Internacional

Eleições primárias na Argentina vão ditar rumo dos mercados

07 ago 2019, 13:24 - atualizado em 07 ago 2019, 13:24
Caso Fernández vença por uma margem de 4 a 6 pontos percentuais, o banco central continuará com sua política atual: defender o peso com altas taxas de juros reais (Imagem: Bloomberg)

As eleições primárias programadas para este domingo na Argentina devem oferecer aos investidores uma oportunidade de enxergar a realidade nua e crua.

Embora essas eleições sejam apenas para escolher os candidatos presidenciais que representarão cada coalizão, também servirão como uma grande pesquisa de opinião antes da eleição presidencial em 27 de outubro.

Se o presidente argentino Mauricio Macri conseguir um bom resultado, os preços dos ativos podem subir. Mas, caso seu rival Alberto Fernández mostrar uma vantagem aparentemente inatingível, os mercados poderiam despencar. É tudo uma questão de margens.

“A opinião amplamente aceita é a de que os mercados vão tolerar uma desvantagem de 5% para o presidente Macri”, diante das expectativas de que a retomada do crescimento ajudaria o presidente a reverter a diferença, disse Siobhan Morden, chefe de estratégia de renda fixa para a América Latina na Amherst Pierpont Securities, em relatório aos clientes.

Estes são alguns dos possíveis cenários:

Diferença de 4 a 6 pontos: estabilidade

Caso Fernández vença por uma margem de 4 a 6 pontos percentuais, o banco central continuará com sua política atual: defender o peso com altas taxas de juros reais, enquanto tenta não sufocar a incipiente recuperação econômica.

“Os spreads dos títulos denominados em dólares voltarão a ser negociados entre 900-950 pontos-base”, em comparação com 886 atualmente, disse o economista-chefe da TPCG, Juan Manuel Pazos. “O peso argentino terá um desempenho alinhado com seus pares em mercados emergentes, e o banco central provavelmente poderá continuar vendendo futuros para manter o câmbio ancorado.”

Menos de 4 pontos: rali

Uma pequena diferença a favor de Fernández poderia desencadear forte especulação de que a retomada do crescimento econômico permitiria a Macri reverter a diferença.

“Considerando este ponto de partida, Macri adicionaria os 5-6 pontos de eleitores indecisos”, segundo Ezequiel Zambaglione, chefe de estratégia da Balanz Capital Valores, em Buenos Aires. “Se houver uma dinâmica positiva no mercado de câmbio e a confiança no governo aumentar”.

Zambaglione vê o risco-país em 800 pontos-base nesse cenário. Mas, se as eleições mostrarem um empate entre Macri e Fernández ou mesmo uma vitória de Macri, essa diferença pode cair para 700 pontos-base ou até mais.

O peso argentino inicialmente subiria cerca de 4% e, em seguida, se estabilizaria em termos nominais, enquanto continuaria a se fortalecer em termos reais, escreveram analistas do Citigroup, liderados por Fernando Díaz, em relatório a clientes.

Mais de 6 pontos: queda

“Uma diferença de mais de 6-7 pontos percentuais em relação a Fernández pode ser um obstáculo insuperável, especialmente em um ambiente político altamente dividido e polarizado”, disseram analistas do Goldman Sachs, liderados por Alberto Ramos, em relatório recente. “A provável reação negativa do mercado nesse cenário certamente complicaria a tarefa do presidente.”

A TPCG estima que, neste caso, o risco-país poderia passar de 1.500 pontos-base.

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