda deve exibir resultados relativamente melhores ajudadas pelas mudanças no programa habitacional do governo Minha Casa, Minha Vida (Casa Verde e Amarela até o fim de 2022).

“Mesmo com resultados mistos, as construtoras de baixa renda devem ser as vencedoras do setor, com forte velocidade de vendas, maiores preços de venda e margens maiores. Entretanto, a MRV (MRV3) e a Tenda ainda sofrem com margens baixas e alto endividamento”, comentam.

Contudo, Caetano do Inter diz que a Tenda deve apresentar uma margem bruta de 13%. Apesar de baixa, representa alta de 8 pontos percentuais na comparação com o terceiro trimestre de 2022. “Com isso, a construtora mineira deve alcançar um lucro bruto de R$ 69 milhões. Porém, o Ebitda deve ficar negativo”, diz.

Para ele, a Tenda deve reportar menor deterioração no resultado financeiro. Já o foco do mercado na MRV será ainda na alavancagem e no queima de caixa da companhia.

Repórter
Jornalista mineira com experiência em TV, rádio, agência de notícias e sites na cobertura de mercado financeiro, empresas, agronegócio e entretenimento. Antes do Money Times, passou pelo Valor Econômico, Agência CMA, Canal Rural, RIT TV e outros.
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