Correlação espúria: Não confunda mera coincidência com causa na hora de investir

Uma correlação espúria é uma relação aparente entre duas variáveis que não possuem uma conexão causal real entre si. Essa relação ilusória pode surgir devido a fatores externos ou coincidências estatísticas, levando a conclusões equivocadas se não forem adequadamente analisadas.

Por exemplo: suponha que uma análise estatística mostre uma forte correlação positiva entre o número de vendas de sorvete e o número de acidentes de carro em uma determinada cidade. Pode-se concluir erroneamente que o consumo de sorvete está causando mais acidentes. No entanto, essa correlação é espúria, pois ambos os eventos podem ser influenciados pelo tempo (verão), mas não estão relacionados entre si causalmente.

Você sabia que, em uma janela temporal de 10 anos, existe uma correlação de 99,79% entre a evolução dos gastos do governo americano com ciência, segmento aeroespacial e tecnologia com o número de suicídios por estrangulamento e sufocamento?

Fonte: Tyler Vigen

Ou que o número de divórcios no estado do Maine, nos Estados Unidos, possui uma correlação de 99,26% com o consumo per capita de margarina no país?

Fonte: Tyler Vigen

Se quiser conhecer mais exemplos exóticos desse tipo de correlação, o site https://www.tylervigen.com/spurious-correlations vai te surpreender.

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Correlação espúria e investimentos: Cuidados a tomar

Voltando ao assunto, como você já deve ter percebido, embora os casos citados acima apresentem uma alta correlação, trata-se de uma associação de variáveis que não possuem uma relação de causa e consequência.

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No contexto dos investimentos, entender o conceito de correlação espúria é fundamental para evitar tomar decisões financeiras com base em informações enganosas ou armadilhas do noticiário acerca dos motivos pelo quais um ativo caiu ou subiu em determinado momento.

Aliás, o distanciamento do ruído de curto prazo e o aprofundamento dos conceitos e fundamentos das teses de investimento tendem a trazer muito mais valor para o investidor.

Para se proteger desse tipo de situação, é essencial considerar o contexto em que a correlação é observada, questionar se há uma explicação lógica ou causal para a relação entre as variáveis ou se pode ser apenas uma coincidência, como nos exemplos acima.

Além disso, minha sugestão é que não tome decisões com base em uma única correlação. Se possível, realize análises adicionais, considere outras variáveis relevantes e use demais métodos para verificar se a correlação é estatisticamente significativa.

Por fim, nunca é tarde demais para lembrar sobre a importância da diversificação. Investir em diferentes classes de ativos, geografias e setores reduz o risco de depender de uma única correlação que possa ser espúria.