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Dia da Mulher: quem disse que criptomoeda é só ‘papo de homem’? Confira empreendedoras do setor

08 mar 2023, 15:23 - atualizado em 08 mar 2023, 15:24
Dia da Mulher
As fundadoras e mulheres em cargos de lideranças na Web3, contam como foram sua experiência, e entregam dicas para todas as demais que querem empreender no setor (Imagem: Freepik/rawpixel.com)

O Dia Internacional da Mulher é comemorado nesta quarta-feira (8), e o Crypto Times quer relembrar os projetos na Web3 criados, impulsionados ou idealizados por empreendedoras do setor.

As fundadoras, e mulheres em cargos de lideranças na Web3, contam como foram sua experiência, e dão dicas para todas as demais mulheres que querem empreender no setor. Confira:

Giovana Simão (Bitdasminas)

Giovana Simão, colunista no Money Times, também é fundadora de três empreendimentos. O primeiro deles, o canal Bit das Minas, com enfoque em ensinar sobre o mercado de criptomoedas para as mulheres.

Os outros dois empreendimentos da Giovana são Allga e Cobogo – ecossistemas também na Web3 mas focados na economia de criadores de conteúdo.

“É muito importante pensar na inclusão da mulher na tecnologia, no âmbito profissional, e familiar também. A mulher precisa ter mais voz. Hoje apenas cerca de 2% de quase todas empresas têm mulheres como fundadoras”, comenta.

Larissa Barros (Agenda Crypto)

Larissa Barros é criadora do Agenda Crypto, uma rede de networking e calendário para informar sobre eventos relacionados a criptomoedas. Barros já fez cobertura de eventos nacionais e internacionais como o LabitConf 2022, na Argentina.

“Não me dê flores, me dê voz e escute! O Dia da Mulher é, acima de tudo, um dia de reflexão. Será que estamos onde deveríamos estar? Será que somos reconhecidas da forma que deveríamos ser?”, questiona.

Barros comenta que os questionamentos são muitos, mas se engana quem pensa que devem ser feitos apenas pelas próprias mulheres.

“Você já se perguntou por que o representante da sua empresa que está no palco falando geralmente é um homem e não uma mulher? Você já cedeu uma posição de protagonismo para uma mulher que faria o papel tão bem quanto você? Das indicações de trabalhos, produtos ou conteúdos que você faz diariamente, quantos são de mulheres? Questione-se e ouça”, complementa.

Em 2021, a Women of Web3 publicou um relatório que revelou um aumento significativo no número de mulheres participando de eventos de criptomoedas e blockchain, de 10% para 25%. No entanto, Larissa questiona quantas dessas mulheres tiveram a oportunidade de palestrar: “Talvez apenas 2%.”

“Será que falta mulher na empresa ou falta aos homens abrirem mão de seus protagonismos? Sem representatividade, dificilmente veremos esse número crescer exponencialmente. Por isso, é tão importante termos mulheres à frente de projetos, empresas sendo porta-voz, educando e muito mais. E para isso, precisamos que todos se questionem e ouçam”, finaliza.

Bianca Torquato e Lorenza Sabatini (VEX)

Bianca Torquato é uma das mentes por trás da startup Vex Authentics. Além dela, a outra mente por trás também é feminina: Lorenza Sabatini.

Ambas são fundadoras de uma startup de moda digital que faz uso de NFTs para produção de peças de roupas em uma plataforma própria.

“Desde o início da minha carreira, o que mais tive no dia-a-dia corporativo foram confirmações do que sempre ouvi e li: sim, somos minoria. Além de minoria, sempre temos dupla jornada. É empreender, liderar, planejar, criar coisas novas e no fim do dia, afazeres para além da agenda executiva”, comenta Bianca ao Crypto Times.

“A nossa rotina é puxada, nós somos fortes demais por isso e muitas de nós mesmas não reconhecemos nossa jornada silenciosa de se transformar em 5 mulheres em 1 dia só. Nesse dia, pedimos para além da inclusão: pedimos a retenção. O incentivo. A influência. Nos deem espaço e oportunidades, a capacidade temos de sobra. Feliz dia, mulheres incríveis!”, finaliza.

Cintia Ferreira (EVE NFT)

Cintia Ferreira é uma das fundadoras da EVE, uma organização autônoma descentralizada (DAO) focada no empreendedorismo feminino. A comunidade se dedica a impulsionar e educar as mulheres no setor de Web3.

“Sinto cada vez que as mulheres não têm mais medo de dizer ‘eu não sei”’ e puxar o movimento ‘vamos aprender juntas’. Eu Cíntia, me sinto também cada vez mais motivada e capacitada para trazer mais mulheres para o ecossistema de web3, consigo levar o tema de forma didática para qualquer ambiente que todos conseguem entender de forma rápida e prática, sem colocar usufruir de tantos termos técnicos na linguagem”, comenta. 

O principal papel das mulheres no mercado cripto é avançar com a equidade de gênero, assim como em outros segmentos, comenta.

“Há um número crescente de mulheres que lideram empresas de criptomoedas, desde startups até empresas estabelecidas. Na tecnologia, as mulheres têm contribuído significativamente para o desenvolvimento de tecnologias blockchain e criptomoedas, incluindo programação e desenvolvimento de aplicativos”, finaliza.

Heloísa Passos (Trexx)

Heloísa Passo é fundadora da Trexx, startup de jogos em blockchain. Além da Trexx, também foi a responsável por fundar a Sp4ce Games, vendida mais tarde em aquisição.

Seu foco em jogos play-to-earn, ou jogue para ganhar, como Axie Infinity, começou em 2017 por meio das redes sociais e Youtube, onde ajudou que pessoas — em grande parte mulheres — conseguissem fazer dinheiro com jogos NFT.

