Setor imobiliário lidera pagamentos de dividendos antes da nova tributação; veja datas e valores
O setor imobiliário encerra 2025 como um dos maiores pagadores de proventos da bolsa, impulsionado pela corrida das empresas para antecipar distribuições antes da entrada em vigor da nova tributação, prevista para 2026, segundo relatório do BTG Pactual.
No fim de novembro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sancionou a lei 15.270, que acaba com a isenção de imposto sobre dividendos e estabelece uma alíquota de 10% a partir de janeiro para quem recebe acima de R$ 50 mil por mês.
Com isso, companhias têm até o fim deste ano para anunciar rendimentos livres de taxação, em um movimento que ganhou força nas últimas semanas.
Para se ter uma ideia, o dividend yield médio (indicador que mede o retorno em proventos em relação ao preço atual da ação) das empresas do setor de construção cobertas pelo banco superou os 10% em dezembro, patamar superior ao observado em outros segmentos da B3.
Entre as construtoras residenciais, o maior yield foi registrado pela Even (EVEN3), justamente com 10%, seguida por Direcional (DIRR3) e Lavvi (LAVV3), ambas com cerca de 9%.
Cury (CURY3), Melnick (MELK3) e Cyrela (CYRE3) também anunciaram dividendos relevantes, com yields entre 7% e 8%, enquanto Trisul (TRIS3) ficou na mesma faixa.
Todas essas companhias anunciaram dividendos no quarto trimestre de 2025 (4T25) e, segundo o BTG, devem concluir os pagamentos ainda antes do encerramento do ano.
No segmento de shoppings e propriedades, os destaques ficaram por conta da HBR (HBRE3), com yield elevado de 28% — embora o pagamento esteja diluído até 2028 —, da LOG CP (LOGG3), com 13% em dezembro, e da SYN (SYNE3), com 8%.
Capitalização de reservas ganha espaço
Outra prática recorrente entre as empresas do setor, diante da mudança tributária, foi a capitalização de reservas de lucros, com a distribuição de ações.
Embora essa estratégia não gere impacto imediato em caixa para o acionista, o BTG destaca dois efeitos positivos relevantes:
- O primeiro é a criação de espaço para futuras reduções de capital;
- O segundo é ações a um “preço médio” mais elevado, reduzindo o potencial imposto sobre ganhos de capital em eventuais vendas no futuro.
Proventos elevados não são novidade
Apesar do pico observado agora em dezembro, o BTG ressalta que o setor imobiliário vem se destacando como grande pagador de rendimentos há algum tempo.
O bom desempenho operacional e os baixos níveis de alavancagem das companhias ajudaram a sustentar distribuições robustas ao longo de 2025.
Neste ano, 11 empresas registraram dividend yield de dois dígitos, totalizando um repasse de mais de R$ 8 bilhões. Houve casos de reduções de capital expressivas, como na SYN e na Melnick, com yields de 47% e 36%, respectivamente.
Entre as construtoras de imóveis populares, Direcional (18%), Cury (15%) e Plano&Plano (11%) chamaram a atenção, enquanto no segmento de médio e alto padrão se destacaram Lavvi e Mitre (ambas com 15%), além Even (10%), Cyrela (11%) e Trisul (12%).
Veja o resumo dos dividendos anunciados e as datas, segundo o BTG:
| Empresa | Data do Anúncio | Data Ex-Dividend | Status | Dividend Yield (%) | Total Dividendos 2025 (R$ mi) | Total Yield (%) |
|---|---|---|---|---|---|---|
| HBR* | 9/dez | TBD* | Não pago | 28%* | 0 | 0% |
| LOG | 15/dez | 19/dez | Não pago | 13% | 346 | 16% |
| Even | 10/nov | 18/nov | Pago | 10% | 150 | 10% |
| Direcional | 10/dez | 17/dez | Não pago | 9% | 1.371 | 18% |
| Lavvi** | 19/nov | 26/nov | Pago | 9% | 403 | 15% |
| Cury** | 11/dez | 23/dez | Não pago | 8% | 1.352 | 15% |
| Melnick | 1/dez | 17/dez | Não pago | 8% | 265 | 36% |
| SYN | 9/dez | 13/dez | Não pago | 8% | 464 | 47% |
| Cyrela | 4/dez | 10-/dez | Pago | 7% | 1.392 | 11% |
| Trisul | 13/nov | 19/nov | Pago | 7% | 154 | 12% |
| Eztec | 13/nov | 19/nov | Não pago | 5% | 339 | 9% |
| Moura Dubeux | 12/nov | 17/nov | Pago | 2% | 101 | 5% |
| Allos | 12/nov | 19/nov | Pago | 1% | 647 | 5% |
Fonte: Empresas, BTG Pactual |*Sujeito à aprovação em Assembleia Geral; pagamentos a serem feitos em duas parcelas (R$ 90 milhões em 2026 e R$ 30 milhões até 2028) | **Duas parcelas anunciadas; a data ex-dividendo reflete a mais recente