Coluna Robert Lawrence Kuhn

Especial China 2023 – Parte 5: Governo chinês que incentivar consumo doméstico

13 jan 2023, 10:00 - atualizado em 12 jan 2023, 8:08
Mercados Alimentos
Especial China 2023 trouxe uma série de cinco artigos do especialista Robert Lawrence Kuhn com ênfase na economia; neste último, destaque para o consumo interno (Imagem: REUTERS/Aly Song)

Neste início de 2023, o colunista do Money Times Robert Lawrence Kuhn dedicou uma série de cinco artigos com ênfase na economia da China. Neste quinto artigo, o especialista fala sobre as medidas de estímulo do governo ao consumo doméstico.

Antes de avançar para a última parte, vale uma retrospectiva da série especial até aqui. No primeiro, o especialista falou sobre a estratégia chinesa para aumentar o crescimento econômico em condições complexas. 

Na segunda parte, Robert Lawrence Kuhn falou sobre a estratégia da China em relação às políticas monetária e fiscal. Depois, ele falou sobre o incentivo aos negócios privados. No quarto artigo, foi a vez de tratar do setor imobiliário.

Confira o quinto e último artigo da série especial sobre a economia da China

A Conferência Central de Trabalho Econômico foi sincera em seu diagnóstico e autoritária em suas prescrições. O encontro de lideranças de alto nível, realizado em dezembro, ocorreu para definir as diretrizes políticas e considerar as perspectivas econômicas para 2023. 

Nela, foi definido que a recuperação e a expansão do consumo doméstico é prioridade. Porém, fazer isso acontecer, depois de quase três anos de bloqueios e incertezas por causa da pandemia, reconquistando a confiança do consumidor é essencial. 

Isso deve “começar com a melhoria das expectativas do público [psicológico] e aumentar a confiança”. Além disso, deve incluir “coordenar melhor a prevenção e controle de epidemias com o desenvolvimento social”. Portanto, o objetivo é “otimizar a resposta epidêmica com base no tempo e na situação e foco nos idosos e naqueles com doenças subjacentes”.

Os estímulos ao consumo

Ninguém subestima o desafio. Embora em resposta à pandemia, a China não tenha fornecido doações em dinheiro para as famílias, assim como os Estados Unidos e outros países desenvolvidos, o plano para 2023 é aumentar a renda pessoal urbana e rural através de múltiplos mecanismos. 

Vários governos locais, como o distrito de Gaoxin em Chengdu, província de Sichuan e áreas de Guangdong, Hainan, Jiangsu e Xinjiang tentaram vales-compras para reviver o consumo – para comida, casa, eletrodomésticos, carros e até viagens. Porém, parece não haver disposição para o lançamento nacional desses vales. 

Já o estímulo direcionado aos programas de consumo nacional serão direcionados, como para veículos de nova energia. Em apoio, economistas apontam que o vale-consumo não é projetado para a recuperação do consumo sustentável, porque a real restrição é a renda familiar. 

Assim, um meio mais eficaz de encorajar as pessoas a gastar dinheiro enquanto o país reabre, dizem eles, é garantir a população tenha empregos estáveis e renda suficiente por meio de medidas de apoio do lado da oferta, que devem impulsionar os gastos ao consumidor em segundo ordem, como um efeito derivativo. Contudo, o sucesso vai depender de quão rápido o setor privado responde.

Assim, é preciso levar em conta alguns indicadores-chave para acompanhar a melhoria da economia da China e dos meios de subsistência do povo chinês. O primeiro, obviamente, são as  vendas no varejo. Também têm os trabalhadores migrantes retornando às áreas urbanas e industriais, além da taxa de desemprego urbano, que ao cair gera um aumento líquido do emprego nas cidades.

Porém, existe um curinga para a economia da China: a covid-19 com suas variantes mais infecciosas (embora esperançosamente menos letais) estão passando por um crescimento explosivo e exponencial, neste momento, enquanto escrevo. (O termo “exponencial” é geralmente mal aplicado na imprensa internacional para significar apenas crescimento “rápido”. Porém, aqui, agora, o crescimento é verdadeiramente exponencial – embora possa ser só por um curto período, enquanto o potencial “disruptivo” do coronavírus ainda não é conhecido.)

Seja como for, há poucas coisas mais vitais para a economia global do que a economia da China, que está ancorada, agora mais do que nunca, no consumo interno.

*Robert Lawrence Kuhn é um renomado especialista em China, especialista internacional e estrategista corporativo, sendo consultor para líderes e corporações multinacionais na China. Ele recebeu a Medalha da Amizade da Reforma da China do presidente Xi Jinping. É autor do livro “Como os Líderes Chineses Pensam”, publicado no Brasil pela Autonomia Literária.

Renomado especialista em China, estrategista corporativo internacional e banqueiro de investimentos que assessora corporações multinacionais sobre estratégias e negócios na China. Foi premiado com a “Medalha da Amizade da Reforma da China” do Presidente Xi Jinping, sendo um dos apenas dez estrangeiros homenageados por suas contribuições ao longo de 40 anos da Chin. Autor do livro “Como os Líderes Chineses Pensam”, publicado no Brasil pela Autonomia Literária.
Renomado especialista em China, estrategista corporativo internacional e banqueiro de investimentos que assessora corporações multinacionais sobre estratégias e negócios na China. Foi premiado com a “Medalha da Amizade da Reforma da China” do Presidente Xi Jinping, sendo um dos apenas dez estrangeiros homenageados por suas contribuições ao longo de 40 anos da Chin. Autor do livro “Como os Líderes Chineses Pensam”, publicado no Brasil pela Autonomia Literária.
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