“Se estamos falando de descentralização, é preciso descentralizar também perfil de fundadores, builders, empreendedores. É necessário que as pessoas se identifiquem. Precisamos de mais mulheres em posição de liderança, puxando projetos e é para isso que eu luto todos os dias e trabalho, para que, principalmente jovens meninas possam ver que elas tem espaço no blockchain e na tecnologia”, diz.

Caroline Nunes (InspireIP)

Caroline Nunes é a fundadora da InspireIP, startup que oferece o registro de direitos autorais em Ethereum Blockchain.

Nunes comenta que, como mulher empreendedora na web3, enfrentou muitos desafios para provar suaa capacidade, principalmente quando sentava na mesa de negociação com homens mais velhos.

“Já ouvi muitos comentários como ‘tenho idade para ser seu pai’, ‘você é casada?’, ou até mesmo ‘O CEO da sua Startup deveria ser um homem’. Foi preciso muito esforço e dedicação para construir minha startup e obter sucesso no mercado, principalmente falando de web3 e soluções inovadoras, já que o assunto exige um processo de aprendizado interno nas grandes corporações”, comenta. 

Mas ela diz que, “felizmente, encontrei uma comunidade forte, diversa e inclusiva no setor de blockchain.”

Grupos como o Cora e o WIB (Women in Blockchain) são exemplos citados pela CEO de comunidades fortes de mulheres que estão trabalhando para mudar o cenário atual de falta de diversidade no setor de tecnologia.

Essas comunidades oferecem apoio, networking e mentoria para mulheres que desejam entrar ou já estão no mercado, diz ela. 

“Também tive a sorte de encontrar homens incríveis que me mentoraram e ajudaram na minha trajetória. Se tem uma coisa que eu fico feliz é de sempre ter sido muito respeitada entre todos os homens que participam do cenário de transformação da Web3”, afirma. 

Hoje, como fundadora da Emana, Caroline diz que coordenar um time com 8 desenvolvedores focados em desenvolvimento de soluções blockchain é uma grande realização.

“Estou orgulhosa do trabalho que realizamos juntos e do impacto positivo que estamos causando no mercado. Minha meta agora é contratar mulheres que desenvolvem em blockchain para compor o meu time de desenvolvimento”, finaliza.

Amanda Marques (Lumx Studios)

Amanda é diretora de Marketing na Lumx Studios e fundadora da Cora, uma comunidade voltada para a capacitação de mulheres neste mercado.

“Eu costumo dizer que a Web3 representa uma oportunidade única para moldarmos uma cultura que valorize a diversidade e a igualdade de oportunidades desde o início, uma vez que tudo ainda é muito novo. Inegavelmente, a cultura corporativa atual é dominada por homens em cargos de liderança, o que frequentemente resulta em decisões e progresso financeiro mais fluidos para eles, em detrimento das mulheres”, comenta.

As mulheres, por sua vez, enfrentam frequentemente responsabilidades adicionais, muitas vezes invisíveis, que vão além de suas funções e atribuições corporativas, conforme diz Amanda.

Ela ainda coloca que, embora ainda haja um longo caminho a percorrer, muitas mulheres se tornaram inspiração e, hoje, empoderam tantas outras, abrindo cada vez mais espaço para elas.

“Como Diretora de Marketing em uma empresa de tecnologia – Lumx Studios – e fundadora de uma comunidade voltada para a capacitação de mulheres neste mercado – Cora -, sinto-me responsável por desempenhar um papel mais abrangente do que minhas responsabilidades diárias. A todas as mulheres que, de alguma forma, conquistaram espaço e alcance em meio a tantas adversidades, é preciso ainda uma dose de energia extra para abrir oportunidades e inspirar tantas outras que desejam e podem ser protagonistas”, diz.

“Quanto mais mulheres criando suas histórias, prosperando financeiramente e tendo voz ativa para superar barreiras estruturais, mais diverso será o nosso futuro”, finaliza.

Rafaela Romano (Impacta Finance)

Rafaela Romano é mestre em Antropologia e trabalha há sete anos no setor cripto. Ela é fundadora da Impacta Finance.

Quando iniciou na indústria, a diferença entre a presença de homens e mulheres no setor foi uma grande surpresa para ela. Já em 2018, Rafaela organizou workshops e eventos exclusivos para mulheres.

“Com muita alegria, vejo hoje algumas dessas mulheres à frente do setor. Hoje, sei que quem inventou o termo ”Cypherpunk”, o qual é o movimento fundador das criptomoedas, foi uma mulher. Sei que a CTO da empresa por trás do ChatGPT, é uma mulher”, diz.

“É muito feliz pra mim, ser founder da Impacta, uma empresa da web3, que lida no dia a dia com as maiores inovações do setor e ver tantas mulheres tomando esse lugar e estar à frente desse movimento, junto de tantas outras. Meu conselho sempre foi o mesmo: mulheres, não tenham medo das criptomoedas (ou de qualquer outra tecnologia disruptiva), caso contrário, as melhores oportunidades continuarão com os homens”, finaliza.

Repórter do Crypto Times
Jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Repórter do Crypto Times, e autor do livro "2020: O Ano que Não Aconteceu". Escreve sobre criptoativos, tokenização, Web3 e blockchain, além de matérias na editoria de tecnologia, como inteligência artificial, Real Digital e temas semelhantes. Já cobriu eventos como Consensus, LabitConf, Criptorama e Satsconference.
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Jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Repórter do Crypto Times, e autor do livro "2020: O Ano que Não Aconteceu". Escreve sobre criptoativos, tokenização, Web3 e blockchain, além de matérias na editoria de tecnologia, como inteligência artificial, Real Digital e temas semelhantes. Já cobriu eventos como Consensus, LabitConf, Criptorama e Satsconference.
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