Economia

É guerra: Lula e equipe econômica recebem mal decisão do Banco Central sobre Selic

22 jun 2023, 10:37 - atualizado em 22 jun 2023, 11:02
Lula, Campos Neto, Banco Central
Lula diz que Campos Neto está “jogando contra” o Brasil; Banco Central manteve Selic em 13,75%. (Montagem: Money Times)

Se o clima entre o governo e o Banco Central não estava lá essas coisas, agora o cenário deve ficar pior. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a equipe econômica não gostaram da decisão da autoridade monetária de manter a Selic no patamar de 13,75% e ainda reforçar que manterá a taxa de juros alta até conseguir reduzir a inflação.

A expectativa era de que o comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) sinalizasse o início do ciclo de afrouxamento a partir de agosto. O mercado já falava em um corte de 0,25 ponto percentual e até chegou a reduzir as projeções de Selic para o final de 2023, de 12,50% para 12,25%.

No entanto, o texto foi mais duro do que o esperado. “O Comitê avalia que a conjuntura demanda paciência e serenidade na condução da política monetária e relembra que os passos futuros dependerão da evolução da dinâmica inflacionária”, diz.

Lula, que está em viagem pela Europa, disse que Roberto Campos Neto joga contra o Brasil.

“Eu acho que esse cidadão joga contra a economia brasileira. Não existe explicação aceitável para que a taxa de juros esteja em 13,75%. Não temos inflação de demanda no Brasil”, disse em uma coletiva realizada na manhã desta quinta-feira (22).

O presidente ainda afirmou que está cobrando os senadores, uma vez que a Lei de Autonomia estabelece que o presidente do Banco Central e seus diretores sejam aprovados pelo Senado. Além disso, é a Casa quem deve analisar se Campos Neto está cumprindo as suas funções.

“É irracional o que está acontecendo no Brasil. Você tem uma taxa de juros de 13,75% com inflação de 5%, ou seja, cada vez que reduz meio ponto a inflação, aumenta o juro real no país. Não é possível ninguém tomar dinheiro emprestado para pagar 14% ao ano, às vezes 18% ao ano”, afirma.

Vale lembrar que desde que assumiu o mandato, Lula vem criticando a política monetária, a autonomia do Banco Central e a atuação de Campos Neto, chegando inclusive a questionar a lealdade do mesmo.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ainda não comentou a decisão da autoridade monetária, mas as informações são de que a equipe econômica não gostou da parte do comunicado do Copom onde diz que ainda existe “alguma incerteza residual sobre o desenho final do arcabouço fiscal”.

O texto já tinha passado pelo Câmara dos Deputados e foi aprovado ontem no Senado, algumas horas depois do anúncio da manutenção da Selic. A expectativa agora fica com a ata que será divulgada na terça-feira (27), onde o Banco Central pode ajustar o tom.

Selic em 13,75%; Reações do mercado

O governo também vem ganhando aliados na sua guerra contra a Selic. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) destacou, em nota, que manutenção da taxa básica de juros está acima do necessário para o combate à inflação e, no momento, apenas impõe riscos adicionais para atividade econômica.

“Esperamos que, com a continuidade do movimento de desaceleração da inflação, o Copom inicie já na próxima reunião o tão necessário processo de redução da Selic”, afirma o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade.

Já a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) afirma que “o remédio amargo, adotado em condições excepcionais para conter um movimento altista de preços, é um veneno para a atual realidade econômica”.

A Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) também questionou a manutenção da Selic em 13,75%.

“É preocupante constatar que o Brasil detém as maiores taxas de juros reais do mundo (quando descontada a inflação), com uma taxa de 9,4% ao ano, muito acima do segundo colocado, o México, que possui 6,6%. Esses números representam um obstáculo significativo para investimentos e têm um impacto prejudicial na geração de empregos, especialmente para a população de baixa renda”, destacou.

Editora-chefe
Formada em Jornalismo pela PUC-SP, tem especialização em Jornalismo Internacional. Atua como editora-chefe no Money Times e já trabalhou nas redações do InfoMoney, Você S/A, Você RH, Olhar Digital e Editora Trip.
Linkedin
Formada em Jornalismo pela PUC-SP, tem especialização em Jornalismo Internacional. Atua como editora-chefe no Money Times e já trabalhou nas redações do InfoMoney, Você S/A, Você RH, Olhar Digital e Editora Trip.
Linkedin
Giro da Semana

Receba as principais notícias e recomendações de investimento diretamente no seu e-mail. Tudo 100% gratuito. Inscreva-se no botão abaixo:

*Ao clicar no botão você autoriza o Money Times a utilizar os dados fornecidos para encaminhar conteúdos informativos e publicitários.