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Dividendos da Petrobras valem o risco de se investir na estatal?

03 dez 2021, 13:27 - atualizado em 03 dez 2021, 13:29
Jair Bolsonaro
Corretora colocou um preço-alvo de R$ 37 para os papéis da estatal. (Imagem: Reuters/Amanda Perobelli)

A Nu invest, divisão do Nubank, emitiu um relatório recomendando a compra das ações da Petrobras (PETR4), após o recente anúncio de dividendos, apesar de a estatal ser alvo de pressões políticas por conta de sua política de preços.

Segundo a corretora, a companhia é negociada com um “valuation atrativo” (2,3 vezes EV/Ebitda projetado para 2022). O preço-alvo da Nu invest para a empresa foi estabelecido em R$ 37, ante os atuais R$ 28.

A Petrobras é bem avaliada porque o analista Murilo Breder, que assina o relatório da corretora, vê uma trava na possibilidade de inferência política: a Lei das SA.

Sancionada em 2016, a medida colocou uma etapa de burocracia adicional, dificultando a interferência nas companhias estatais.

“Seja quem estiver no comando da petroleira, se tentar vender o combustível abaixo do preço de mercado estará passível de receber processo dos investidores internacionais e do Tribunal de Contas da União (TCU)”, diz.

Segundo a divisão do Nubank, eventual intervenção estaria lesando a companhia e a própria União, uma dos maiores acionistas da Petrobras. “Hoje, tal medida [de interferência] sequer seria aprovada pelo conselho”, comenta trecho do relatório.

O analista da corretora reconhece que existe a possibilidade de desconstruir os avanços obtidos nos últimos anos, apesar de considerar difícil que isso aconteceria.

A opinião da Nu investe não é consenso entre analistas. O BTG Pactual, por exemplo, comentou em relatório recente que teme mudança na relação entre dividendos e investimentos por conta de mudanças políticas. O banco tem recomendação “neutra” para os papéis da estatal.

Petrobras troca de CEO, nada acontece

Para o Nu investe, a Lei das SA já foi testada quando o então CEO Pedro Parente saiu, e a Petrobras desabou com o mercado achando que teria interferência. Depois, quando Castello Branco foi demitido, Petrobras desabou novamente com o pessoal voltando a temer interferência.

Em ambos os casos, não houve mudanças na política de preços, lembra a Nu invest.

Para a corretora, o general Joaquim Silva e Luna, atual presidente da companhia, assumiu com um discurso “bem mais pró mercado que o esperado, o que foi ofuscado pela pressão nos preços do petróleo advindas da segunda onda da pandemia na Índia, na mesma época”.

“Silva e Luna mostrou uma postura conciliatória, mantendo um compromisso com a paridade de preços e a continuidade dos desinvestimentos de ativos não estratégicos”, diz o analista da Nu invest.

Dividendos

A Petrobras voltou aos holofotes por conta do anúncio do novo plano estratégico da companhia, que incluiu uma política de remuneração aos acionistas que prevê um pagamento mínimo de dividendos anual e a distribuição dos proventos trimestralmente.

Serão distribuídos no mínimo US$ 4 bilhões de dólares anualmente, caso o Brent esteja acima de 40 dólares o barril.

Mesmo com os desinvestimentos entre US$ 15 e US$ 25 bilhões previstos para os próximos anos, a Petrobras estima um aumento gradual na sua produção nos próximos anos, saindo de 2,1 milhões de barris de óleo dia para 2,6 em 2026.

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Editor
Jornalista formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), com MBA em finanças pela Estácio. Colaborou com Gazeta do Povo, Estadão, entre outros.
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