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Criptomoedas são seguras? Entenda por que ataques hackers estão aumentando e como se proteger

06 ago 2022, 18:00 - atualizado em 06 ago 2022, 19:28
ataques hacker criptomoedas
Nas últimas semanas, o mercado de criptomoedas está passando por diversos ataques hackers, saiba o motivo e como se prevenir (Imagem: Freepik/standret)

O principal ponto na tecnologia do blockchain é o semi-anonimato, rastreabilidade e a verificação de transações a partir dos algoritmos de consenso. Esses são pontos que deixariam a tecnologia mais segura, mas não é o que estamos observando atualmente.

Nas últimas semanas, o mercado de criptomoedas está passando por diversos ataques hackers que vêm causando milhões de dólares em prejuízos aos investidores.

No mais recente deles, a falha parece ter sido em uma carteira virtual online – as chamadas carteiras quentes – na rede da Solana (SOL).

Devido à falha na carteira Slope, as “seed phrases” – palavras de segurança – dos usuários foram enviadas para um servidor centralizado. A partir disso, mais de oito mil carteiras de usuários foram drenadas pelos hackers.

Embora, não tenha sido uma falha na estrutura do blockchain da Solana, e sim da carteira, muitos que ainda não investem nesse mercado ficam com um pé atrás de entrar após bater o olho em histórias como essa.

Segundo dados da Chainalysis, empresa de análise de dados em blockchain, o crime com criptomoedas atingiu um novo recorde em 2021, com endereços ilícitos recebendo US$ 14 bilhões ao longo do ano, acima dos US$ 7,8 bilhões em 2020.

Em comentário ao Crypto Times, Erin Plante, Diretora Sênior de Investigações na Chainalysis, diz que, apesar desse crescimento, é necessário destacar que o uso legítimo das criptomoedas nunca foi tão grande e supera, em muito, o uso criminoso.

“Em todas as criptomoedas rastreadas pela Chainalysis, o volume total de transações cresceu para US$ 15,8 trilhões em 2021, um aumento de 567% em relação aos totais de 2020. Dada essa adoção crescente, não é surpresa que mais cibercriminosos estejam usando cripto. Mas o fato é que o aumento no volume de transações ilegais foi de apenas 79%”, diz.

Porque estão havendo tantos ataques hackers no mercado cripto?

Wanderson Castilho, perito forense digital especializado em blockchain, diz que o aumento de hacks no mercado cripto tem relação com o mercado de baixa atual.

O crime organizado ataca por nichos de mercado, conforme diz, como a moeda digital sofreu grandes quedas, esse mercado se tornou um dos principais alvos.

“O investidor deste mercado entrou em estado de completo desespero, querendo fazer qualquer negócio para não ter maiores prejuízos, tornando-se alvos fáceis aos criminosos”, explica.

Para ele, a tecnologia está mais segura, mas os golpes atacam o psicológico do investidor. O momento de grandes prejuízos favorece esse cenário.

“É a conhecida técnica de engenharia social, e infelizmente as pessoas não se tornaram mais seguras, e sim mais desatentas e com a falsa sensação de segurança, esquecendo que o fator principal de proteção é o usuário”, diz.

Já para Plante, o mercado de baixa não é um fator que influencia em ataques hackers.

“Não acreditamos que os dois estejam relacionados. Por exemplo, os hacks ligados à Coreia do Norte, em particular, vêm aumentando desde o ano passado e não parecem estar relacionados aos preços observados no mercado hoje.”

Como se proteger de ataques hackers no mercado cripto?

Castilho recomenda aplicar todos os níveis de fatores de segurança recomendado pela plataforma utilizada, colocar um número de telefone diferente para cada plataforma, contratar um “guarda-costa digital para sua persona digital” e sempre estar informado sobre os golpes que estão acontecendo no momento.

Plante comenta que, se uma empresa do setor for vítima de um ataque, o tempo é essencial. Rastrear os fundos imediatamente pode fazer a diferença.

“Recentemente, lançamos o Crypto Incident Response, um serviço de retenção de resposta rápida para empresas de criptomoedas e grandes organizações que são alvos de alto risco para ataques cibernéticos”, diz.

Qual o principal alvo dos ataques hackers? E as principais vulnerabilidades?

Apenas alguns anos atrás, as corretoras centralizadas eram de longe os alvos mais frequentes de hacks no setor.

Hoje, hacks bem-sucedidos de corretoras centralizadas são raros, segundo a empresa. 

Isso porque essas organizações priorizam sua segurança, e porque os hackers estão sempre procurando os serviços mais novos e vulneráveis ​​para atacar.

