Economia

Detalhes de acordo comercial deixam economia chinesa em alerta

20 jan 2020, 12:50 - atualizado em 20 jan 2020, 12:50
Lui He Donald Trump EUA China Guerra Comercial
O acordo negociado entre os dois lados contém cerca de 100 ocorrências das frases “a China deve” ou “a China irá“ (Imagem: Facebook/The White House)

São os detalhes do acordo comercial de primeira fase com os Estados Unidos que devem afetar a economia da China este ano.

documento de 96 páginas assinado na semana passada em Washington contém cerca de 100 disposições específicas sobre proteção à propriedade intelectual e outros compromissos com datas de entrega. São um complemento ao objetivo mais conhecido de importações extras de mercadorias no valor de US$ 200 bilhões em dois anos.

Com algumas metas de implementação a serem cumpridas no primeiro trimestre, qualquer derrapagem poderá rapidamente desencadear tensões comerciais e dissipar o aumento da confiança gerado com a assinatura do acordo.

A produção nos três meses até dezembro se estabilizou e, embora haja alguns sinais de recuperação dos investimentos, poucos economistas esperam uma recuperação forte.

“As perspectivas não são otimistas, e a China e os EUA permanecem em uma disputa de longo prazo”, disse Ding Shuang, economista-chefe para China e Norte da Ásia do Standard Chartered Bank, em Hong Kong. O economista espera que a tensão comercial China-EUA reduza em 0,2 ponto percentual o crescimento do PIB chinês em 2020.

O acordo negociado entre os dois lados contém cerca de 100 ocorrências das frases “a China deve” ou “a China irá“, vinculando o país a medidas que vão desde o fornecimento de mais dados sobre violações de segredos comerciais até o aumento do número de funcionários aduaneiros em busca de mercadorias falsificadas.

Algumas cláusulas exigem que medidas sejam tomadas dentro de três meses, e a China deve fornecer um “Plano de Ação“ no primeiro trimestre sobre sua abordagem para a proteção da propriedade intelectual.

Economistas do Morgan Stanley, como Robin Xing, veem as relações comerciais bilaterais após o acordo de primeira fase como ainda congeladas, em um estado de “progresso incerto”. A maior parte da carga tarifária sobre produtos chineses permanece, e “o ruído pode aumentar novamente” no segundo semestre quando os dois países realizarem as reuniões de revisão trimestrais.

Muito também dependerá da posição adotada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, durante um ano eleitoral.

No geral, economistas projetam crescimento de 5,9% para a economia chinesa este ano. Esse consenso foi elevado em dezembro, após a assinatura do acordo.

Sinais de que a trégua comercial está saindo do rumo provavelmente serão seguidos por ameaças de tarifas mais altas. Para as empresas chinesas, esse cenário é apenas marginalmente melhor do que a escalada vista no ano passado.

O investimento de empresas do setor privado – a espinha dorsal da economia – desacelerou durante a maior parte de 2019 em meio à incerteza tarifária e ao persistente aperto de crédito. É provável que essas restrições diminuam, mas lentamente.

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