“Hoje o principal alvo dos hackers são os protocolos Cross-chain Bridge. A Chainalysis estima que, somente neste ano, US$ 2 bilhões em criptomoedas foram roubados dessas plataformas e de outros protocolos DeFi”, comenta Erin Plante.

Conforme comentado, os protocolos em Bridge são especialmente atraentes para os golpistas porque, geralmente, eles apresentam um ponto central de armazenamento dos fundos que apoiam os ativos no blockchain receptor, como em uma ponte. 

“Independentemente de como esses fundos são armazenados – bloqueados em um contrato inteligente ou com um custodiante centralizado – esse ponto de armazenamento se torna um alvo.”

Além disso, um projeto eficaz em Bridge ainda é um desafio técnico que não foi resolvido, com muitos novos modelos sendo desenvolvidos e testados, diz a equipe da empresa. 

“Esses designs variados apresentam novos focos de ataque que podem ser explorados por agentes mal-intencionados – à medida em que as práticas preventivas são aperfeiçoadas ao longo do tempo.”

Carteiras frias (coldwallets) podem me proteger dos hackers de criptomoedas?

De acordo com a Vantage Market Research, a indústria geral de armazenamento de criptomoedas está tendo um crescimento excepcional devido ao inverno cripto e deve superar as corretoras, que devem crescer apenas 13% CAGR até 2028, enquanto o mercado de carteiras de hardware deve exibir um CAGR de 27% até 2027.

Ao Crypto Times, Adam Lowe, Diretor de Produto e Inovação da CompoSecure (empresa por trás da fabricante da carteira fria da Arculus), comenta que as carteiras de hardware de armazenamento a frio permitem que os consumidores tenham auto-custódia e gerencie todos os seus ativos digitais em um só lugar, de maneira offline.

“As manchetes recentes destacaram alguns dos riscos para os investidores que armazenam todos os seus ativos digitais em exchanges de criptomoedas e sempre incentivamos as pessoas a proteger seus investimentos”, diz.

A simplicidade e segurança de uma carteira de armazenamento a frio, conforme ele, oferece flexibilidade e segurança para proteger facilmente contra hackers online.

Lowe comenta que a pressão atual nos mercados de criptomoedas destaca a necessidade de diversificação e auto-soberania de ativos digitais, como uma carteira de armazenamento a frio.

“A auto custódia com carteiras de armazenamento a frio como Arculus é ainda mais atraente e mais crítica para que os usuários tenham total propriedade e controle de seus ativos digitais, bem como proteção contra hackers e fraudes. Autocustódia significa que você possui suas chaves privadas – É tão simples quanto isso”, explica.

As carteiras de hardware são uma das muitas maneiras de armazenar criptomoedas e ativos digitais.

Assim como ninguém colocará todos os seus ativos em um cofre, nem todos usarão uma carteira de hardware para seus ativos digitais, conforme comparação feita pelo próprio Lowe.

Como aumentar a segurança das minhas criptomoedas?

“A coisa mais importante a entender é quem possui suas chaves, possui sua criptomoeda. Os consumidores precisam se educar sobre ativos de custódia versus não de custódia”, diz Adam Lowe. 

Além disso, para ele, a utilização de trocas ou carteiras quentes que usam uma conexão contínua com a Internet mantém a porta aberta para ameaças de hackers e roubos. 

“Também é vital utilizar a autenticação multifator (MFA). A MFA, como a autenticação de três fatores, é extremamente valiosa porque, idealmente, analisa algo que você é (biométrico, que pode ser uma impressão digital ou reconhecimento facial), algo que você conhece (PIN) e algo que você possui, como nosso Arculus Key Card”, explica.

Para ele, essa etapa adicional de segurança é crucial para garantir que apenas você tenha acesso aos seus ativos.

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Repórter do Crypto Times
Jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Repórter do Crypto Times, e autor do livro "2020: O Ano que Não Aconteceu". Escreve sobre criptoativos, tokenização, Web3 e blockchain, além de matérias na editoria de tecnologia, como inteligência artificial, Real Digital e temas semelhantes. Já cobriu eventos como Consensus, LabitConf, Criptorama e Satsconference.
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Jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Repórter do Crypto Times, e autor do livro "2020: O Ano que Não Aconteceu". Escreve sobre criptoativos, tokenização, Web3 e blockchain, além de matérias na editoria de tecnologia, como inteligência artificial, Real Digital e temas semelhantes. Já cobriu eventos como Consensus, LabitConf, Criptorama e Satsconference.
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